Barbie vs. Oppenheimer nos cinemas

Barbie vs. Oppenheimer nos cinemas

Dois dos mais aguardados filmes do ano estreiam nesta quinta-feira

Adriana Androvandi

Ryan Gosling e Margot Robbie em 'Barbie' concorrem nas bilheterias com 'Oppenheimer'

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Nesta quinta-feira, dois dos mais esperados filmes da temporada chegam aos cinemas: “Barbie” e “Oppenheimer”. A data gerou diversos memes nas redes sociais, colocando lado a lado imagens com as cores vibrantes do mundo da boneca contrastando com as sombrias da biografia do físico “pai da bomba atômica”. Algumas montagens até mesclam os tons, como uma foto de explosão com fumaça rosa. Brincadeiras à parte, os filmes aproveitam as férias estudantis para o seu lançamento e, ao que tudo indica, terão sucesso.

O PAI DA BOMBA ATÔMICA

“Oppenheimer” acompanha a vida do físico J. Robert Oppenheimer. Ele é vivido pelo ator Cillian Murphy, que entrega uma interpretação definitiva para a consagração em sua carreira. Pode receber, quem sabe, uma indicação ao Oscar. 

O longa-metragem tem três horas de duração. O roteiro é alternado em diferentes épocas, uma durante a década de 40, com a 2ª Guerra Mundial em curso, e a outra em 1954. Um período é apresentado em cores e outro em preto e branco.

O filme, com direção de Christopher Nolan, é baseado no livro vencedor do Prêmio Pulitzer, “American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer” (Prometeu Americano: O Triunfo e a Tragédia de J. Robert Oppenheimer), de Kai Bird e Martin J. Sherwin. “Eu queria entrar na cabeça de Oppenheimer”, explica o diretor, que definiu este longa denso como um suspense psicológico. 

A trama começa com Oppenheimer sendo um teórico e professor de Física nos EUA, após ter estudado no Exterior. Em 1942, é convidado a integrar o Projeto Manhattan, para pesquisar sobre energia nuclear e criar a bomba atômica. Como se sabe pela história, havia uma preocupação constante de que a Alemanha conseguisse produzir tal arma.

Nascido em uma família judia, Oppenheimer considerou à época que era melhor os norte-americanos terem uma bomba nuclear do que os nazistas. Acabou dirigindo o laboratório Los Alamos, onde foi realizado o teste Trinity, em 1945, que provou o sucesso da tecnologia. Embora os desafios científicos terem lhe tomado anos de plena dedicação, os questionamentos éticos eram constantes, especialmente depois das bombas serem jogadas em Hiroshima e Nagasaki.

Para Nolan, a “história de Oppenheimer é a mais dramática já contada”, pois traz o paradoxo vivido pelo homem que teve de arriscar destruir o mundo para tentar salvá-lo. Ficou conhecida sua citação de uma frase hindu: “Agora eu me tornei a morte, o destruidor de mundos”.

O filme não acompanha apenas o cientista como um homem atormentado. Seu personagem gera contradições. Por um lado, se admira sua genialidade, por outro, se sente repulsa pelo que ele criou. Mas a narrativa vai além. Mostra que após ter cumprido o que se esperava dele, foi escanteado por militares, incluindo um com quem trabalhou lado a lado, Leslie Groves (Matt Damon). Tornou-se ainda alvo de uma perseguição do almirante Lewis Strauss (Robert Downey Jr.), que queria desacreditá-lo quando Oppenheimer defendeu a criação de uma política sobre o desenvolvimento de armas nucleares.

Desta forma, o filme faz um resgate histórico do período do macartismo. Descobriram que a esposa (Emily Blunt) de Oppenheimer já tinha sido do Partido Comunista na juventude e chegaram a acusar Oppenheimer de colaborar com os russos, na fase que pode ser chamada de tragédia na vida do cientista.

O elenco do filme está repleto de excelentes atores, alguns oscarizados que fazem participações em poucas cenas. É o caso de Gary Oldman como o presidente Harry H. Truman, Casey Affleck como o militar Boris Pash e Rami Malek como um jovem cientista. Um dos momentos mais tocantes do filme, ainda que breve, é o encontro de J. Robert Oppenheimer e Albert Einstein (Tom Conti). Dois homens que mudaram o mundo, para o bem e para mal.

A BONECA EM CRISE

O filme “Barbie” vem causando um frenesi antes mesmo de estrear, por conta de sua paleta de cores vibrantes, figurino e direção de arte. A história começa ambientada na Barbielândia, um lugar perfeito e comandado pelas bonecas. Margot Robbie interpreta a “Barbie estereotipada”, loira e magra. Ela vive em sua casa ao lado de várias outras barbies da Mattel. A produção foi atenciosa aos mais diversos estilos e as bonecas ganham representação de diversas etnias e medidas. 

Mas engana-se quem acha que o filme será uma transposição de uma história infantil da Barbie, como algumas animações já realizadas. Quem conhece o estilo da diretora do filme, Greta Gerwig, sabe que ela já dirigiu longas com personagens femininas fortes e independentes, como em “Adoráveis Mulheres” e “Lady Bird: A Hora de Voar” e gosta de uma provocação. Por isso não se pode esperar um filme para crianças, mas um longa questionador e irônico.

Para começar, Barbie entra em crise existencial. Ela começa a questionar seu lugar no mundo. Ryan Gosling interpreta Ken, que tem como única função gostar da Barbie e é praticamente um acessório. Os homens lá são praticamente decorativos. Certo dia, Barbie tem pensamentos sobre morte, seu banho sai com água fria e seus calcanhares vão ao chão (a boneca sempre caminha na ponta dos pés). A partir daí, ela consulta um boneca mais experiente, que lhe indica ir para o mundo real para descobrir qual seu defeito. Ken resolve ir junto na viagem de carro e ambos vão parar em Los Angeles. 

No mundo real, Barbie percebe que os homens mandam na sociedade e que é odiada por muitas pessoas, inclusive adolescentes que já brincaram com ela, mas a abandonaram. O sentimento de ser descartável é um dos motivos que faz Barbie soltar sua primeira lágrima. 

Ken, por outro lado, gosta do que vê e resolve levar o patriarcado para Barbielândia, instaurando novos costumes no local. Enquanto Barbie vive sua crise, os donos da Mattel ficam apavorados com a descoberta de que a boneca está no mundo real e tentam encontrá-la para colocá-la de “volta dentro de uma caixa”. No meio da confusão, Barbie encontra sua criadora, a empresária Ruth Handler. 

Quando Barbie consegue retornar para sua casa, encontra tudo diferente. Neste ponto, a narrativa passa a abordar questões como identidade e amadurecimento. Barbie irá se unir às suas companheiras e criar um plano para derrotar o patriarcado da sua terra. Além disso, em um momento para “discutir a relação”, ela dá força para que Ken busque seu próprio caminho. Conceitos bem contemporâneos para uma boneca criada no fim dos 1950. Com uma estética muito atraente, o filme levanta questões como feminismo e consumismo.

Repleto de astros em seu elenco, o lançamento da Warner Bros. Pictures também apresenta grandes ícones em sua trilha sonora, como Dua Lipa, Billie Eilish, Sam Smith e Karol G. Nicki Minaj e Ice Spice repaginaram o clássico “Barbie Girl” na parceria “Barbie World”. O álbum será lançado amanhã, 21 de julho. 


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