Bienal do Mercosul: confira as obras do Cais do Porto

Bienal do Mercosul: confira as obras do Cais do Porto

No Armazém A6 estão reunidas instalações de doze artistas

Carolina Santos e Luciana Vicente

Performance "Homens Invisíveis" da artista portuguesa Luísa Mota

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O Armazém A6 no Cais do Porto está envolto em uma atmosfera futurística e pós-apocalíptica. As obras da 13ª Bienal do Mercosul já estão disponíveis para a apreciação do público. São doze artistas que preenchem o galpão com as mais diversas instalações que remetem ao tema deste ano "Trauma, Sonho e Fuga". A Bienal de 2022 estará em 10 locais da cidade até o dia 20 de novembro.

Com entrada pelo Cais Embarcadero (Av. Mauá, 1050), o Armazém A6 está aberto para visitações de terça-feira a domingo, das 9h às 19h. Para agendar uma visita mediada é preciso entrar no site da Bienal. 

Foto: Alina Souza

Há também, performances esporádicas (sem horário fixos), com é o caso de "Homens Invisíveis" da artista portuguesa Luísa Mota, que traz pessoas cobertas dos pés a cabeça com alumínio. 

Confira algumas obras

• "Um garimpo de si", de Adrianna Eu (Rio de Janeiro)

Foto: Alina Souza

Adrianna Eu faz um convite à reflexão sobre quem somos e o que realmente queremos. "Um garimpo de si" propõe um mergulho subjetivo a partir da experiência de sonhar de olhos abertos: adentrar nas vísceras daquilo que somos e nos tornamos ao longo da vida. Em meio a um emaranhado de linhas, peneiras suspensas balançam em um vai e vem incessante. Escadas pintadas de preto remetem ao escuro dos olhos fechados ou aquilo que velamos por não suportarmos, levando-nos pelos caminhos labirínticos e complexos do inconsciente. Em um país garimpado de tantas formas e a qualquer custo, a artista nos coloca diante de uma reflexão urgente.

• "Ar", de José Bento (Salvador)

Foto: Alina Souza

José Bento trata da falta de oxigênio, que figurou em manchetes aterradoras entre 2020 e 2021. Sua instalação é composta por objetos que representam, em tamanho real, cilindros de oxigênio hospitalares. O artista cria uma floresta de cilindros, utilizando madeiras variadas que representam os quatro principais biomas brasileiros: o Atlântico, o Amazônico, o Cerrado e a Caatinga. Há também madeiras de outros países, sinalizando que a falta de ar é global e tão ampla quanto a diversidade de leituras da obra Ar.

• "Zero Tolerance Silver Clouds", de Marila Dardot (Belo Horizonte)

Foto: Alina Souza

A instalação "Zero Tolerance Silver Clouds", de Marila Dardot, conecta a política estadunidense de imigração Tolerância Zero à instalação Silver Clouds (1966), de Andy Warhol. Em 2018, imagens de um centro de detenção no Texas chocaram o público ao mostrar aproximadamente 3 mil crianças presas e separadas de seus pais. Em um espaço gradeado, que Dardot interpreta como uma gaiola, as crianças usavam cobertores prateados restos com o mesmo material utilizado por Warhol nos balões de sua obra. Evocando um ícone da arte contemporânea, Marilá Dardot confronta os ideais do "Sonho americano" com as reais políticas migratórias do pais, que impedem a realização dos sonhos de muitas pessoas.

• "Travessia", de Leandro Lima (São Paulo)

Foto: Alina Souza

A obra de Leandro Lima é formada por uma longa peça de madeira, com uma estrutura vertebral conectada a uma quilha central, composta por 16 braços articulados, remetendo a uma embarcação. Os movimentos de peça simulam o exercício de remada, em diferentes padrões, mas mantendo um sincronismo constante. É possível ler a obra a partir do contexto atual, como um barco para ir e vir, ou para fugir. Os braços, ou remos, que são também feixes de luz iluminam o caminho para uma possível travessia, uma fuga coletiva em busca de novas caminhos e novos territórios.

• "Placebo", de Raphael Escobar (São Paulo)

Foto: Alina Souza

A instalção de  Raphael Escobar remete ao cenário de um barracão de produção de drogas e desenvolver comprimidos que possuem uma alta concentração de açúcar e cafeína, o artista estabelece relações entre o uso de substâncias lícitas e ilícitas e os moralismos implicados nisso. Um  vídeo composto a partir de apropriações mostra a produção de drogas, enquanto as legendas narram um passo a passo das etapas baseadas na produção de café. A intenção de Escobar é confundir o espectador acerca dos limites entre ambos os tipos de substâncias e, ao mesmo tempo, refletir sobre a relação de proximidade que mantemos com essas drogas. 

• "Sem título", de Antonio Tarsis (Salvador)

Foto: Alina Souza

A pesquisa de Antonio Tarsis está ligada às cidades e aos materiais que ele encontra na rua - objetos como frascos de medicamentos, balas de revólver e caixas de fósforo. Para O artista, o caminhar funciona como modo de conhecer e reconhecer a cidade e seus territórios. Na coleta e transposição de materiais para o mundo da arte. O ambiente instalativo feito com caixas de fósforo propõe uma imersão para ativar a memória coletiva em torno desse objeto tão popular no Brasil. A instalação evoca, em um segundo plano, discussões sobre temas importantes como o desmatamento, as minas de carvão, o alimento e a morte. 

Confira os outros locais expositivos:


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