A Luz de Bebeto Alves nunca vai se apagar

A Luz de Bebeto Alves nunca vai se apagar

Este farol nas vidas de todos, cantor, compositor, instrumentista e artista visual de 68 anos vai deixar muitas saudades

Luiz Gonzaga Lopes

Bebeto Alves se reinventava, era um mutante, para ser fiel a ele mesmo

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No que seria o refrão da canção “Contraluz” que dá nome ao último CD lançado por Bebeto Alves as palavras “Penso/repenso/resisto até/Sinto/pressinto/que não vai dar pé” davam uma noção do que eu chamei de niilismo esperançoso de Bebeto Alves. Na entrevista sobre o disco, ele respondeu assim: “Essa nova velha ideia é essa contraluz através da qual tento de todas as formas me reconhecer e reconhecer a todos. Não sem dificuldade, mas, com uma vontade imensa de acreditar, que ainda podemos ser melhores do que já fomos um dia”. Este era Bebeto Alves, cantor, compositor, instrumentista, artista visual, gestor, cineasta e produtor. Natural de Uruguaiana, Bebeto morreu na madrugada de segunda, 7, aos 68 anos. Ele enfrentava um câncer de pulmão, agravado por uma embolia e morreu no hospital Dom Vicente Scherer, em Porto Alegre, onde estava internado. O velório público será realizado nesta quarta-feira, das 9h às 15h, no Theatro São Pedro, com ambientação de quadros da sua carreira como artista visual. A cerimônia posterior, das 16h às 21h no Crematório São José, reservada à família. Bebeto Alves deixa a esposa, Simone Schlindwein, com os filhos João Pedro Schlindwein Grams Alves e Desirée Alves, além de três filhas de relacionamentos anteriores — Kim Bins, Luna Lisboa Alves e Mel Lisboa, e quatro netos.

No segundo semestre, Bebeto Alves retomava a agenda de shows. No entanto, o músico sofreu dois AVCs e foi internado na UTI da Santa Casa de Porto Alegre. Há um ano, o músico teve trombose pulmonar. Em 2013, recebeu transplante de fígado. Considerado um dos expoentes da música gaúcha, Bebeto lançou mais de 30 discos. Suas canções foram gravadas por Ana Carolina, Belchior e Kleiton e Kledir. O primeiro disco solo “Bebeto Alves” (1981) foi lançado em vinil pela CBS Discos.

Além da carreira solo, Bebeto participava de dois projetos. O grupo Los 3 Plantados, formado por músicos que passaram por experiência de transplante de órgãos: King Jim, Jimi Joe e Bebeto. O show promovia uma campanha de motivação e informação sobre o transplante e doação de órgãos. O projeto Juntos, com Antonio Villeroy, Gelson Oliveira e Nelson Coelho de Castro, tinha longa trajetória, com 25 anos de estrada. Os quatro cantautores gaúchos exploram temáticas e versões para suas canções. O projeto circulou pelo Brasil e pela Europa.

Além de sua trajetória na música, Bebeto se dedicava às artes visuais, com exposições em Porto Alegre e interior do RS. Bebeto foi diretor do Instituto Estadual de Música (2000 - 2002). Foi secretário Municipal de Cultura e Turismo de Uruguaiana, sua cidade natal (2003 - 2004), e coordenador de música da Secretaria de Cultura de São Leopoldo (2009 - 2010). Exerceu, ainda, o cargo de presidente da Cooperativa Mista de Músicos de Porto Alegre por dois anos, de 1988 a 1990.

Sobre a sua grande capacidade de se reinventar a cada disco, Bebeto citava a sacada do jornalista e crítico musical Juarez Fonseca durante o lançamento do disco “Pegadas” em 1987: “O Bebeto Alves está sempre mudando para ser fiel a ele mesmo”. “A minha natureza é esta, ela é mutante”, disse Bebeto em entrevista concedida a este jornalista durante o lançamento de “Canção Contaminada”, em 2018.


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