A grande transformação da vida de Fábio de Luca

A grande transformação da vida de Fábio de Luca

Com 25 anos de carreira, ator do Porta dos Fundos está passando por uma reeducação alimentar e fala dos projetos do ano

Luciamem Winck

Fábio de Luca: "O limite do humor é até onde vai a graça..."

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Festejando 25 anos de carreira, Fábio de Luca resolveu fazer uma transformação. Por questões de saúde, o ator do Porta dos Fundos está passando por uma reeducação alimentar. Após 60 dias confinado em um spa no Paraná, ele emagreceu 20 quilos e parou de fumar. Tudo para se dedicar aos diversos projetos profissionais deste ano. Ator, diretor e roteirista, o carioca acabou de gravar participação no remake da novela “Dona Beija”, que estreia em breve na HBOMax, e agora se dedica a escrever um espetáculo que levará aos palcos ainda em 2024 e um filme de comédia, com temática espírita, que terá direção de Wagner de Assis, o mesmo de sucessos cinematográficos como “Nosso Lar”.

Ele prepara uma oficina de interpretação e criação de personagem de comédia, que será ministrada nos próximos meses em seu próprio espaço cultural, no Rio de Janeiro. Com 44 anos, Fábio ganhou exposição na internet ao entrar para o elenco do canal Parafernalha, onde também foi roteirista. Em 2023, atuou em “Sedes”, seu primeiro trabalho dramático e esteve nos cinemas no filme “Não tem volta”, ao lado de Manu Gavassi e Rafael Infante. Em seu currículo, ainda constam longas como "Juntos e Enrolados" e "Ninguém é de Ninguém". Já no streaming, fez parte do elenco do vencedor do Emmy de 2019 "Se Beber Não Ceie" e da série "Eleita", na Prime Vídeo.

Você está festejando 25 anos de carreira. Como avalia esse percurso?

Uma montanha russa, muitos altos e baixos. Daquelas que você desce de cabeça pra baixo, dá trezentos loopings, sai todo descabelado, com as pernas bambas, e mesmo assim já está louco pra ir de novo. Mas eu não me imagino fazendo outra coisa da vida. Talvez ser professor, mas aí já é uma montanha-russa bem mais hardcore…

E já se prepara para os próximos 25 anos?

Depois dos 40 a gente escolhe mais um carrossel do que a montanha-russa, procura mais estabilidade e menos emoção. Mas a estabilidade tem um preço, o carrossel é bonitinho, mas fica só rodando no mesmo lugar. Eu quero experimentar coisas novas. Tive a oportunidade de fazer, ano passado, a peça "Sedes", um drama psicológico profundo diferente de tudo o que tinha feito no teatro até então, e adorei! Quero me aprofundar ainda mais na comédia nos próximos anos, mas pretendo ampliar as possibilidades, passear pelo parque pra ver o que tem mais de brinquedo.

O que não fez nesse tempo que ainda sonha em realizar?

Eu gostaria muito de ganhar dinheiro. Até ganho algum, mas eu queria ganhar muito dinheiro. Tá, essa não é uma resposta muito boa. Vou recomeçar: Gostaria de alcançar trabalhos em que eu pudesse me comunicar com ainda mais pessoas. Milhões e milhões de pessoas, do mundo inteiro. Seja no cinema, na internet, por onde for. E se isso me render algum trocado, ficarei feliz.

Você é do elenco do Porta dos Fundos, que é um grande sucesso na internet desde que estreou. Como você observa esse uso da internet para que artistas possam expor seu trabalho fora da grande mídia?

A internet revolucionou a forma como artistas compartilham sua arte. Agora qualquer um pode, com um simples celular, se filmar e expor a própria arte para o mundo inteiro. A questão agora é que, com tanta gente fazendo isso, o desafio é ser notado; você pode postar um vídeo mirando no mundo inteiro e acabar acertando só meia dúzia de views e dois likes. Apesar disso, a internet tem democratizado o acesso ao público de uma maneira sem precedentes. Whindersson Nunes, por exemplo, se não tivesse internet, provavelmente ainda seria um garçom lá no interior do Piauí e a gente não ia conhecer nunca seu talento maravilhoso.

O Porta é conhecido por usar o humor para fazer críticas sobre tudo e todos. Pra você, o humor tem limite?

Sim, o limite do humor é até onde vai a graça. Deixou de ser engraçado pra ser constrangedor, reforçar preconceitos ou ofender alguém, passou do limite. Mas como esse limiar é muito subjetivo, cada um vendo essa fronteira num lugar, temos as leis.

Sempre vemos Fábio de Luca fazendo humor. É uma escolha sua? Acha que os artistas ficam estigmatizados por um estilo dramático e têm dificuldade para sair disso?

Eu escolhi o Teatro. Quando vi a primeira peça, ainda criança, me encantei com aquele universo e resolvi que ia ser ator. A comédia veio depois, quando fui percebendo que ser engraçado ajudava a ser aceito nos grupos, fazer amigos, essas coisas. Quanto a estigmatização do ator, é meio chato mas é natural, faz parte do nosso ofício. De tanto trabalhar num gênero específico a gente vai se especializando nele, e por isso mesmo vai sendo cada vez mais escalado para papéis desse gênero. Alguns artistas se sentem confortáveis assim, outros querem se desafiar mais e transitar por vários gêneros. Mas nesse segundo caso tem eles mesmos que abrir essa possibilidade, porque o mercado quer eficiência e agilidade, não vai dar trabalho a ninguém só pra atender sua ânsia por mostrar versatilidade.

O que te tira o humor?

Tudo que tem a ver com burocracia. Documento, papel, contrato, cartórios, planilhas, orçamento, emitir notas fiscais, resolver coisas com contador, imposto de renda…

Estamos vendo cada vez mais humoristas entrando para elenco de novelas. Faz parte dos seus planos atuar em uma?

Sim, gostaria muito! Eu sou de uma geração que, pra acreditarem que você era mesmo ator, tinha que fazer uma novela. Então, lá no fundo, algo em mim ainda não acredita muito que eu sou ator enquanto não fizer uma novela.

Você comanda desde 2015 o “Amigos de luz”, canal de Youtube em que trata sobre o espiritismo. Como surgiu a ideia do projeto? E como é tocar em um assunto tão sério usando o humor?

O Amigos da Luz nasceu como um grupo de teatro, em 2008. Eu e outros amigos atores de diferentes experiências religiosas, mas igualmente interessados por assuntos transcendentais, decidimos unir nossas duas paixões: humor e espiritualidade, em um espetáculo. Assim surgiu "Morrendo e Aprendendo", nossa primeira comédia com temática espírita, que se revelou um enorme sucesso em Nova Iguaçu, nossa cidade na Baixada Fluminense. Esse sucesso inicial nos inspirou a explorar ainda mais a fusão entre espiritualidade e comédia, levando a gente a criar outras peças e, em 2015, um canal no YouTube, onde passamos a postar esquetes com essa pegada.

Quanto à combinação de humor com temas sérios, é importante reconhecer o papel crítico do humor na sociedade. Mais do que entretenimento, o humor serve como uma ferramenta de crítica ao poder, à opressão e ao status quo, seguindo a tradição do "Bobo da Corte", que podia falar verdades disfarçadas em piadas para evitar retaliações. No "Amigos da Luz", utilizamos o humor para refletir sobre falhas humanas como vaidade, egoísmo e orgulho, apresentando o espiritismo como caminho para superar essas tendências e evoluir espiritualmente.

Fábio, recentemente você ficou dois meses confinado num spa para emagrecer e cuidar da saúde. Como foi a imersão? O que mudou na rotina?

Essa temporada no spa foi, sem dúvida, uma aventura e tanto. Cheguei lá em um estado não muito favorável, digamos assim, com a mobilidade comprometida devido ao excesso de peso. Eu cheguei meio receoso por causa da dieta sem carne e por estar longe de tudo. Mas a equipe de saúde de lá e a comida vegetariana me surpreenderam. Em pouco tempo, já sentia a diferença. Coisas simples, como amarrar o tênis, ficaram mais fáceis. Esse tempo lá me fez ver como a saúde é importante. Antes, eu não ligava muito pra isso. Mas, viver de maneira saudável por dois meses me mostrou o quanto isso faz bem. Claro, ainda gosto de um bom hambúrguer com fritas, mas não precisa ser toda hora. Ter mais saúde e disposição vale muito a pena. Hoje tento dar mais atenção as saladas, a mastigação, aos exercícios físicos e fiz um desafio com minha irmã: Temos que correr em uma maratona em até cinco anos.


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