Angolano lança livro de poesias no Brasil
Ondjaki deve autografar a obra hoje na Feira do Livro
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"É como se nós estivéssemos no mundo dos bichos, e pudéssemos nos lembrar daquela poesia que eles guardam", afirma o autor nascido em Luanda. Entre prosa e poesia, ele diz que na primeira, trabalha mais o texto. Já a segunda lhe chega mais intuitiva e libertadora. "Faço poesia porque necessito, assim como quem lê, é porque necessita, não há motivo maior. Não fico feliz escrevendo e, no final, é como um parto, uma sensação silenciosa. O fazer poesia não é feliz. 'Há Prendizajens", no entanto, é um livro de poesia que não me deixam triste", conta. Pelas linhas de tanta poesia, ele pisa o chão com estrelas, conheçe um grilo que atira-lhe sorrisos.
Na obra, lançada pela primeira vez em 2002, já editado em Luanda, Angola e Portugual, um agradecimento especial a Manoel de Barros, "distante, me ensinou a tanta importância do chão: que deve ser promovido a almofada, mas ele sobre nós". Para a terminação, ele apresenta alguns animais convidados à obra numa espécie de dicionários, como a lesma: "lesma: mestre em tudo que acuse molhadez. é dona de uma vivência lentadinosa – o que reproduz intimidades com o conhecimento. Consegue alcançar tacto íntimo com todiqualquer chão. De tanto imitar a noite ficou negra." Em outra parte do livro, ele escolhe alguns versos do livro e explica, com poesia.
Papo com Verissimo e Faccioli
Antes da sessão de autógrafos, o autor fala sobre a poesia e o nascimento das palavras, ao lado de Luis Fernando Verissimo e Luis Paulo Faccioli, no Santander Cultural, em encontro intitulado "O Caminho da Asa da Borboleta".
No borboletabirinto, poema do livro novo, ele escreve: "Comecei assim: com asa de borboleta nasceu a primeira palavra amarela. [mas] para dizer amarela convém ter a boca suja com terra. para assistir ao nascimento de uma palavra convém esperar dentro do chão. para esperar dentro de um chão convém já conhecer uma borboleta – para saber perguntar o caminho das suas asa.".
Sobre a poesia, Ondjaki diz que ela não é de usar definições. "Poesia é muito mais abrir e se identificar. Espreitar o texto e ver se gosta. É mais um contato químico, que não tem explicamentos nem explicações".