Afegã dos olhos verdes da capa da National Geographic é acusada de fraude

Afegã dos olhos verdes da capa da National Geographic é acusada de fraude

Ela é acusada de usar documentos falsos para conseguir a cidadania paquistanesa

AFP

Sharbat Gula, na época com 12 anos, tornou-se um ícone fotográfico

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Autoridades paquistanesas descobriram que a famosa "moça afegã dos olhos verdes", imortalizada numa capa da revista National Geographic em 1985, está vivendo no país com identidade falsa. A imagem perturbadora de Sharbat Gula quando tinha 12 anos, feita pelo fotógrafo Steve McCurry em um campo de refugiados, se tornou a capa mais conhecida na história da revista.

Passados 17 anos de buscas, McCurry a encontrou num vilarejo remoto no Afeganistão. Gula vivia com o marido e três filhas. Em abril de 2014, Gula deu entrada no pedido para obtenção da identidade paquistanesa, na cidade de Peshawar, a noroeste da capital Islamabad, com o nome de Sharbat Bibi.

Ela foi um dos milhares de refugiados afegãos que conseguiram driblar o sistema informatizado do país, conseguindo a cidadania paquistanesa no ano passado. O porta-voz na Autoridade Nacional de Documentação e Registro (NADRA, na sigla em inglês) contou que o caso dela está a cargo da Agência Federal de Investigação (FIA). "Nosso departamento detectou o caso de Sharbat Bibi em agosto do ano passado e, no mesmo mês, o enviou à FIA, a fim de que se prosseguisse com as investigações. Aguardamos as conclusões do inquérito", disse o funcionário Faik Ali Chachar.

Segundo ele, muitos refugiados afegãos obtêm carteiras de identidade paquistanesas usando documentos falsos. "Por volta de 23 mil identidades de refugiados afegãos foram descobertas e canceladas, nos 12 anos em que existe a NADRA". A foto anexada ao pedido de cidadania paquistanesa tem os mesmos olhos penetrantes, e o rosto aparece como na célebre imagem captada por McCurry, embora Gula esteja mais velha e com o cabelo todo coberto por um hijab preto.

Um repórter visitou o bairro indicado por Sharbat Gula em seus documentos pessoais. Alguns dos vizinhos disseram que ela vivia com o marido, mas foi embora há um mês. Um homem que trabalha no escritório da NADRA disse que todos os documentos usados por ela, destinados apenas a cidadãos paquistaneses, eram falsos. Rauf Khan e Wali Khan, identificados como seus "filhos", não têm qualquer parentesco com Gula.


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