A batalha global é elétrica

A batalha global é elétrica

Estados Unidos responde à China numa corrida industrial que deve movimentar trilhões nos próximos anos de eletrificação mundial

Renato Rossi

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A grande surpresa no mundo do automóvel é a rápida transição da indústria automobilística norte-americana – que em 100 anos de história consumiu só o combustível fóssil. O efeito colateral da “dependência do petróleo” não é agradável: os Estados Unidos continuam como os líderes em poluição veicular em todo o mundo. 

São seguidos de perto pela China. Que, em pouco mais de 30 anos, forjou poderio industrial a combustão e poluente. A batalha tecnológica entre as duas principais economias passa pelo carro elétrico que sintetiza a ambição em serem “neutras em carbono” até 2050.

A disputa tecnológica e econômica entre as duas potências é evidente. A cada “mega fábrica” de carros elétricos na China, corresponde uma outra indústrias de porte em território norte-americano. Se Elon Musk com fartos subsídios do governo chinês construiu uma mega fabrica da Tesla, em Xangai, a Ford Motor Company comunicou nesta semana que constrói uma nova usina de veículos e baterias chamada de “Blue Oval”, no estado do Tennessee. 

É o resultado de investimentos de 5,6 bilhões de dólares. A partir disso, a “Blue Oval” vai ter capacidade de produção de 500 mil unidades anualmente. O primeiro produto da nova fábrica estará no mercado norte-americano, inicialmente, em 2025. Trata-se de picape elétrica, com grande autonomia e versatilidade, oriunda do Projeto T3. Na quarta-feira, o presidente do Conselho da Ford, Bill Ford afirmou que “a fábrica ‘Blue Oval’ é um exemplo para o futuro elétrico da Ford em todo o planeta. “Vamos produzir veículos elétricos revolucionários em uma unidade industrial avançada que trabalha em harmonia com a Terra e combina o crescimento na oferta de veículos, inovação nos negócios; com preservação ambiental que para nós é um princípio ‘sagrado’”, discorreu. 

A fábrica “Blue Oval” aproveita os incentivos fiscais do governo do presidente Joe Biden, que disponibiliza 370 bilhões de dólares para criar nos Estados Unidos um ambiente totalmente favorável à eletrificação da frota de veículos, tanto individual quanto coletiva. Mas também no estímulo a todos os segmentos que participam da eletrificação. Além da Ford, a General Motors pretende lançar 25 modelos elétricos ate 2026. A eletrificação dos EUA, ainda a maior potência, prenuncia que o mundo será elétrico em breve. 

FERA ITALIANA

Revuelto, o Lamborghini da transição

No Brasil o superesportivo Lamborghini pode ser definido na música de Zeca Pagodinho, Caviar. “Você sabe o que é caviar. Nunca vi nem comi. Eu só ouço falar”. A sabedoria popular leva alguma mágoa porque “caviar é comida de rico”. Curioso fico. Só sei que se come na mesa de poucos. São pouquíssimos, por sinal.

Em 2022, somente sete Lamborghini foram emplacados no Brasil. Mesmo o nome sacode o imaginário coletivo. E a passagem rara de um “Lambo” provoca torcicolo. Não é somente o preço o impeditivo a ter mais Lamborghini nas ruas. As condições de uso em buracos, lombadas, asfalto em péssima conservação e até a violência urbana são fatores que impedem o finíssimo Lamborghini de frequentar os “maus caminhos”. 

No mundo foram vendidos 9.233 Lamborghini em 2022. O numero minúsculo define a exclusividade da marca. A Ferrari vendeu 13.221 unidades. Nesta semana, foi lançado na Europa o Lamborghini Revuelto. Um supercarro que flerta com a eletricidade mas não quer “casar”. Ainda falta coragem para as super marcas destinarem seus supercarros exclusivamente ao “silvo” da eletricidade. Ainda é necessário atiçar a adrenalina com o “ronco” de leão que parte de um grande motor V12 a gasolina que, no Revuelto, trabalha em conjunto com três motores elétricos gerando potência de 1015 hps.

O chassis é todo em fibra de carbono, com reforços estruturais, devido às forças gravitacionais liberadas pelo Revuelto que faz de 0 a 100 km/h em 2,5 segundos e chega à velocidade máxima de 350 km/h. Há uma enorme lista de equipamentos gerenciados pela inteligência artificial que visam controlar o “voo terrestre” desta novíssima besta italiana. 

O presidente da Lamborghini, o alemão Stephan Winkelman, na apresentação realizada na sede de Lamborghini em Sant’Agata Bolognese, destacou: “O novo Revuelto é um marco na história da Lamborghini e um importante pilar em nossa estratégia de eletrificação. Um carro único e inovador, ao mesmo tempo, fiel à nossa herança superesportiva. O Revuelto nasceu para quebrar o ‘molde’ dos superesportivos ao combinar um novo V12 à combustão com a tecnologia híbrida. Há no Revuelto um perfeito equilíbrio para nossos clientes, que tem a intensidade emocional com a necessidade de reduzir emissões de praticar o uso consciente do automóvel. Mesmo que este carro seja um Lamborghini. 


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