A perda e o adeus na escrita de Aline Bei
Escritora paulista participou da Festival Internacional de Literatura de Gramado na sexta e no sábado
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Fim da ansiedade para um grupo de fãs que aguardava, no sábado, a escritora paulista Aline Bei no Festival Internacional Literário de Gramado (FiliGram). O encontro com a autora dos reconhecidos romances “O Peso do Pássaro Morto” (2017) e, o mais recente, “Pequena Coreografia do Adeus” (2021) não só marcou seus leitores consagrados, que vieram de várias cidades gaúchas, como também aqueles que manuseavam naquele momento, pela primeira vez, a obra da escritora.
“Escrever é mistério. É tirar o pó das palavras”, desvenda a escritora premiada Aline Bei na @FiliGram2022. A autora de “O Peso do Pássaro Morto” e “Pequena Coreografia do Adeus” falou hoje sobre sua escrita e obras. pic.twitter.com/zcyehI1OlM
— Brenda Fernández (@acentonoA) September 10, 2022
Em um bate-papo sobre seus livros, Aline compartilhou do seu processo de escrita, concepção dos personagens e dos temas que permeiam seus dois últimos livros. Um deles é a perda, que atravessa o romance em versos do livro “O Peso do Pássaro Morto”, contando a vida de uma mulher sem nome, de 8 a 52 anos.
O nome do livro remete a um episódio vivido pela própria autora. Quando criança, Aline segurou um passarinho entre as mãos enquanto sua mãe se preparava para aparar as garras do animal. Mas antes mesmo que o ato ocorresse, o animal acabou morrendo – segundo Aline, “num susto” – fazendo com que ela sentisse o peso de um pássaro morto. A obra foi vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura, na categoria estreantes com menos de 40 anos.
Sobre seu estilo de escrita, à exemplo do “Pequena Coreografia do Adeus”, em que usa quebras de linhas, espaçamentos e alterna tamanhos de letras, Aline aponta para um processo natural e uma familiaridade com a gramática. “Eu olho para o meu teclado não como se fosse um teclado em si, mas um piano”, conta. “Eu costumo dizer que é uma gramática íntima. Trabalho com a minha própria gramática. É o único modo que eu consigo escrever”, completou.
Foto: Dinarci Borges / FiliGram / Divulgação / CP
Ao ser questionada sobre o momento do último ponto final de um livro, ela foi enfática: “Não termina”. “Se a gente se deixar, vamos continuar ali, né? Eu acho que eu entendo que acabou quando o livro começa a me rejeitar. Então eu não vou embora, mas ele já não quer mais nada”, explicou.
Na sexta, 9, Aline Bei também integrou uma mesa sobre feminilidades e poesia, com a participação ainda das escritoras Natalia Polesso e Ana Santos.