Chuvas do El Niño podem elevar preço do mel

Chuvas do El Niño podem elevar preço do mel

Após safra de verão prejudicada e com baixos estoques, apicultores apostam fichas na colheita melífera dos eucaliptos em abril e maio

Itamar Pelizzaro

Excesso de chuva matou muitos insetos polinizadores no Estado

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Os reflexos do excesso de chuva vivenciado desde a primavera passada continuam prejudicando a produção gaúcha de alimentos. Agora, começam a aparecer os impactos gerados na produção de mel, o que poderá provocar aumento nos preços ao consumidor.

O tema foi alvo da Câmara Setorial da Apicultura, da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), realizada nesta semana, em Porto Alegre. Conforme o coordenador da câmara setorial e vice-presidente da Federação Apícola do Rio Grande do Sul (Fargs), Patric Luderitz, a atual safra de mel preocupa por razões climáticas, pois os estoques estão baixos.

“Com o excesso de chuva, as abelhas decaíram muito, enxames morreram e a safra de primavera e de verão foram prejudicadas”, conta Luderitz.

Segundo ele, não houve colheita de verão em algumas regiões e a expectativa é de que outras regiões produzam antes do inverno. “É nossa esperança ter produção em florestas de eucalipto em abril e maio", projeta.

Atualmente, de acordo com ele, os preços oscilam entre R$ 30 e R$ 40 o quilo nos supermercados.

"Pode ser que haja alta de preços se faltar mel”, alerta.

A câmara setorial também se debruçou sobre a falta de regulamentação da Lei 15.181, já aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo Executivo. A matéria, publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) de 10 de maio de 2018, dispõe sobre a Política Estadual para o Desenvolvimento e Expansão da Apicultura e Meliponicultura e institui o Programa Estadual de Incentivo à Apicultura e Meliponicultura (Proamel). Conforme Luderitz, um grupo de trabalho estruturou uma proposta de regulamentação e apresentou seu relatório, que foi enviado ao governo estadual para subsidiar a demanda.

Meliponicultura ganha importância

Os produtores de mel também celebraram a decisão de incluir a meliponicultura e suas entidades representativas na câmara setorial, o que ainda depende de formalização legal. “São os maiores geradores de renda, hoje, no setor de criação de abelhas no Rio Grande do Sul”, diz Luderitz, sobre os meliponicultores, que cultivam as chamadas abelhas sem ferrão. “Temos 24 espécies endêmicas (restritas a determinada região), 19 delas de interesse comercial, para venda de enxames ou valiosos meis”, detalha. Luderitz explica que cada floração gera um mel diferente e que os meliponicultores são vitais na manutenção das espécies. “Muitas abelhas só não foram extintas porque estão na mão de criadores trabalhando, dividindo colmeias e aumentando os enxames”, destaca.

Produtores preparam congresso

O setor também está empenhado na realização do 4º Congresso Sul Brasileiro de Apicultura e Meliponicultura (Cosbrapim), que ocorrerá em 19 e 20 de julho, na Universidade de Caxias do Sul (UCS). O encontro reunirá produtores dos três estados do Sul do Brasil (RS, Santa Catarina e Paraná) e de países do Mercosul. “Vai ser uma grande feira da apicultura e da meliponicultura, com venda de mel, de produtos e equipamentos, oficinas de divisão de colmeias, comercialização, associativismo e cooperativismo, que promete bastante força para o setor”, acredita Luderitz, que coordena o evento.


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