Cacá Diegues afirma que cinema brasileiro vive seu melhor momento

Cacá Diegues afirma que cinema brasileiro vive seu melhor momento

Afirmação ocorreu durante exibição em Cannes de seu novo filme, "O Grande Circo Místico"

AE

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O cineasta Cacá Diegues, um dos fundadores do Cinema Novo nos anos 1960, elogiou os novos talentos do cinema brasileiro, durante a exibição em Cannes de seu novo filme, "O Grande Circo Místico". Exibido na mostra oficial, fora de competição, o longa conta a história de cinco gerações de uma família circense. Através da saga, o cineasta, 77, descreve como a sociedade vai mudando e os novos problemas que ela tem que enfrentar, como as drogas e a pobreza. 
O elenco do filme, rodado em Portugal, conta com o brasileiro Jesuíta Barbosa e o francês Vincent Cassel.

Como surgiu a ideia de contar a história de um circo?

Cacá: Fui espectador de circo durante muito tempo. Nasci no Nordeste do Brasil, uma região muito pobre, e a nossa diversão era o circo. E acredito que o cinema é o herdeiro do circo. E principalmente está o poema "O Grande Circo Místico". Sou um leitor de Jorge de Lima, mas nunca pensei em fazer um filme sobre seus poemas, porque são muito literários e muito difíceis de adaptar. Mas deste poema fizeram um balé, e os personagens me encantaram. E pensei que era uma maneira de fazer alguma coisa de Jorge de Lima no cinema

No filme, observa-se um declínio da sociedade atual, para as drogas, a violência, a pobreza. Por que escolher o mundo do circo para retratá-lo?

Para mim, o circo é a coisa mais próxima do temperamento humano, da forma como as pessoas atuam.

O que representa o personagem "Celavi", que sobrevive a todas as gerações?

Esse personagem não existe no poema, eu o inventei porque precisava para unir as gerações. Celavi é o único que conhece as coisas, que vê as coisas. Explica a história que se passa na tela. É a voz, o contador.

No meio desse circo decadente há um pouco de otimismo?

É um filme para a vida, não contra a vida. Não é um filme pessimista, é otimista, principalmente no fim da história. 

Este ano, o cinema latino está pouco presente na mostra oficial. A que você atribui isso?

Não se pode fazer dos festivais os juízes do cinema. Não são os festivais que decidem o que vale a pena ver, mas foram criados para mostrar o que foi realizado. É difícil para eles descobrir o cinema que não passa nos festivais, como o cinema latino. Para mim, estão equivocados, mas devem ter alguma razão. Não é sua culpa, é o que acontece hoje em dia no mundo: houve um momento em que a América Latina era muito interessante, mas, hoje, o mundo já não se interessa pela América Latina. E no cinema acontece o mesmo.

Como você vê a nova geração de cineastas brasileiros, como Walter Salles e Fernando Meirelles?

É formidável. Acho que o Brasil vive hoje o melhor período da história do cinema. Os jovens cineastas brasileiros têm muito estilo, personalidade, com uma diversidade que é muito importante. Porque o cinema brasileiro não pode ser uma única coisa, já que o Brasil é um país diverso.

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