Após holofotes na ficção, reality show sul-coreano ganha destaque mundial

Após holofotes na ficção, reality show sul-coreano ganha destaque mundial

"A Batalha dos 100" acompanha 100 homens e mulheres com físicos esculturais que enfrentam provas e competições complexas

AFP

"A Batalha dos 100" gerou polêmica ao colocar competidores de diferentes gêneros uns contra os outros

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Um desafio que vem da mitologia grega: segurar uma pedra no ar pelo maior tempo possível. O novo reality show sul-coreano "A Batalha dos 100" (2023) durou cerca de duas horas para o vendedor de carros Jo Jin-hyeong, que está na primeira temporada da produção de sucesso mundial.

Após o êxito de produções como "Parasita" (2019) e "Round 6" (2021), a indústria audiovisual na Coreia do Sul indica que os programas de reality show como o próximo conteúdo do país que pode se popularizar no exterior.

A produção da Netflix acompanha 100 homens e mulheres com físicos esculturais, incluindo ex-atletas olímpicos e soldados de unidades de elite, que enfrentam provas e competições complexas.

É a primeira produção não roteirizada a liderar o catálogo de exibição em língua não inglesa da plataforma, aumentando a popularidade de "Solteiros, Ilhados e Desesperados" (2021), um programa de namoro que se tornou um sucesso no ano passado.

Parte do fascínio do programa são os competidores. Jo, que começou a frequentar a academia ainda adolescente e nunca praticou esportes profissionalmente, descobriu que poderia competir com algumas das pessoas mais fortes de seu país.

O homem de 41 anos ganhou uma das provas mais difíceis, inspirada no castigo de Atlas da mitologia grega, em que os competidores tinham que levantar e segurar uma enorme pedra no ar.

"Quando a levantei, pensei que iria terminar em uns 30 minutos", contou à AFP. Mas continuou repetindo "Aguente só mais 10 minutos".

O participante permaneceu firme por duas horas e 14 minutos e terminou em quarto na classificação geral.

- Honesto e autêntico -

As produções sul-coreanas têm conquistado o mundo nos últimos anos.

De acordo com dados da Netflix, 60% dos usuários da plataforma consumiram algum conteúdo do país asiático em 2022.

Os investimentos também foram à altura do sucesso, cerca de US$ 759 milhões (em torno de R$ 3,9 bilhões) em conteúdos sul-coreanos entre os anos de 2015 e 2021, além do anúncio da expansão da produção de reality shows este ano.

"Os programas de não-ficção coreana não viajavam antes da Netflix começar a se tornar global", disse Don Kang, vice-presidente de conteúdo sul-coreano da empresa.

"Há algumas coisas que fizemos para tornar os shows mais compreensíveis para o público global", acrescentou.

Para o vendedor de carros Jo, uma das razões do sucesso do programa é companheirismo entre os participantes.

"Nós nos motivamos em cada prova, nos consolamos quando alguém perdia", contou à AFP.

A "relativa honestidade" destes programas faz parte de seu encanto para o público estrangeiro, disse Regina Kim, escritora de entretenimento e especialista em produções sul-coreanas que atualmente mora em Nova York.

"É um sopro de ar fresco para a audiência americana que pode estar cansada das estrelas de reality lutando o tempo todo", disse ela, acrescentando que estes consumidores podem voltar seus olhos para as produções sul-coreanas.

- Representatividade feminina -

Apesar do sucesso, "A Batalha dos 100" gerou polêmica ao colocar competidores de diferentes gêneros uns contra os outros, levantando questões sobre ser justo ou não. No final, os cinco primeiros colocados eram homens.

No entanto, Jang Eun-sil, uma das 23 mulheres na competição, disse à AFP que o formato do programa era "original e revigorante", o que a ajudou a se motivar ao longo dos desafios.

"Eu apenas fiz o meu melhor em cada momento, então não me arrependo e nunca pensei que fosse injusto", disse a lutadora de 32 anos, elogiada por sua liderança no programa.

Embora não tenha vencido, Jang ganhou muitos seguidores em suas redes sociais e comentou que competir no programa deu mais visibilidade ao seu esporte.

"Para ser honesta, a luta livre não é um esporte muito popular na Coreia do Sul", explicou, esperançosa de que mais compatriotas percebam que existem mulheres lutadoras.


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