Autor e tradutor palestra sobre a literatura afro na Feira do Livro

Autor e tradutor palestra sobre a literatura afro na Feira do Livro

Robertson Frizero traduziu "Autobiografia de um Ex-Negro", de James Weldon

Leda Malysz / Correio do Povo

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Tradutor da primeira edição brasileira de "Autobiografia de um Ex-negro", de James Weldon, e finalista do Açorianos 2011 com o infanto-juvenil "Por que o Elvis Não Latiu?" (8Inverso) ilustrado por Tayla Nicoletti, Robertson Frizero palestrou nesta segunda-feira sobre a relação entre autobiografia, identidade cultural negra e a luta por igualdade na Feira do Livro. Conforme ele, há uma tendência de a literatura afro retratar o negro pela biografia.

Assim fez Ralph Ellison, com "O Homem Invisível"; Alice Walker com "A Cor Púrpura", e "Preciosa", de Shapphire, sendo o negro americano proveniente de regiões distintas da África, não unidos pela origem, mas pelas experiências da escravidão, até hoje. O relato amplia o sentido de comunidade e incentiva a organização social, conclui Frizero. "No Brasil, o movimento negro começa a ganhar força na década de 90. Nos EUA, 70 anos antes. Talvez porque aqui o preconceito é camuflado, porque não assumimos a história real", aponta.

Na novela norte-americana "Autobiografia de um Ex-Negro", de James Weldon, traduzida pela primeira vez no Brasil por Robertson Frizero em 2010, editora Inverso, um personagem ficcional, sem nome, narra sua trajetória. O sujeito, com pele clara mas origem negra, viaja pelos Estados Unidos e Europa, entre o final do século XIX e início do século XX.

No decorrer dos encontros, ele tem acesso a vivências com brancos de classe média, brancos ricos, negros pobres e negros ricos. Os brancos ricos, ou brancos, se referiam com desprezo ao negro iletrado, humilde. Os negros mais ricos, ou educados, criticavam seus pares em cor. Queriam ser aceitos e humilhavam os negros que poderiam manchar sua imagem.

"Apesar de ser uma obra praticamente centenária, seu conteúdo é super atual. Levanta questões raciais que não morreram", diz Frizero. "A lição deste livro é perceber como a sociedade demora para assimilar mudanças profundas em seu cotidiano. A liberdade dos negros virou um direito, uma lei. Mas a inserção de negros na sociedade começa a acontecer muito tempo depois, perante muita luta", avalia.





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