Artistas judeus apoiam discurso polêmico de diretor de 'Zona de Interesse' sobre Israel

Artistas judeus apoiam discurso polêmico de diretor de 'Zona de Interesse' sobre Israel

Fala de Jonathan Glazer segue gerando repercussão entre a comunidade judaica em Hollywood, quase um mês após a cerimônia de premiação; entenda o motivo

Estadão Conteúdo

Cineasta britânico Jonathan Glazer ao receber o Oscar falou sobre o conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza

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No Oscar, o cineasta britânico Jonathan Glazer falou sobre o conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza em seu discurso de agradecimento. Considerada polêmica, a fala do diretor de “Zona de Interesse”, filme sobre o Holocausto, segue gerando repercussão entre os membros da comunidade judaica em Hollywood, quase um mês após a cerimônia de premiação.

Na última sexta-feira, 5 de abril, foi divulgada uma carta aberta em apoio a Glazer, assinada por mais de 150 personalidades judias, dentre atores, cineastas e outros artistas da indústria criativa. Nomes como Joaquin Phoenix, Hari Nef, Debra Winger, Joel Coen e Boots Riley estão entre os signatários. 'Os ataques a Glazer também têm um efeito silenciador na nossa indústria, contribuindo para um clima mais amplo de supressão da liberdade de expressão e da dissidência, qualidades que a nossa área deve valorizar', destaca a carta, em resposta às críticas que o diretor vem sofrendo. 'Em seu discurso, Glazer perguntou como podemos resistir à desumanização que levou a atrocidades em massa ao longo da história.

O fato de tal declaração ser considerada uma afronta apenas sublinha a sua urgência', acrescenta o texto. 'Apoiamos todos aqueles que pedem um cessar-fogo permanente, incluindo o regresso seguro de todos os reféns e a entrega imediata de ajuda a Gaza, e o fim do bombardeamento e cerco contínuo de Israel a Gaza', complementa.

A abordagem do diretor havia sido desaprovada por outro grupo de judeus da indústria criativa, indignados com o discurso. Uma carta de repúdio com mais de 450 assinaturas foi publicada em 18 de março. 'Recusamos que nosso judaísmo seja sequestrado com o objetivo de estabelecer uma equivalência moral entre um regime nazista que buscou exterminar uma raça de pessoas e uma nação israelense que busca evitar seu próprio extermínio', dizia a documento.

O texto segue: '[O discurso] dá crédito ao moderno libelo de sangue que alimenta um crescente ódio antijudaico em todo o mundo, nos Estados Unidos e em Hollywood. O clima atual de antissemitismo crescente apenas ressalta a necessidade do Estado judeu de Israel, um lugar que sempre nos acolherá, como nenhum Estado fez durante o Holocausto retratado no filme do Sr. Glazer'.

O produtor de "Zona de Interesse”, Danny Cohen, também afirmou discordar 'fundamentalmente' da fala do colega. Segundo ele, o filme era visto como crucial para a educação sobre o Holocausto e foi 'confundido com o que está acontecendo atualmente, fosse a intenção de Jonathan ou não ao fazer a comparação'.

O que Jonathan Glazer disse em seu discurso

A fala de Glazer, que é judeu, foi parte de seu discurso de agradecimento pela vitória do filme "Zona de Interesse” na categoria de melhor filme internacional no Oscar. 'Nosso filme mostra como a desumanização leva ao pior cenário, moldando nosso passado e presente.

Neste momento, estamos aqui como pessoas que refutam que o seu judaísmo e o Holocausto sejam sequestrados por uma ocupação que levou ao conflito para tantas pessoas inocentes', disse o diretor. 'Sejam as vítimas do 7 de outubro em Israel ou do ataque contínuo a Gaza, todas as vítimas dessa desumanização, como resistimos?', completou Glazer.

"Zona de Interesse" também faturou o Oscar de melhor som. O filme mostra um novo ângulo do horror nazista ao retratar o cotidiano de uma família que leva uma vida confortável e abundante numa casa ao lado do campo de extermínio de Auschwitz. Trata-se da residência de Rudolf Höss (Christian Friedkin), comandante do campo. Com isso, Glazer explora a frieza com que as famílias nazistas viviam do lado de fora dos campos, ignorando os sinais de dor e sofrimento que aconteciam bem diante de seus olhos.


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