Artista judia protesta contra museu de Zurique por coleção da era nazista

Artista judia protesta contra museu de Zurique por coleção da era nazista

O Museu Kunsthaus abriga a coleção Emil Bührle, suspeita de contar com peças adquiridas no contexto da perseguição aos judeus na Alemanha nazista.

AFP

Miriam Cahn, de 72 anos, é conhecida por suas telas que retratam silhuetas diáfanas e espectrais

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A artista suíça de confissão judaica Miriam Cahn quer retirar suas obras do Museu Kunsthaus, de Zurique, que abriga a coleção Bührle, suspeita de contar com peças adquiridas no contexto da perseguição aos judeus na Alemanha nazista.

"Não quero mais estar representada 'nesse' Kunsthaus", disse Cahn, uma artista de renome mundial, em uma carta publicada nesta quarta-feira (22) no semanário judeu Tachles.

No texto, ela acusa a instituição de "cegueira histórica".

Desde a inauguração de uma nova ala em outubro passado para abrigar a coleção Bührle de forma permanente, o famoso museu se viu mergulhado em uma forte polêmica.

De origem alemã e nacionalizado suíço em 1937, o comerciante Emil Bührle (1890-1956) fez fortuna durante a Segunda Guerra Mundial vendendo armas para os aliados, mas também para a Alemanha de Hitler. Com isso, prosperou até se tornar o homem mais rico da Suíça.

Em vida, Bührle montou uma impressionante coleção de arte, que inclui telas de Manet, Degas, Cézanne, Monet, Renoir, Gauguin, Van Gogh, Picasso e Braque.

À época, teve de devolver, porém, algumas das obras, devido à sua procedência duvidosa. Suspeitava-se que haviam sido roubadas pelos nazistas, ou vendidas às pressas por seus proprietários para fugirem da Alemanha nazista. 

"Desejo retirar todas as minhas obras do Kunsthaus de Zurique. Vou comprá-las novamente pelo valor de mercado", escreveu Cahn, de 72 anos, conhecida por suas telas que retratam silhuetas diáfanas e espectrais.

Procurado pela AFP, o Museu Kunsthaus preferiu não comentar a carta do artista. 

"Até o momento, ela não nos comunicou sua intenção de 'retirar', ou de 'comprar de volta' suas obras", afirmou o assessor de imprensa da institução, Björn Quellenberg.

A decisão de expor a coleção foi tomada após um estudo histórico encomendado pelo Kunsthaus à Universidade de Zurique, a pedido das autoridades suíças. Agora, a pesquisa será revisada por um grupo de especialistas, anunciou o museu.


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