Ausente de Cannes, Godard fala sobre Catalunha e cinema
Cineasta respondeu perguntas da imprensa via FaceTime em sessão de 45 minutos
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Godard respondia, assim, a uma pergunta sobre a frase "Homenagem à Catalunha" que aparece em seu filme, uma sucessão de imagens que evocam, sobretudo, o mundo árabe e a guerra. Segundo ele, trata-se de uma alusão à obra de George Orwell e, ao mesmo tempo, aos fatos que se desenrolavam na Catalunha, enquanto ele montava o filme.
Na tradicional sala de imprensa, onde as equipes dos filmes em competição no Festival falam com os jornalistas, os repórteres foram passando um a um na frente do celular e de um microfone para fazer suas perguntas. Pelo aplicativo FaceTime, o cineasta respondeu a todas elas em uma sessão de cerca de 45 minutos. Respondeu afirmativamente ao ser questionado sobre se pensa em continuar fazendo cinema: "Sim, se conseguir, mas não depende de mim, e sim, das minhas pernas, muito das minhas mãos e um pouco dos meus olhos", continuou.
Algumas de suas frases foram difíceis de entender: "Quando se faz uma imagem, seja do passado, do presente, ou do futuro, para achar uma terceira, que começa a ser uma verdadeira imagem, ou um verdadeiro som, é preciso suprimir duas. Isto é: x + 3 = 1, essa é a chave do cinema", afirmou.
Como se previa, Godard não foi a Cannes na última sexta-feira para apresentar seu último trabalho, que disputa a Palma de Ouro. O franco-suíço também não compareceu em suas duas últimas seleções, em 2010 e 2014. No total, esteve sete vezes na competição oficial. Seu último filme, um compêndio de imagens de arquivo e de ficção, é dificilmente classificável.
Sua seleção este ano no Festival é especialmente simbólica, 50 anos depois de ter-se colocado à frente de uma ação de protesto até conseguir interromper a competição, como mostra de solidariedade com o movimento estudantil e operário em Maio de 1968.