Atenas inaugura Museu Maria Callas no centenário de nascimento da cantora

Atenas inaugura Museu Maria Callas no centenário de nascimento da cantora

A instituição reúne cerca de 1.300 peças, incluindo um álbum escolar de Callas, livros com anotações, trajes de ópera e fotografias, explicam os responsáveis

AFP

Busto de Maria Callas está na exposição

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Após 25 anos de preparação, a cidade de Atenas inaugura nesta quinta-feira, dia 26, o Museu que homenageia Maria Callas, o primeiro do mundo dedicado à lendária soprano.

Criado para comemorar o centenário de seu nascimento, o museu contém cerca de 1.300 peças, incluindo um álbum escolar de Callas, livros com anotações, trajes de ópera e fotografias, explicam os responsáveis.

"Maria Callas, a grande diva, voltou para casa", disse na quarta-feira o prefeito de Atenas, Kostas Bakoyannis, no museu, durante uma visita para a imprensa.

"Estamos muito orgulhosos deste primeiro museu que combina tecnologia e experiência física", acrescentou.

Em um antigo edifício dos anos 1920, de cor creme, onde antes acolhia um hotel de quatro andares, o museu fica localizado próximo à praça central de Sintagma.

O espaço foi construído ao longo de uma década e custou 1,5 milhão de euros (R$ 7,89 milhões na cotação atual).

No entanto, a coleção começou a tomar forma há 24 anos, quando a capital grega adquiriu alguns objetos de Callas em um leilão em Paris.

 "Para todos os sentidos" 

A jornada começa no segundo andar, onde os visitantes se deparam com uma paisagem de floresta em que Callas, desenhada em um cenário na parede de fundo, canta uma ária da ópera Norma de Bellini.

Outra sala recria a vista noturna da sacada da soprano em Paris. Em uma terceira sala, o visitante consegue ouvir a gravação de uma aula magistral de Callas na Juilliard School of Music, em Nova York, no início dos anos 1970.

"(Vocês) não precisam exagerar", dizia a ícone da ópera aos estudantes, encorajando-os a usar o rosto e os olhos. "Não é preciso cantar. Vocês devem eliminar o som", insistia.

"Este é um museu para todos os sentidos", disse um dos supervisores do projeto, Constantinos Dedes.

Entre as peças da coleção, destacam-se um álbum de fotos pessoais da soprano, o espelho de seu camarim e seus óculos de grau, que ela quase nunca usava em público.

Também estão em exibição caixas de fósforos que foram presenteadas por companhias aéreas e hotéis em sua última turnê mundial, durante 1973 e 1974, bem como o menu da festa em Veneza - onde Callas conheceu o empresário grego Aristóteles Onassis, em 1957.

Callas acabou se divorciando de seu marido, o industrial Giovanni Meneghini, após ter conhecido Onassis, que posteriormente a deixou para se casar com a ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Jackie Kennedy.

"Menina prodígio" 

Dezenas de instituições gregas e colecionadores privados, incluindo os artistas falecidos Alekos Fassianos, Dimitris Mytaras e Panagiotis Tetsis, contribuíram para o novo museu, explicou a autoridade municipal.

Algumas das peças foram doadas pela La Scala de Milão, a Ópera Metropolitana de Nova York, o Teatro La Fenice de Veneza e a Arena de Verona - onde Callas estreou na Itália, em 1947.

"Queremos atrair aqueles que não conhecem (Callas) e não ouvem ópera (...) e ajudá-los a entender o que a fez se destacar", explicou o produtor da exposição, Erato Koutsoudaki, à AFP.

O valor da entrada para o Museu é de 10 euros, equivalente a R$ 52,47.

Nascida em Nova York em 1923, Sophia Cecilia Anna Maria Kalogeropoulos viveu em Atenas de 1937 a 1945, após a separação de seus pais, ambos gregos.

"Minha mãe logo percebeu minhas qualidades vocais, decidiu me transformar em uma menina prodígio", descreveu, mais tarde, a cantora.

"Mas as crianças prodígios nunca têm uma infância real e genuína", acrescentava.

O edifício ateniense onde Callas viveu por um curto período de tempo com sua mãe e irmã deve se tornar uma academia de música, informou Bakoyannis na quarta-feira.

Depois de fazer aulas de canto no Conservatório Nacional, Callas estreou em 1941 na Ópera Real de Atenas.

Ela desfrutou de uma carreira ilustre de mais de três décadas antes de falecer, em 1977, aos 53 anos, devido a um ataque cardíaco, em Paris. Dois anos depois, suas cinzas foram espalhadas no Mar Egeu.

Em comemoração ao centenário de seu nascimento, no próximo ano, um filme biográfico com Angelina Jolie no papel da lendária soprano também deve ser lançado.


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