Adriana tem a voz para perpetuar a cultura musical do Sul

Adriana tem a voz para perpetuar a cultura musical do Sul

Diretora do Instituto Estadual de Música e da Discoteca Natho Henn, Adriana Sperandir traça desafios e rememora a sua trajetória

Letícia Pasuch *

O grande objetivo para as instituições, diz Adriana Sperandir, é trabalhar cultura com educação para a formação de novos artistas.

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No quarto andar da Casa de Cultura Mario Quintana, espaço onde estão sediados o Instituto Estadual de Música (IEM) e a Discoteca Pública Natho Henn, Adriana Sperandir, rodeada por milhares de discos, deixa transparecer como se sente em casa. Nascida e criada no litoral de Torres, define-se como “cantante de berço”, crescendo com uma família de músicos. A filha mais nova de oito irmãos ganhou seu primeiro festival de música quando tinha nove anos e formou uma carreira na área que soma mais de 25 anos.

Em 1996, entrou para a faculdade de Direito na Ulbra e se encantou com o Coral de lá, ficando por três anos. Participou de eventos e shows pela região e logo circulou pelos festivais de diversos estados do Brasil. Quando casou, formou a banda “Os Sperandires”, em conjunto com seu marido, Adriano Sperandir, e seu cunhado, Cristian Sperandir. O trio durou 10 anos, marcando presença em mais de 30 festivais e colecionando prêmios. Intérprete, Adriana também foi reconhecida em vários, como o Prêmio Festivais do Brasil, em 2010.

Apesar de cantar gêneros diversos, Adriana identifica-se muito com a música litorânea. Também hoje integrante do Coletivo de Arte e Cultura do Litoral Norte, mantém suas raízes na terra natal. “Eu permeio muito na MPB, na música litorânea, e também com pitada da nossa música tradicional gaúcha, isso tudo dá uma transformação que é minha identidade musical”, diz

Gestão pública

A primeira oportunidade que Adriana teve com administração pública na área cultural foi em Osório, como Diretora da Cultura entre 2014 e 2021. Dali, retornou à cidade natal para gestar o mesmo cargo. Em 2022, tinha planos de mudar-se de Torres e focar no seu trabalho como produtora. Na manhã em que definitivamente partiria, recebeu uma proposta da secretária do Estado da Cultura Beatriz Araujo. “Ela disse, ‘vou te ligar às 18h’, e fiquei naquela expectativa, será que vai ligar mesmo?”, lembra Adriana. Mas a ligação com o convite para assumir o cargo de diretora do IEM e da Discoteca Natho Henn veio pontualmente – e no momento certo, conta. 

Em julho, Adriana chegou “com todo o gás” na gestão das duas instituições, vinculadas à Secretaria de Cultura do Estado (Sedac). O departamento, segundo ela, estava desestruturado pelo período pandêmico. “Foi um período delicado de trabalho”, revela. Porém, seu entusiasmo foi essencial para desenvolver o trabalho. Ela destaca o Gira Musical, projeto de música instrumental em que 12 espetáculos e oficinas circularam por todas as regiões do Estado, oportunizando formação aos grupos musicais e promovendo o mapeamento do setor. 

O IEM dedica-se a organizar e apoiar ações de difusão da música gaúcha, como cursos e oficinas de formação profissional, além do aprimoramento qualitativo dos músicos, produtores e educadores musicais gaúchos. A Instituição também realiza ações de fomento à produção, difusão, circulação e intercâmbio da música gaúcha em parceria com o sistema Pró-Cultura RS. Já a Discoteca Natho Henn é responsável pelo acervo de música do Rio Grande do Sul, composto por milhares de discos, gravações em áudio e vídeo, livros e partituras, além de preservar, organizar e divulgar a produção musical nacional e internacional. “Nosso grande desafio agora é tornar tudo mais público, estar colocando à disposição na internet para que chegue de forma mais fácil nas pessoas interessadas”, afirma Adriana. 

No novo ano de gestão, ela prevê muito trabalho pela frente, no sentido de capacitar, qualificar o mercado musical e formar plateias. “Tivemos a troca do Governo Federal e a volta do Ministério da Cultura, isso nos dá um alento e uma esperança muito grande. Vamos conseguir unir forças com o trabalho que a Sedac já promoveu e pretende promover”, diz, projetando trabalhar ativamente com o MinC as leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc. O grande objetivo para as instituições, diz Adriana, é trabalhar cultura com educação para a formação de novos artistas. “Isso vamos conseguir na sala de aula, atuar fortemente em políticas públicas na área dos artistas, com o fomento para aqueles que já atuam, apoiando produção musical, lançamentos de discos e fazendo um mapeamento para conseguir entender melhor que dimensão é essa que nós temos de trabalhadores na área da música no Estado”.

Ao se ver entre as sete lideranças femininas nas instituições da Sedac, Adriana sente-se orgulhosa. “Sempre foi um sonho trabalhar aqui, fiquei muito feliz de estar na CCMQ. Deu certo que nesta gestão se concluiu sete mulheres para estar na direção dos institutos e da Casa, além de outras maravilhosas mulheres que estão na coordenação”. 

Ainda que esteja seguindo, na música, uma trajetória diferente, Adriana não pretende se aposentar dos palcos. “As minhas cantorias continuo fazendo de vez em quando”, revela. Inclusive, anuncia em primeira mão que tem a meta de realizar um espetáculo, além de gravar seu primeiro disco solo, trazendo convidados que fizeram parte da sua caminhada na música. “Essas memórias vão estar muito contidas nesse disco novo”, estima. Com a sua marcante voz, Adriana assegura que fará com que tantas outras vozes de cantores, intérpretes e de instrumentistas gaúchos perpetuem, e sejam cada vez mais conhecidas e valorizadas no estado.

* Supervisão de Luiz Gonzaga Lopes


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