Ansiedade marca espera de fãs pelo primeiro show da banda Saxon no RS

Ansiedade marca espera de fãs pelo primeiro show da banda Saxon no RS

Grupo inglês apresenta turnê de seu mais recente trabalho, “Thunderbolt” (2018), na quarta, no Opinião

Chico Izidro

Estou me sentindo como um adolescente de 14 anos que ganhou uma bicicleta”, reconhece Alexandre Nascimento, 51 anos, proprietário da Zeppelin Discos, loja especializada em heavy metal, referindo-se a possibilidade de assistir ao Saxon

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O primeiro show do Saxon em Porto Alegre está marcado para quarta-feira, no Opinião (José do Patrocínio, 834), a partir das 21h. A ansiedade de roqueiros da terrinha em assistir à apresentação é enorme, ainda mais que a banda tem mais de 40 anos de atividade, veio ao Brasil várias vezes, mas nunca esteve em terras gaúchas. O Saxon quase tocou na Capital em 2001, mas o show acabou sendo cancelado. A banda inglesa está na turnê de seu mais recente trabalho, “Thunderbolt” (2018), mas nas apresentações são privilegiados clássicos, como Wheels of Steel, Strong Arm of the Law, Denin and Leather, Power and the Glory, Motorcycle Man, Crusader e Princess of the Night. 

“Estou me sentindo como um adolescente de 14 anos que ganhou uma bicicleta”, reconhece Alexandre Nascimento, 51 anos, proprietário da Zeppelin Discos, loja especializada em heavy metal, no Centro de Porto Alegre. “Já vi muitos shows internacionais, como de meu grupo favorito, o AC/DC, Mercyful Fate, Black Sabbath, Motörhead, Judas Priest. Mas o Saxon era um desejo enorme. Eles se apresentaram em São Paulo, em Florianópolis, aqui do lado, e não pude ir”, conta. “Mas agora tenho certeza de que vai rolar uma lágrima no meio de algum refrão. Estou arrepiado e só vou beber água para curtir o espetáculo em sua plenitude”, garante o fã. 

Ele conheceu o Saxon escutando o programa Central Rock, da antiga Ipanema FM, apresentado por Ricardo Barão, que usava uma música do grupo como vinheta. Até que um dia, tocou a música na íntegra e fisgou o roqueiro, isso por volta de 1984, 1985. Alexandre reconhece que a banda não tem a mesma repercussão de Judas Priest ou Iron Maiden, que tocam para públicos de 20, 30 mil pessoas. “O Saxon se apresenta para 5 mil pessoas.” Seu disco favorito é o “Power and the Glory” (1983). “Já a música é uma meio escondida, que certamente não vão tocar, See the Lightining Shining, do ‘Wheels of Steel’”, afirma o roqueiro, que na vida fez muitas viagens pelo Brasil para ver shows de suas bandas preferidas. “Cara, viajava horas de ônibus, comia em lanchonetes de beira de estrada, dormia nas rodoviárias e ficava sem banho. Chegava, via o show e retornava em seguida. Nunca mais!”, garante.

Já José Henrique Godoy, 48 anos e executivo de vendas de TI, conheceu o Saxon na mesma época de Alexandre, por volta de 1984, quando o heavy metal começou a entrar com força no Brasil. Para ele, o Saxon é uma das maiores bandas de heavy metal de todos os tempos, ao lado Kiss, Black Sabbath, Motley Crue, Motörhead, Judas Priest, Slayer e King Diamond.

Ele, que tocou bateria na banda thrash metal gaúcha One of Them, recorda que já assistiu a dois shows do Saxon. “Vi duas vezes, em 2011 e 2013, mas fora do país. Por incrível que pareça, nunca consegui assistir a banda aqui. Tive ingresso comprado para shows deles em Porto Alegre (2001) e Florianópolis (2006), mas ambos foram cancelados. Agora vai!”, comemora. Ele não tem nada de especial programado para o dia do show. “Vou apenas sair do trabalho, colocar o ‘fardamento’ do Saxon e ir ao Opinião”, antecipa. 

Para César Louis, também conhecido como César Five ou C5, será a terceira vez que assistirá ao Saxon. “O primeiro show foi em 1998, no Festival Monsters of Rock, em São Paulo, no Estádio Ibirapuera, e o segundo foi em Curitiba, em 2011, no Master Hall, na tour do disco ‘Call To Arms’. Ambos foram shows inesquecíveis. Posso garantir que quem ainda não viu a banda certamente vai ver um grande show”, disse o funcionário público municipal de 53 anos, morador de Porto Alegre, e baterista das bandas metal Epitaph e Volúpia. 

 

César Louis, que verá um show dos músicos pela terceira vez, acredita que será uma grande apresentação. “Moldaram meu caráter, meu modo de vida” | Foto: Ricardo Giusti 

O músico conta a influência das músicas do Saxon. “Moldaram meu caráter, meu modo de vida, e possibilitaram eu ter o privilégio de tocar um instrumento, gravar discos, conhecer pessoas maravilhosas, colecionar discos, ir em muitos e muitos shows, tocar em muitos shows e viajar.” César conheceu o trabalho do Saxon em 1983.

“Em 1981, durante a minha adolescência, estava numa fase mais Rolling Stones, mas quando fui no show do Van Halen, no Gigantinho, em Porto Alegre em 1983, simplesmente enlouqueci. Peguei todos meus LPs dos Stones e troquei por discos do Dio, Iron Maiden e, entre vários, peguei o ‘Power and the Glory’, do Saxon. E fiquei alucinado pelo heavy metal, a ponto de em 1984 a aprender a tocar baixo (coisa que não consegui), mas no ano seguinte comprei uma bateria e em 1985 já começava a tocar com uma banda de heavy metal, a Volúpia”, recorda.

César conta que seu disco preferido do Saxon é o “Power and the Glory”. “É um disco curto (pouco mais de 36 minutos), mas é intenso e tem um dos meus ídolos na bateria de todos os tempos, o Nigel Glockler, que conseguiu tirar um som de bateria que um dia eu sonho possa chegar perto. E a minha música preferida da banda, é ‘Motorcycle Man’, que abre o disco Wheels of Steel, pois resume o que o metal é para mim: liberdade, motos, guitarras e muita festa”, relata. César diz que na quarta-feira pretende descobrir onde a banda vai estar hospedada, para tentar fazer uma foto, obter um autógrafo.

A história da banda

Com 43 anos de carreira, o Saxon é uma das mais antigas bandas da cena metal e segue lançando discos com regularidade. O grupo é formado atualmente pelo vocalista Biff Byford, os guitarristas Paul Quinn e Doug Scarratt, o baixista Nibbs Carter e o baterista Nigel Glockler.

O Saxon é reconhecido como um dos pioneiros da New Wave of British Heavy Metal, movimento musical iniciado no final dos anos 1970 e que, entre outros, tem como destaques Iron Maiden, Judas Priest, Venom, Def Leppard, Diamond Head, Raven, Avenger, Girlschool, Tygers of Pan Tang, Angel Witch e Grim Reaper. A banda surgiu na Inglaterra, na região de South Yorkshire, em 1976, com o nome de Son Of A Bitch, que tinha como fundadores Graham Oliver e Steve Dawson. E ela incorporou Biff Byford e Paul Quinn, integrantes de um outro grupo local, o Coast, sendo rebatizada como Saxon, lançando no primeiro semestre de 1979, seu primeiro álbum, “Saxon”, saindo em turnê ao lado do Motörhead, de Lemmy Kilsmister. 

Após a turnê, o grupo voltou ao estúdio para preparar o segundo disco, “Wheels of Steel”, em 1980, e que fez a banda estourar. No mesmo ano, foi lançado “Strong Arm of the Law”. No ano seguinte, a banda lançou “Denin and Leather”. Em 1983, foi às lojas “Power and the Glory”, álbum que atingiu a marca de mais de 15 mil cópias vendidas nos Estados Unidos em uma semana e que, entre outras faixas, trazia a cadenciada e épica The Eagle Has Landed. Em 1984, é lançado "Crusader", aquele que é considerado por muitos fãs e críticos o melhor álbum da carreira da banda. A turnê de divulgação passou novamente pelos EUA, em apresentações ao lado do Mötley Crue e Iron Maiden. Em 1985, saiu “Innocence is No Excuse”.

O posterior trabalho foi "Rock The Nations", de 1986, que contou com a participação de Elton John. Desde então foram lançados mais 14 trabalhos: “Destiny” (1988), "Solid Ball of Rock" (1991), "Forever Free" (1992), "Dogs of War" (1995), "Unleash the Beast" (1997), "Metalhead" (1999), "Killing Ground" (2001), "Lionheart" (2004), "The Inner Sanctum" (2007), "Into the Labyrinth" (2009), "Call to Arms" (2011), "Sacrifice" (2012), "Battering Ram" (2015) e "Thunderbolt" (2018).

 

 

                             Peter Rodney "Biff" Byford vocalista do Saxon | Foto: Divulgação

ENTREVISTA BIFF BYFORD

Peter Rodney "Biff" Byford completou 68 anos no dia 15 de janeiro e segue ativo como vocalista do Saxon. Ele concedeu entrevista aos repórteres Chico Izidro e Luiz Gonzaga Lopes.

Nos shows no Brasil, o Saxon se concentrará no álbum mais recente, “Thunderbolt”, ou privilegiará sucessos antigos? Como vocês escolhem o set list?

Eu escolho as músicas que eu acho funcionarem bem ao vivo, mas dou importância também aos pedidos dos fãs, a vontade deles.

O que você espera do show em Porto Alegre, cidade onde a banda nunca esteve?

Estamos ansiosos para tocar nesta cidade. Sempre é legal quando a gente tem oportunidade de tocar em novas cidades, para novos públicos.

De onde vem a inspiração depois de 40 anos, o que te motiva a lançar material novo?

Eu acho que uma banda só pode sobreviver se continuar a desenvolver habilidades de composição de músicas e mídias sociais. 

“Thunderbolt” saiu apenas três anos depois de “Battering Ram”. Como foi a gravação?

A gravação foi feita no Reino Unido com o produtor Andy Sneap.

A atual formação do Saxon é uma das mais estáveis do rock atualmente. Qual a principal causa dessa estabilidade?

Nós continuamos um com o outro e um pelo outro. Além disso, a banda tem uma ótima química ao vivo.

O Saxon está ativo há 40 anos. Vocês pensam em parar em algum momento?

Ainda não tivemos este pensamento de parar. 

O que você lembra sobre seus primeiros shows na Inglaterra no início dos anos 1980?

Foi um tempo fantástico para se estar no Reino Unido. Era um caldeirão musical de punk, metal, new romantic. Todos tentando aproveitar o momento.

O Saxon nunca alcançou o mesmo status de outras como Iron Maiden, Judas Priest, Def Leppard. Você concorda? Qual a razão disso?

Não há uma razão aparente, mas eu suponho que a sorte teve muito a ver com isso.

Qual a música você mais gosta de cantar depois de todos esses anos?

Eu gosto de muitas músicas que nós fazemos, mas acho que “Princess of the Night” é uma das mais legais. 

“And the Bands Played On” tem uma história linda. Você poderia nos contar?

Nós tocamos no primeiro festival de Castle Donnington. Quando fomos tocar no festival no ano seguinte, eu havia escrito uma música sobre aquele dia. 

Fora da música, quem é Biff Byford?

Fora da música, eu sou um pai e um amigo.

E quanto ao ativismo político? Como o Saxon se insere nesse contexto?

Todos nós temos nossas visões individuais sobre política, não há uma visão da banda e tendemos a não ser muito políticos quando atuamos pela banda.

O que você sabe sobre a música brasileira, seja heavy metal ou música popular? 

Eu sei que a música latina é fantástica, mas das bandas de metal, eu suponho que o Sepultura seja a maior banda brasileira a fazer sucesso fora do país.


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