Acadêmicos da ALB/RS repudiam cobrança de aluguel para a Feira do Livro

Acadêmicos da ALB/RS repudiam cobrança de aluguel para a Feira do Livro

Carta destaca contribuição do evento para a cultura gaúcha

Correio do Povo

publicidade

A Academia de Letras do Brasil - Seccional Rio Grande do Sul (ALB-RS) divulgou, na tarde desta sexta-feira, uma carta em repúdio à tentativa de cobrança de taxa da Feira do Livro de Porto Alegre. "Nós, acadêmicos da ALB/RS, afirmamos, com toda a certeza, que a Feira do Livro faz um bem impagável para os porto-alegrenses, para a Prefeitura e para a imagem da cidade. Jamais seria um custo e, sim, um investimento para todas as gerações", diz a nota que começa com um pedido: "Não faça isso, Prefeito!".

No texto, a instituição destaca a contribuição do evento para a cultura gaúcha. "A Feira elevou a capital dos gaúchos a ser uma referência local, estadual, nacional e internacional de evento literário a céu aberto, com as características acolhedoras, intelectuais e culturais do povo gaúcho. Escritores e leitores de todas as regiões do Brasil e de vários países agendam-se com antecedência para vivenciar esta experiência única de leitura, de trocas culturais e interação social presencial", ressalta.

Dentre outros pontos, a ALB cita a Feira do Livro como um evento que gera renda e emprego, que possui um caráter universal e uma capacidade de "atrair organizações sociais e públicas que, representando diversos segmentos organizados da sociedade, buscam acoplar suas marcas ao imaginário popular e cultural, este de valor inestimável". "Portanto, Prefeito, não dispare esta bala de prata em nossa cultura. Ao invés de cobrar, tua responsabilidade é investir e patrocinar este evento, uma dádiva no coração de cada cidadão e da cidade", finaliza o texto.

Nesta sexta, o prefeito Nelson Marchezan Júnior tentou minimizar a polêmica cobrança de aluguel para a realização do evento na Praça da Alfândega entre os dias 1º e 18 de novembro. “Estamos cumprindo a lei e essa DAM não reflete o valor ou a consequência para a Feira do Livro. Nós estamos na metade do processo. Foi uma análise parcial”, destacou Marchezan.

Ainda na quinta, a prefeitura emitiu uma nota dizendo que o procedimento estabelecido com a criação do Escritório de Eventos, no ano passado, e que o valor de quase R$ 180 mil que consta no documento enviado à Câmara Riograndense do Livro (CRL) ainda não é definitivo. Logo depois, o secretário de Cultura da Capital, Luciano Alabarse, reforçou, em entrevista à Rádio Guaíba, que o valor não é definitivo e que será discutido pelas demais pastas envolvidas.

Leia a carta na íntegra:

"Não faça isto, Prefeito!

Nesta quinta-feira passada, escritores gaúchos e brasileiros ficaram estupefatos com uma notícia aterradora para Porto Alegre e para a cultura nacional. Trata-se da intenção expressa, através de um boleto enviado à Câmara Rio-grandense do Livro no valor R$ 179.849,60, de cobrar pela realização da 64° Feira do Livro de Porto Alegre, entre 01 e 18 de novembro de 2018, na Praça da Alfândega. Cobrança esta jamais realizada em toda a história da Feira.

A Feira elevou a capital dos gaúchos a ser uma referência local, estadual, nacional e internacional de evento literário a céu aberto, com as características acolhedoras, intelectuais e culturais do povo gaúcho. Escritores e leitores de todas as regiões do Brasil e de vários países agendam-se com antecedência para vivenciar esta experiência única de leitura, de trocas culturais e interação social presencial.

Os agentes da literatura, como as editoras, as distribuidoras, as livrarias e academias literárias, prestam um inestimável serviço ao esclarecimento e formação do conhecimento nacional, fazendo da Feira o ápice do calendário cultural. É o momento sublime de uma ferra-menta que constantemente participa das mudanças sociais na história e têm contribuído com o desenvolvimento civilizatório: o livro. Em tempos de crise, é um evento que gera renda e emprego, fruto de um produto que inequivocamente faz bem à saúde.

Observando os dias de Feira, com uma afluência de público inacreditável de todas as idades, demonstrando o caráter universal do evento, identificamos a capacidade em atrair organizações sociais e públicas que, representando diversos segmentos organizados da sociedade, buscam acoplar suas marcas ao imaginário popular e cultural, este de valor inestimável. Todos os meios de comunicação – TVs, rádios, jornais e as diferentes redes sociais são pautados por este inestimável acontecimento.

Vale destacar, ainda, a enorme significação em ter grupos e grupos de crianças, das escolas de ensino fundamental e médio, circulando pela Feira, organizadas pelos seus colégios, estruturando de forma afetiva e com muito conhecimento e cultura as gerações responsáveis pelo nosso futuro.

Assim, nós, acadêmicos da ALB/RS, afirmamos, com toda a certeza, que a Feira do Livro faz um bem impagável para os porto-alegrenses, para a Prefeitura e para a imagem da cidade. Jamais seria um custo e, sim, um investimento para todas as gerações.

Projetos literários importantes, como Poemas no Ônibus e no Trem, já sofreram solução de continuidade na cidade.
Portanto, Prefeito, não dispare esta bala de prata em nossa cultura. Ao invés de cobrar, tua responsabilidade é investir e patrocinar este evento, uma dádiva no coração de cada cidadão e da cidade.

Todos à Feira do Livro de Porto Alegre, Praça da Alfandega!"


Mais Lidas

Guia de Programação: a grade dos canais da TV aberta desta quarta-feira, dia 1 de maio de 2024

As informações são repassadas pelas emissoras de televisão e podem sofrer alteração sem aviso prévio

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895