A escritora gaúcha Irka Barrios participará da 75ª Frankfurter Buchmesse

A escritora gaúcha Irka Barrios participará da 75ª Frankfurter Buchmesse

Com uma trajetória premiada, Irka fará parte de grupo que irá para a maior feira de livros do mundo na Alemanha em outubro

Correio do Povo

Irka Barrios trabalha com a literatura fantástica e traz personagens mulheres em estado de fuga

publicidade

Finalista do Jabuti, escritora e pesquisadora gaúcha Irka Barrios participará da 75ª Frankfurter Buchmesse, a maior feira de livros do mundo. Com uma trajetória premiada, escritora evidencia as temáticas do corpo e da sexualidade das mulheres em suas obras, enxergando a arte como expressão e luta, em sintonia com os horrores dos tempos atuais

Se a escritora Irka Barrios pudesse resumir suas personagens em uma frase, responderia que são sempre mulheres em estado de fuga. Abordando corpo e sexualidade como temas centrais de suas obras, a escritora se consolida na literatura latinoamericana escrita por mulheres que se segmentam nos estilos que bebem do insólito, do terror e do horror.

Como pesquisadora na área da Escrita Criativa, Irka, ao lado de mais sete brasileiros, foi selecionada para compartilhar seus trabalhos na 75ª Frankfurter Buchmesse, a maior feira de livros do mundo, em outubro. A iniciativa é da professora e doutora Patrícia Gonçalves Tenório, escritora pernambucana que gerencia a escola Estudos em Escrita Criativa. No grupo, também estão os autores Adriano Portela, Guilherme Azambuja Castro, Luís Roberto Amabile, Fred Linardi, Raldianny Pereira e Patrícia Gonçalves Tenório. 

 Irka já venceu os Prêmios Brasil em Prosa (Amazon/Jornal O Globo, 2015) e Odisseia da Literatura Fantástica (2022) e foi finalista do Prêmio Jabuti em 2020 com seu romance de estreia, “Lauren” (2019, 228 pág.), publicado pela Caos & Letras. 

Atualmente, Irka prepara mais dois romances e um livro de contos, todos em negociação com editoras. Também organiza a coletânea “In Corpa”, financiada coletivamente e que será publicada em breve pela editora O Grifo. A obra reúne sete  escritoras com trabalhos direcionados à temática do corpo e da sexualidade que  lançaram provocações umas às outras  por meio de contos, versos, fotos e performances. O texto de abertura da coletânea é um  manifesto desenvolvido em conjunto que revela o tom da obra. O corpo é protagonista de narrativas plurais e insólitas. Um mosaico de fragmentos onde literatura, arte, experiência e gozo se juntam para formar uma única corpa, selvagem, afrontosa e descolonizada. A exposição visual e o canal do YouTube do projeto já podem ser acessados.

Atual doutoranda em Escrita Criativa pela UFRGS, Irka também é autora do livro de contos “Júpiter, Marte, Saturno”, lançado em 2022 pela editora Uboro Lopes, que conta com orelha assinada por Adriana Garcia, e quarta capa com textos de Morgana Kretzmann e mariam pessah. Os contos que não se encaixaram na proposta da obra irão compor um novo volume de contos, prontos para publicação.  Seus dois novos romances também abordam a sexualidade feminina mantendo o assombro frente às realidades do cotidiano das mulheres. 

A escritora pontua: 

“Em ‘Lauren’ trabalhei a sexualidade de uma adolescente, em “Soda e água suja” (título provisório), eu exploro as questões sexuais de uma mulher adulta. Em 2022, após muitas leituras teóricas para minha tese de doutorado, eu me inclinei com mais interesse para o universo das vampiras. É um tema que sempre me fascinou, admiro a sexualidade livre destes seres que não devem satisfação à sociedade humana, pois são mortas-vivas. Assim nasceu “Oblongo”,  uma história que finaliza minhas investigações sobre a sexualidade da mulher. Daria para chamar de trilogia? Sim e não. Não porque são romances diferentes, com personagens e cenários diferentes. E sim porque o conflito está muito ligado a todas as questões que a mulher encara, tem a ver com preconceitos, perseguições, violência, culpa, vergonha”.

Ela comenta sobre o que é ser uma escritora insólita no Brasil:

“Como latinoamericanas, compartilhamos da dor e da violência, heranças da colonização (ou tomada) do continente”, analisa.  “São as mulheres que sofrem as violências mais covardes, sabemos. No Brasil não é diferente. Apesar de nosso país se manter um pouco afastado de nossos vizinhos (por motivos geográficos, culturais e por questões de língua), observamos expressões interessantes do horror produzido por mulheres como Verena Cavalcante, Paula Febbe, Larissa Prado, Juliana Cunha, Sinara Foss, Juliane Vicente, Andréa Berriell e tantas outras. São textos que se comunicam com os temas abordados pelas hermanas dos países vizinhos”, observa.

O universo literário invertido e sobrenatural de Irka Barrios

O romance de estreia de Irka Barrios, Lauren (2019, publicado pela Caos & Letras, acompanha uma garota de uma cidade interiorana que enfrenta os dilemas da adolescência, a descoberta da sexualidade, o despertar do senso crítico, o bullying na escola, o moralismo religioso e, ainda de quebra, precisa lidar com fenômenos sombrios e misteriosos que a rodeiam. 

Já na obra mais recente da escritora, a “Júpiter, Marte, Saturno” (2022), pela editora Uboro Lopes, Irka apresenta 14 narrativas que transitam no contexto “do fantástico, do invertido, do maravilhoso, do sobrenatural”, como define a escritora mineira Adriane Garcia, que assina a orelha. 


Mais Lidas

Guia de Programação: a grade dos canais da TV aberta desta quarta-feira, dia 1 de maio de 2024

As informações são repassadas pelas emissoras de televisão e podem sofrer alteração sem aviso prévio

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895