Fogo e tragédia na noite da Capital

Fogo e tragédia na noite da Capital

Num primeiro momento, é hora de confortar as famílias e salvar as vidas ameaçadas até que todas as vítimas estejam restabelecidas. Depois, há que se realizar todos os procedimentos necessários para aferir responsabilidades.

Correio do Povo

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O incêndio em uma pousada na avenida Farrapos, bairro Floresta, em Porto Alegre, por seu saldo trágico que aponta ao menos dez mortes e 15 feridos, já entrou para a história da cidade como um dos seus acontecimentos mais trágicos, ceifando vidas e expondo, segundo relato de conhecedores do local, as péssimas condições de moradia e o abandono do imóvel, que não tinha PPCI e trabalhava com um alvará de autodeclaração. Sem dúvida, esse sinistro vem abalar as famílias, os amigos, a cidade, o Estado e o país, com repercussão internacional. Depois do caso da Boate Kiss, esperava-se que esse tipo de episódio nunca mais se repetisse. Infelizmente, devido a todo um contexto de causas que precisa ser mais bem esclarecido, não se conseguiu garantir que houvessem sido tomadas todas as medidas preventivas.

O espaço da pousada Garoa era usado primordialmente para abrigar moradores de rua, num convênio mantido entre a prefeitura de Porto Alegre e uma empresa que atua nesse ramo de acolhimento mediante repasse de valores. Aliás, tal contrato agora deverá ser alvo de melhor investigação para que se aclare quais eram as contrapartidas entre os polos envolvidos, no caso, os prestadores de serviço e o poder público. Isso implica esclarecer as condições contratuais no tocante à manutenção do prédio, que, conforme declarações de algumas pessoas, constituía-se num abrigo inseguro, de pouca higiene e escasso asseio.

Agora, num primeiro momento, é hora de confortar as famílias e salvar as vidas ameaçadas até que todas as vítimas estejam restabelecidas. Posteriormente, há que se realizar todos os procedimentos necessários para aferir as responsabilidades, inclusive revendo pontos falhos da legislação. É preciso que, de uma vez por todas, sejam efetivadas as iniciativas para prevenir novos sinistros. Depois da Boate Kiss, acreditava-se piamente que a dor das perdas serviria para uma nova legislação e mentalidade preventivas. Não foi o que ocorreu. Será que agora se fará o certo definitivamente?


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895