Tragédias com roteiro conhecido

Tragédias com roteiro conhecido

Nestas ocorrências todas, fica evidente que as tragédias estão sendo anunciadas, mas não prevenidas da maneira adequada. Há muitos pontos que devem ser objetos da ação das autoridades e dos órgãos públicos.

Correio do Povo

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Esta quarta-feira foi muito difícil para os moradores da Capital e do restante do Estado naquelas regiões que foram afetadas pelas fortes chuvas e que tiveram seu cotidiano profundamente alterado, com perdas materiais, atrasos, deslocamentos contingenciados, trânsito caótico, inundações nas residências, comunicações precárias, falta de itens essenciais, como água e energia elétrica, e até mesmo óbitos. Infelizmente, trata-se de uma outra data que não será esquecida, como foi o 29.1.2016, quando tivemos cheias e estragos diversos, como a queda da rede elétrica e a obstrução de vias públicas por objetos oriundos das cheias e árvores caídas.
Alguns dados disponíveis indicam que cerca de quatro milhões de usuários ficaram sem luz no Estado e mais de um milhão sem água apenas em Porto Alegre. Não raro, a falta de energia elétrica leva a que também falte água nas comunidades por conta da impossibilidade de realizar os serviços de provimento. Além das casas danificadas, houve ainda as perdas de bens perecíveis, pois a falta de conservação os inutiliza para o consumo humano, onerando ainda mais as famílias atingidas.
Nestas ocorrências todas, fica evidente que as tragédias estão sendo anunciadas, mas não prevenidas da maneira adequada. Há muitos pontos que devem ser tratados, como o caso das bombas, que não podem ficar paralisadas a cada vez que ocorre interrupção do fornecimento de energia, devendo se estudar outros meios e fontes para que elas funcionem a contento. Igualmente é necessário uma análise mais célere dos casos de árvores que representem perigo para o seu entorno. Sem esquecer ainda que cada cidadão e cidadã pode fazer a sua parte no sentido de colaborar para que as vias públicas de suas cidades permaneçam limpas e livres de resíduos que podem obstruir as bocas de lobo.
Estamos vivendo uma nova era, na qual a natureza está reagindo aos muitos malfeitos desferidos contra ela. O ano de 2023 foi o mais quente da história. Precisamos nos preparar para o que vem pela frente, bem como para mitigar as consequências das ações humanas no meio ambiente.


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