“A arte tem que revelar sem demonstrar”, diz Werner Schünemann

“A arte tem que revelar sem demonstrar”, diz Werner Schünemann

O ator, diretor e roteirista Werner Schünemann vai mostrar mais uma faceta da carreira, neste sábado e domingo, 21h, com o show de Werner e o Bando no Espaço 373

Luiz Gonzaga Lopes

Nos dias 13 e 14 de abril, se apresenta no Espaço 373, em Porto Alegre, a nova banda gaúcha de rock e blues, Werner e o Bando liderada pelo ator Werner Schünemann (vocalista)

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Um ator que é historiador. Um diretor e ator que enxerga o desenvolvimento do roteiro como se fosse música, de movimentos que podem ir de andante a allegro, por exemplo. Werner Schünemann é muito mais do que estas mal traçadas linhas iniciais. Para quem quer conhecer a verve de cantor e compositor de Werner, a oportunidade será neste sábado e domingo, às 21h, quando Werner e o Bando se apresentam no Espaço 373 (Comendador Coruja, 373). A banda lançou uma música inédita no início da semana. “Ih Rita” é uma irreverente faixa que versa sobre o término de uma relação em forma de desabafo, uma composição de Werner Schünemann e Trick Bernardi. A faixa está disponível no YouTube. O clipe é um making off de ensaio.

“Não é um lançamento oficial. Trata-se de uma prévia para quem quer conhecer a banda. Futuramente, a ideia é lançar um disco, disponibilizar as músicas em plataformas digitais”, explica Trick Bernanrdi.

A nova banda gaúcha de rock e blues, formada em 2023. é composta pelo ator Werner Schünemann (vocalista) e pelos músicos Trick Bernardi (guitarra e voz), Fera Piaia (bateria), Rica Sabadini (guitarra), Fabrício Mendonça (baixo) e Murilo Moura (teclado). Os ingressos estão à venda pelo Sympla e pelo WhatsApp (51 99999-2315).

O grupo revisita clássicos do rock nacional e internacional e faz adaptações de canções da MPB e do Pop para o Blues, além de apresentar composições autorais. No repertório ainda é possível encontrar de Pink Floyd a Secos e Molhados, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, a Jards Macalé e Lupicínio Rodrigues, entre outros. “Quando a gente faz um arranjo de uma música já existente, sempre procuramos transformar um pouco aquela canção. O Lupicínio Rodrigues, por exemplo, a gente faz em versão blues. Quando a gente está tocando um blues, o solo de guitarra passa a ser de ‘Hotel California’ e poderia pular para Nei Lisboa, ainda não existe esta versão, mas poderia. A gente cria com a diversidade de referências que têm os integrantes da banda”, afirma.

A banda provoca uma mistura de estilos e de sons, o que dá um tom divertido às escolhas musicais desta formação. “Nós temos um medley que provoca a sensação de que a próxima música deveria ser aquela acaba sendo entendida rapidamente pela gente e que o espectador também poderia entender. Esta é a epifania. A gente sai de Secos & Molhados, vai para Pink Floyd, volta para Tom Jobim, passa por Mutantes e Odair José. Isto tudo está dentro da gente. A beleza que estou encontrando dentro da banda. Parece mais simples compreender as intenções do que nos outros trabalhos que faço na TV, cinema e nos palcos”, revela Werner.

Sobre o fato de não se acomodar, de ser um ator bastante famoso no Brasil e no Mercosul, mas estar sempre criando algo novo, Werner lembra que parece que os temas e as novidades o procuram. “As tarefas me encontram, não me acomodo, mas não corro atrás, as coisas acabam conspirando. Eu fui dar uma entrevista para o canal da jornalista Camila Diesel, uma entrevista com sofás, e tinha uma banda junto, ficou combinado que eu daria uma canja com a banda que tinha o Trick Bernardi e o Rica Sabadini. Eu tive a minha banda de adolescência, a Base Falsa, e tenho um andamento musical quando faço minhas cenas no teatro e no cinema. Aí falei para o Trick e para o Rica que não devia cantar tipo Caetano, mas como Bruce Springsteen e aí surgiu a banda”, lembra Werner.

O ator e músico destaca que desde então vem compondo com muita regularidade. “Quando estou compondo, eu deixo que na transpiração venha a epifania. O Ortega y Gasset tem uma frase que diz que o homem é ele mesmo e sua circunstância. Eu sou a minha circunstância. Tudo que está em minha volta, está em mim. A arte tem que revelar sem demonstrar. A frase é minha, viu”, brinca Werner.

Sobre a química da banda, Werner destaca que estar com músicos muitos bons e super profissionais faz a diferença. “Eles me convenceram a fazer este trabalho como vocalista, em função da minha experiência como ator e como músico, pois eu tocava e cantava em uma banda quando tinha 17 anos e eventualmente na casa de amigos. Eu sou um ator que canta e durante o show faço alguns personagens”, comenta Schünemann. Na adolescência, ele era o compositor e o cantor de uma banda de rock, que oscilava entre o progressivo e o acústico chamada Base Falsa.

Quando comparadas as suas influências, gostos e maneiras de ouvir música e tratar seus músicos preferidos, Werner lembra dos tempos de adolescente, quando o acesso a discos, fitas e filmes era algo que precisava de muito esforço. “Um disco era lançado na Europa, nos Estados Unidos, e chegava dois ou três meses depois no Brasil, quando não depois de mais tempo. O que me marcou muito nos anos 1970 foi o disco “The Dark Side of the Moon”, do Pink Floyd”, de 1973, que está entre os 100 mais vendidos da história. Ele não é um disco pop, um disco fácil. A nossa geração viralizou este disco. Nós temos que olhar para aquele ouvinte que se informava para saber quando o disco do Pink Floyd iria chegar nas lojas de Porto Alegre e não para saber em que modelo de iPhone vai sair a música. A preocupação não era com o hardware e sim com o conteúdo”, completa a digressão.

Werner lembra que quando os filhos dele eram pequenos e até os 12, 13 anos, ouvia música clássica com os filhos dele no café da manhã. “Não existe onde encontrar música clássica nos rádios, no máximo em trilhas sonoras de filmes ou espetáculos. Eu e a mãe deles pensamos de dar uma espécie de aprendizado básico para que o dia em que eles estivessem em um concerto de música clássica, eles pudessem ter um conhecimento sobre este gênero”.

Para o guitarrista Trick Bernardi a bagagem que Schünemann carrega concede mais versatilidade ao projeto. “Ele sobra em carisma, em atuação. É algo que vem de dentro e aprendemos muito com tudo isso. São elementos fundamentais de um front man”, frisa.

A escolha do 373 para a estreia do projeto tem nome e motivação: Sepé Tiaraju de Los Santos, amigo e parceiro profissional de Werner desde o início dos anos 90 e proprietário do Espaço 373. A admiração de Werner pelo amigo cresceu após o naufrágio de um barco de carga, em uma tempestade, na Lagoa dos Patos, durante uma filmagem, em que Sepé salvou 17 pessoas. “Preciso mostrar para ele o resultado desse trabalho. Ele é muito rigoroso e ao mesmo tempo muito generoso”, enfatiza Werner.

“O palco é minha praia e tenho que dar muito de mim. As experiências que tenho com cinema, TV, teatro me ajudam muito com as ideias, tenho muita liberdade. Estou procurando cada vez mais pela versatilidade. Quero experimentar outras coisas. Tenho vontade de me desafiar cada vez mais. Sei que posso firmar meus pés nas bases que construí e dar saltos que ainda não saltei”, reflete o ator, diretor e músico.


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