A melhor escalação ou a melhor estratégia?

A melhor escalação ou a melhor estratégia?

Para o jogo da volta no Morumbi evidente que o São Paulo vai partir para o ataque e cabe agora a Renato montar a sua estratégia defensiva e surpreender o adversário na transição ofensiva

Nando Gross

Atualmente o São Paulo de Fernando Diniz está melhor que o Grêmio de Renato

publicidade

Mais uma vez a Copa do Brasil se apresenta ao alcance do Grêmio. Entendendo o mau momento da equipe e a superioridade do São Paulo, Renato Portaluppi vestiu o Tricolor com a roupa da humildade e tratou de anular as principais virtudes do time do Morumbi, organizando a equipe com a ideia de “chegar vivo” à decisão da semana que vem. A colocação de Thaciano aberto na direita gerou indignação de muitos torcedores, mas a ideia de Renato era primeiro não perder a partida e depois tentar ganhar o jogo. Evidente que aquele não é o estilo do Grêmio e nem a maneira de jogar com que a torcida se acostumou nos últimos anos, mas no futebol é preciso entender o contexto correto de quando o confronto acontece. Antes da disputa com o Santos, o time de Renato vinha dando show e o treinador mais uma vez anunciou que a sua equipe jogava o futebol mais bonito do Brasil, mas a eliminação para o Santos da forma como ela aconteceu abalou a confiança de todos. A realidade é que hoje o São Paulo de Fernando Diniz está melhor do que o Grêmio, mas este fato em jogos eliminatórios nem sempre é decisivo.

Renato jogou longe a sua afirmação de “futebol mais bonito do Brasil” e entendeu o melhor momento do adversário. Pensando nisso montou a sua estratégia. Evidente que quando se enfrenta uma equipe que é melhor e se faz um planejamento para anulá-la, para conseguir chegar à vitória, precisará de concentração total para marcar o gol quando a oportunidade aparecer. Foi o que aconteceu na Arena na última quarta-feira, Renato colocou Ferreira e Lucas Silva logo após o São Paulo desperdiçar a sua segunda chance clara de gol, e entendeu que era chegada a hora de também atacar. O resto vocês já sabem. Ferreira fez jogada individual na sua primeira bola e Diego Souza fez o gol da vitória. Para o jogo da volta no Morumbi, evidentemente que o São Paulo vai partir para o ataque e cabe agora a Renato montar a sua estratégia defensiva e surpreender o adversário na transição ofensiva.

O debate é se Ferreira deve começar jogando em São Paulo ou ficar guardado para a etapa final? É possível montar um bom sistema defensivo com o time tendo Matheus, Darlan e Jean Pyerre; Ferreira, Diego Souza e Pepê? Eu considero esta a escalação ideal, mas a questão é analisar se ela é a ideal para o momento. Talvez Renato comece mais uma vez com Thaciano e deixe Ferreira para mais tarde. Teria também a alternativa de sair do 4-2-3-1 e montar o 4-4-2 em losango, com Lucas Silva, Matheus Henrique, Darlan e Jean Pyerre; Pepê e Diego Souza. Usar a escalação ideal ou a estratégia para este jogo especificamente? É o que Renato vai decidir para a quarta-feira. Mais importante do que a escalação é mapear as virtudes do São Paulo e se valer das suas fragilidades. O futebol nos ensina que nenhum time consegue êxito apenas se defendendo, é preciso reagir, por isso a definição de um modelo chamado de “futebol reativo”, o que chamamos de jogar no contra-ataque. A transição precisa estar bem treinada para criar as situações de gol e atuar de forma “cirúrgica”, ou seja, quando tiver a chance precisa fazer o gol. Diante das duas últimas eliminações na Libertadores, para Flamengo e Santos, há uma enorme expectativa para esse confronto no Morumbi, e Renato terá de preparar seus jogadores para esta pressão emocional que cerca a decisão da semana que vem.

Primeira missão oficial

O presidente Marcelo Medeiros convidou o futuro mandatário, Alessandro Barcellos, para integrar a delegação colorada para o jogo contra o Bahia, neste domingo, pela 27ª rodada do Brasileirão. Será o último jogo da gestão Medeiros, e a missão de Barcellos é tentar que Abel Braga fique até o final do Brasileirão. Miguel Ángel Ramírez será o técnico para 2021 e a nova diretoria acredita na possibilidade de que haja um período de transição no cargo. A questão é que Abel já decidiu que não quer esta situação e não irá permanecer. Portanto, será a primeira missão oficial do novo presidente, fazer com que Abel mude de ideia e cumpra o seu contrato até o final.

Seleção Gre-Nal

Num papo em família no dia do Natal, o repórter Bruno Ravazzolli me perguntou qual seria a minha seleção gaúcha da temporada. O Inter liderou boa parte do Brasileirão e o Grêmio, mesmo oscilando, está na semifinal da Copa do Brasil e outra vez levou o Gauchão. De qualquer forma, eu não tinha muito tempo para pensar e escalei meu time: Vanderlei; Victor Ferraz, Pedro Geromel, Rodrigo Moledo e Diogo Barbosa; Matheus Henrique, Edenilson, Patrick e Jean Pyerre; Thiago Galhardo e Diego Souza. Técnico: Eduardo Coudet.

Falta de informação gera boatos

Há um tempo era normal os médicos dos clubes de futebol concederem entrevistas para explicar a condição clínica dos atletas lesionados. Hoje estas informações são apenas repassadas sem detalhes pelas assessorias de imprensa. Imagino que a ideia seria a preservação dos jogadores e do próprio clube. O problema é que sem a informação exata, os boatos, ou “fake news”, circulam livremente e ainda são potencializados pelas redes sociais. Médicos são treinados para preservar a intimidade dos seus pacientes, fazendo isso como rotina, portanto considero um erro na estratégia de comunicação impedi-los de falar.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895