As mulheres e os seus dilemas

As mulheres e os seus dilemas

‘Se Meu Ponto G Falasse’ completa 26 anos e estreia temporada de hoje a quinta no 24º Porto Verão Alegre

Luiz Gonzaga Lopes

Dedé Leitão e Bruna Eltz vivem Bia e Ana no espetáculo "Se Meu Ponto G Falasse"

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Em 1997, ainda era o século XX e o dilemas e conflitos das mulheres eram outros, mas eram os mesmos. O empoderamento era algo distante, mas vislumbrado no horizonte. Vinte e seis anos depois “Se Meu Ponto G Falasse” volta a cartaz de hoje a quinta, às 20h, no Teatro do CHC Santa Casa (Independência, 75) pelo 24<SC120,176> Porto Verão Alegre. A comédia que atravessou a virada de século com Patsy Cecato e Heloísa Migliavacca à frente do elenco como Bia e Ana, tem nesta temporada a atuação das atrizes Dedé Leitão e Bruna Eltz. Ganha atualizações de texto e contexto, como é o caso de substituir coisas que se vê em TV e jornal, por Instagram, por exemplo. 

O espetáculo dirigido por Julio Conte conta a trajetória de duas mulheres que viveram as etapas obrigatórias da mulher do século XX. Sonharam com príncipes encantados, se decepcionaram com eles, viveram a dor da separação, a conquista da autoestima e do poder da sexualidade, conquistaram espaço no mercado de trabalho, descobriram seus talentos, e desvendaram um mundo cheio de possibilidades. Bia e Ana representam a mulher que se autorretrata após os avanços da revolução feminista e traça, com bom humor, o perfil da nova mulher, com autocrítica e pitada de autoajuda. 

A produção apresenta quatro fases da vida destas mulheres, todas ocorrendo em uma mesma data, que se revela através do calendário que, página após página, marca sempre o mesmo dia, revelando o eterno cotidiano da mulher. Na primeira fase - Cinderela - as personagens idealizam o Príncipe Encantado. A imagem feminina que conduz a narrativa é a santinha, representada por ícones dos anos 50, isto é, a mulher ingênua, delicada e frágil. Na segunda fase - A Bruxa - a mulher se relaciona com a separação e o desamparo a que se vê submetida. Ela é incapaz de cuidar de si mesma. Uma mulher doente, hipocondríaca, adepta do robe de chambre, bobs e unhas por fazer. É uma mulher que se lamenta e morre de pena de si mesma. Na terceira fase - A Loba - as personagens reagem em busca de novo sentido para suas vidas. Saem à noite e emergem como o ícone de Diana, a caçadora. Na quarta fase - A Profissional - as personagens descobrem talentos profissionais e transformam-se em bem sucedidas mulheres de negócios. Poderosas, elas usam sua feminilidade como arma, quando necessário, mas sem perder a ternura jamais.

“A peça é completamente feminista, tem muita ironia, mesmo quando trata de submissão ou de dependência de um príncipe encantado. Ela é muito atual. O texto sempre esteve de olho no empoderamento feminino, mesmo que não se falasse tanto do termo no final do Século XX. As personagens são muito parecidas com a gente. O que a gente conversa no Whatsapp tem tudo ali no texto, pois nós somos muito amigas”, comenta Dedé. “Quando a gente começou a ler o texto, acabou se identificando e dizendo que eram coisas que discutíamos no dia a dia e estavam no texto. A gente acabou propondo alterações com autorização do diretor e da Patsy e Heloísa”, revela Bruna. O espetáculo é produzido pela Cômica Cultural. Os ingressos podem ser adquiridos pelo site do festival.

 


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