Aki Ollikainen lança na Feira do Livro obra sobre ano em que a fome atingiu a Finlândia

Para aqueles que só conhecem a Finlândia pelos seus número de IDH e PIB e por ser uma referência em educação e saúde, há uma história que precisava ser contada. Em 1867, ano de pouca colheita e de inverno especialmente rigoroso na Finlândia, mais de 250.000 pessoas ­– 15% da população – morreram de fome. Foi um dos períodos mais dolorosos de sua história e que não constava nos livros históricos do país. O jornalista, fotógrafo e escritor Aki Ollikainen tinha ouvido falar vagamente deste assunto na escola e mais recentemente resolveu pesquisar e contar esta história. O resultado disso foi o livro “Ano da Fome” (Numa Editora), que está sendo lançado neste sábado na Feira do Livro, com mesa e sessão de autógrafos.

A mesa será às 18h no Grade Hall do Santander Cultural, com Aki Ollikainen (Finlândia) e Erlend Loe (Noruega), sob o tema “As recentes traduções de línguas como o finlandês e norueguês possibilitam que o leitor brasileiro conheça estes grandes nomes, já consagrados por suas obras”. Eles serão apresentado por José Francisco Botelho e Pasi Loman, diretor da Vikings of Brazil, responsável pela vinda dos 11 autores nórdicos para a Feira e que já comprou direitos, traduziu e editou mais de 300 livros de autores dos cinco países escandinavos desde 2012.
Na história de Aki, os camponeses abandonam terras para tentar chegar a São Petersburgo, onde imaginam que há pão, mas a fome e a mendicância prevalecem. A vida resiste na força obstinada dos caminhantes e na escrita intensa do autor. “Quase não se falava neste assunto na Finlândia. Parece que interessava mais as guerras e as histórias dos heróis. Quando fiquei sabendo que milhares de pessoas passaram fome fiz um livro cuja ambientação é na Finlândia, mas sem uma
Uma visita a um cemitério próximo de Helsinque, onde havia túmulos com lápides destas pessoas que morreram de fome tocaram Aki, mas não de forma profunda. “Eu fiquei frustrado, pois não consegui sentir a empatia que achava que teria. Fiquei mais assustado e não consegui criar um rosto, um cenário, para estas pessoas. Queria recriar a histórias destas pessoas que foram reais”, argumenta. Aki revela que o jornalismo não influenciou na sua pesquisa e escrita, mas sim as artes visuais. “Tento escrever visualmente”, observa. “Ano da Fome” é o primeiro romance de Aki Ollikainen. O livro ganhou os prêmios Best Finnish Debut Novel 2012 e o Finnish Book Bloggers’ Best Book 2012, além de concorrer ao Man Booker International Prize em 2016.