Frutas têm alta de até 60% em um ano

Frutas têm alta de até 60% em um ano

Levantamento junto à Ceasa/RS aponta reajuste nas variedades mais consumidas

Poti Silveira Campos

Banana, a fruta mais consumida no Brasil, acumula alta de 43,48% na cotação da Ceasa/RS, na variedade caturra

publicidade

Mesmo com El Niño entrando em um período de neutralidade a partir do mês de abril, de acordo com previsões do Instituto Nacional de Meteorologia, as adversidades provocadas pelo fenômeno ainda empurram para cima os preços das frutas no Estado e no país. As cinco frutas mais consumidas no Brasil – banana, laranja, melancia, maçã e mamão – sofreram elevação de até 60% na cotação das Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa/RS) nos últimos doze meses, ainda que algumas variedades tenham registrado queda.

Veja Também

A majoração mais expressiva atingiu a maçã gala, que passou de R$ 5,55 o quilo, em abril de 2023, para R$ 8,89 em abril de 2024, um aumento de 60,18%, considerando cotação da Ceasa/RS do dia 18 de abril. Em contrapartida, a variedade fuji baixou 5,05% no mesmo período. Custava igualmente R$ 5,55 em abril de 2023, sendo agora comercializada na Ceasa/RS por R$ 5,27. O mamão papaya, produzido no Espírito Santo, é vendido atualmente nas Centrais por R$ 16,75 o quilo, configurando a segunda maior alta, de 52,27%, ante o preço de R$ 11 em abril de 2023. Em compensação, a variedade formosa ficou com a diminuição mais importante no grupo de cinco frutas. No início do período comparativo, o quilo estava cotado a R$ 9,24, contra R$ 6,13 agora, redução de 33,66%.

Na banana, a fruta que lidera a preferência nacional, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o acréscimo atinge 43,48% na caturra. A pomácea era vendida por R$ 2,76 o quilo, em abril do ano passado. Hoje, é oferecida por R$ 3,96. A banana prata, produzida principalmente em São Paulo e Minas Gerais, acumula reajuste 33,9% no índice oficial da inflação do país, o IPCA. A laranja, a segunda fruta no ranking de consumo, foi subiu 36,38% na variedade umbigo, passando de R$ 4,48 para R$ 6,11 o quilo. O terceiro lugar, ocupado pela melancia, ficou com a menor alta, de 7,04%. O quilo custava R$ 2,13. Agora, está cotado em R$ 2,28.

“Tivemos altas bem consideráveis no período”, avalia Léo Omar Duarte Marques, engenheiro agrônomo da Ceasa/RS

Marques salienta que, de uma maneira geral, os produtos da fruticultura sofreram reajustes em todo o país. A banana prata, exemplifica, “teve quebra em São Paulo e Minas Gerais em razão do calor excessivo”. A caturra, por sua vez, produzida no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, sofreu com o excesso de chuvas e os ventos fortes, resultando em abortamentos e em doenças como a sigatoka, que atinge as duas variedades. “As altas, portanto, são muito em função do El Niño”, salienta. A umidade comprometeu igualmente a safra de maçã gala, “que está com um estoque muito baixo nas câmaras frias”. De acordo com Marques, houve considerável ocorrência de uma doença chamada de mancha da gala, ou glomerella. A variedade enfrentou ainda pouco acúmulo de frio. “A gala precisa ter um tempo de repouso hibernal”, explica, lembrando que a safra da fuji, por ser mais precoce, foi menos afetada pelo clima.

Preço do morango é afetado por eventos

Uma variação de preço não considerada uma consequência do fenômeno climático ocorre com o morango, que passou de R$ 20,24 o quilo, em abril de 2023, para R$ 24,25, acumulando alta de 19,81%. Marques explica que as alterações da cotação do morango ocorrem mais em razão de eventos, ainda que tenha sido “um pouco prejudicada” no Estado pelas intempéries provocados por El Niño.

“É uma fruta que tem uma demanda muito boa, sendo produzida em ambiente protegido. A oferta é regular na Ceasa, mas os preços oscilam bastante conforme os eventos. Na Páscoa, por exemplo, é muito procurada para trufas e doces. Depois, dá uma baixada. Quando vem o Dia dos Namorados, o preço volta a subir”, relata o engenheiro agrônomo.

| Foto: Ceasa-RS / CP

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895