Autenticidade de pintura é questionada em nova biografia de Leonardo da Vinci

Autenticidade de pintura é questionada em nova biografia de Leonardo da Vinci

Nova biografia de da Vinci questiona autenticidade da obra “O Salvator Mundi”

Correio do Povo

Avaliado em mais de R$ 300 milhões, quadro será leiolado em novembro

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Uma nova biografia de Leonardo da Vinci, escrita pelo jornalista e historiador Walter Isaacson, revelou "uma anomalia intrigante" que coloca em xeque a autenticidade de uma pintura do artista que é estimada em R$ 317 milhões. Declarado autêntico há apenas seis anos, “O Salvator Mundi” retrata Jesus gesticulando em benção com a mão direita enquanto segurava um orbe de cristal na mão esquerda e será leiloado em 15 de novembro pela Christie's, em Nova Iorque. Contudo, Isaacson pergunta por que um “gênio, cientista, inventor e engenheiro artístico” mostrou um "lapso ou falta de vontade incomum" para vincular arte e ciência ao pintar a joia.

O historiador, responsável pelos livros sobre a vida de Einstein, Steve Jobs, Henry Kissinger e Benjamin Franklin, escreveu em sua nova publicação, intitulada "Leonardo Da Vinci", que o quadro “não consegue retratar a distorção que ocorreria ao olhar através de um sólido orbe para objetos que não o tocam. “O vidro ou o cristal sólido, com a forma de um orbe ou uma lente, produz imagens ampliadas, invertidas e reversas. Em vez disso, Leonardo pintou o orbe como se fosse uma bolinha de vidro oca que não refuta ou distorça a luz passando por ele”, explica.

O autor argumenta que, se da Vinci tivesse pintado, a palma que tocava o orbe teria permanecido como ele o pintou, mas o que há dentro do objeto seria uma imagem espelhada reduzida e invertida das vestes e do braço de Cristo. A questão da autenticidade é ainda mais enigmática, ele observa, “pois Leonardo era, naquela época, profundamente imerso em seus estudos ópticos".

O autor da biografia questiona se o artista "escolheu não pintar desse jeito porque ele estava sutilmente tentando transmitir uma qualidade milagrosa para Cristo” ou se a obra não é sua autoria. Após pesquisa, alguns dos principais especialistas do mundo confirmaram a atribuição de “O Salvator Mundi” ao pintor renascentista em 2011, quando Luke Syson, o então curador da Galeria Nacional, incluiu o quadro em sua exposição de sucesso.

No entanto, outros estudiosos têm dúvidas. Frank Zöllner, da Universidade de Leipzig, escreveu em uma revista de arte em 2013 que a pintura poderia ser um "produto de alta qualidade feito em alguma oficina de Leonardo" ou mesmo de um seguidor posterior. Isaacson está particularmente interessado em pesquisar por Michael Daley, diretor da ArtWatch UK, que disse esta semana que "não há o suficiente para reivindicar que é um Leonardo”.

Um porta-voz da casa de leilões, que credita “O Salvator Mundi” como "uma das 20 pinturas menos conhecidas do artista e a única em mãos privadas", disse que "os trabalhos de Leonardo são conhecidas por seu mistério e ambiguidade. Ele estava intimamente familiarizado com o tecnicismo e as qualidades da óptica e da luz. Se ele tivesse recriado a imagem com exatidão ótica, o fundo teria sido distorcido”. "É nossa opinião que ele escolheu não retratá-lo dessa maneira porque seria muito perturbador", completou o representante da Christie's.

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