As topografias de Guilherme Azambuja Castro
Autor lança livro de contos "Topografias da Solidão" nesta sexta, às 18h, no Terezas Café, em Porto Alegre
publicidade
O livro "Topografias da Solidão" (Editora Zouk, 146 páginas), de Guilherme Azambuja Castro tem lançamento nesta sexta, 2 de dezembro, às 18h, no Terezas Café (Rua Giordano Bruno, 318 - Rio Branco, em Porto Alegre). Nesta obra de contos, o cenário é Santa Vitória do Palmar, na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai. . A “topografia” da região, cuja “aura” o autor delineia e descreve, é o entre-lugar entre o sentido e o vivido, matéria que a memória do escritor fecunda pela vertente da literatura. Ali está a cidade, no espaço intermediário entre as terras de Portugal e Espanha. São os “Campos Neutrais”, sua natureza cármica e seus desdobramentos transpostos para o plano da ficção.
Binho, personagem dos primeiros contos deste livro, é uma espécie de “alter ego” de Castro, que nasce e cresce na cidade, junto à campanha. Não é a campanha idílica do século XIX, cantada pelos regionalistas e louvada por seus mitos. Nâo é o espaço heroico em que as guerras fronteiriças asseguravam aos vencedores a construção e o domínio do “nacional”, reforçando seu pertencimento. É a vida provinciana e difícil da cidade que os contos contemplam, o desdobramento de questões sociais que afetam os habitantes na transição dolorosa entre um período de vida construtivo e a dissolução de projetos e sonhos. Binho cresce junto à família num tempo de calmaria, presságio da tormenta. Suas relações afetivas são marcadas pela aceitação que beira o desamparo, no horizonte escasso de uma vida sem sonhos.
Em sua narrativa pesa o empobrecimento dos antigos proprietários de terras que, dividindo-se entre o campo e a cidade, são devorados pela crueldade capitalista. Endividamento, falência dos negócios, perda inevitável dos bens familiares alimentam o medo e a desesperança pelas graves transformações sociais que acarretam.
O projeto gráfico do livro também é carregado de simbolismo. Assinada por Maria Williane, a capa é uma metáfora da escrita do espaço – a topografia – e, na parte interna, traz um recorte poético das memórias do autor, com fotos, elementos gráficos e rascunhos.
Guilherme é formado em Direito e doutor em Escrita Criativa pela PUCRS. Publicou em coletâneas de contos e em revistas literárias. Foi vencedor do 21º Concurso de Contos Luiz Vilela (2011). Em 2014 foi finalista do Prêmio SESC de Literatura na categoria Contos. Foi vencedor do Prêmio CEPE de Literatura, categoria Contos, em 2015. Seu primeiro livro, "O amor que não sentimos e outros contos" (CEPE, 2016) e foi finalista do Prêmio Açorianos de Literatura.