Arrigo Barnabé conduz o público ao universo de Lupicínio Rodrigues

Arrigo Barnabé conduz o público ao universo de Lupicínio Rodrigues

Show com arranjos surpreendentes provocou sorrisos da plateia no StudioClio, na Capital

Leda Malysz / Correio do Povo

Arrigo Barbabé conduz o público ao universo de Lupicínio Rodrigues

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Ao escutar "Caixa de Ódio", música que dá nome ao show que apresentou nesta quinta-feira à noite no StudioClio, Arrigo Barnabé achou o nome "perfeito". "Nem parecia uma canção, do jeito que se fazia na época. Lupicínio era livre, e talvez por isso conseguia criar o que criou. Não estava seguindo gostos ou modas".

E livres foram também Barnabé, Paulo Braga no piano e Sérgio Espíndola no violão e baixolão durante o espetáculo. Com arranjos surpreendentes, o show, ao invés de convidar qualquer lágrima de dor de cotovelo, trazia sorrisos. Ria-se da desgraça, mas antes, ela era sentida - com a voz gutural de Barnabé embalada pelas cordas e piano de Braga e Espíndola.

A música de abertura "Cadeira Vazia", com seus versos "Entra, meu amor, fica à vontade / E diz com sinceridade o que desejas de mim", é seguida de "Migalhas", em que o intérprete diz não merecer sequer as migalhas que caem da mesa do seu amor. Vem "Castigo", seguido de "Volta" e "Aves Daninhas".

A atuação de Barnabé não se limita à voz. Ele interpreta, graceja, comenta, encaminha as canções. E consegue levar a seleta platéia do espaço cultural lotado para o universo de Lupicínio. Mas pelas mãos dele, não é nada triste. Ao cantar os versos "Quando eu estou em paz com meu bem / Ninguém por ele vem perguntar / Mas sabendo que andamos brigados / Esses malvados querem me torturar" ganha todo compadecimento do público. Como se todos sentissem assim também.

Parece raro não se identificar com as canções, por mais "dor de cotovelo" que pareçam. Afinal, "Quantos amores você teve? E quantas vezes traiu ou foi traído?", pergunta o filho de Lupi, Lupicinio Rodrigues Filho, o Lupinho, presente no show. "Uma lágrima que sai faz parte do rio que temos em nós. Quem não gosta do seu rio, não gosta de si. E não podemos negar o curso de nossas águas, nossa mais perfeita conjugação com a Natureza".

Lupinho subiu ao palco de surpresa. Era "Dona Divergência", e Barnabé "se perdeu completamente". O Filho, sentado na primeira fila, assumiu o microfone e cantou abraçado de Barnabé o final de "Dona Divergência" num dos momentos marcantes do show. No repertório não faltou "Judiaria", "Nervos de Aço", "Vingança", "Se Acaso Você Chegasse" e "Esses Moços", além de "Pro São João Decidir", uma parceria com Chico Alvez que para Barnabé é das mais "singelas", e "A Rainha do Show", a única que Lupicínio fez só a música - com letra de David Nasser.

Entre as canções, não faltaram comentários bem humorados sobre sentimentalismos. "É possivel saber que duas pessoas que estão conversando se amam ou não. Mais engraçado ainda é alguém te flagar nessa situação e você nem sabia que estava amando tanto". Ao final, mais de um bis, mais de uma vez todos aplaudindo de pé. Momentos depois, o Filho comenta: "A MPB tem uma vertente muito grande, com muitos rios. Como cada um possui seu rio caudaloso com seu peixe, seu criador. No seu rio, há encantos, e eles encontram-se no continente da arte e da poesia".

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