Caetano e filhos fazem show com repertório familiar e divertido em Porto Alegre

Caetano e filhos fazem show com repertório familiar e divertido em Porto Alegre

Ao lado de Moreno, Zeca e Tom, ícone da MPB encantou o público do Araújo Vianna

Eric Raupp e Raphaela Suzin

Caetano e os filhos fizeram show intimista e divertido em Porto Alegre

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Se alguém duvidar que talento não pode ser passado de geração para geração, apresente o clã Veloso a esta pessoa. Junta aos filhos Moreno, Tom e Zeca , o patriarca - e um dos mais importantes nomes da cultura brasileira -, Caetano provou que o dom musical é uma dádiva de sua família.

Sentados lado a lado em cadeiras de madeira, acompanhados apenas por instrumentos, os quatro artistas realizaram na noite de terça-feira, no Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, um show intimista e divertido. Eles permaneceram o tempo todo no palco - um cenário simples, com poucos elementos (apenas um sol no centro e uma estrutura de fundo de cor amarela), que foram eficientes devido ao jogo de luzes.

Caetano, 75 anos, Moreno, 44, Zeca, 25, e Tom, 20 , alternaram cantorias coletivas com duetos, mas cada um deles teve seu momento solo, com composições próprias e inéditas. O repertório mesclou canções que consagraram Caê no cenário fonográfico e faixas dos filhos.

O show começou com “Alegria, Alegria”, performada logo depois de o público aplaudir em pé a entrada dos músicos no palco. Em seguida, “O Seu Amor” baixou o tom da apresentação. A primeira interação com a plateia veio após os versos de “Boas Vindas”, a terceira canção do show. “Essa canção eu compus quando o Zeca nasceu, ela é muito adequada, porque neste show o único estreante é o Zeca. Aproveitamos para dar as boas vindas a ele e também a vocês”, disse patriarca, numa fala sucedida por gritos.

Foi então que Zeca cantou sua autoral “Todo Homem". Depois, dividiu os vocais com o pai em “Céu de Santo Amaro”. Na voz de Moreno, o público ouviu “Um Passo à Frente” e respondeu com palmos sincronizadas ao aplausos ritmados puxados por Caetano.

No show, os Veloso interagiram entre eles e com o público, em um momento familiar.  “Agora Tom, que sempre disse que não gosta de cantar vai cantar uma canção inédita”, exclamou Caetano mais para o filho do meio do que para a plateia. O músico logo retrucou: "Mas você vai me ajudar". Assim, revezando os vocais, eles interpretaram “Clarão”. No meio da apresentação, a sonoridade acústica do show é quebrada pelo batidão de funk de "Alexandrino". No teclado, Zeca manda bases pré-gravadas e Tom dança, arriscando alguns passinhos.

Como já era esperado, os clássicos de Caetano foram os que mais empolgaram o público: “Oração ao tempo”, “Alguém Cantando”, “Ofertório” e “Reconvexo”, animaram o quase lotado auditório. Ao final deste clássicos, muitos aplausos e gritos. 

Moreno então disse que o pai havia pedido para ele aprender uma música para tocar para o público, “o que não faz sentido, porque ele está aqui do meu lado”. Nada menos do que “Leãozinho”, clássico de 1999, pinçada diretamente do álbum “Bicho”. A nostalgia se seguiu com “Gente”, outra clássico, na qual a plateia embalou palmas no refrão.

Em um momento mais “familiar”, Moreno apresentou sua inédita “Ninguém viu”, após explicar que o pai havia lhe dito que um show não é o completo sem uma canção nova. Então Caetano assumiu os vocais para cantar uma música para as mães dos filhos: “Ela e eu”, seguida de “Eu não me arrependo”. Depois, apresentou sua primeira parceira com o primogênito, quando ele tinha nove anos. A canção “Um Canto de Afoxé para o Bloco de Ilê"  teve letra composta pelo pequeno, enquanto ao pai ficou responsável pela melodia.

“Força Estranha”, ironicamente fortemente aplaudia, veio na sequência, mostrando a destreza dos artistas. O tom baixo foi a deixa para que os vocais deles se encontrassem em harmonia. O samba de roda “How Beautiful Could a Being Be” colocou o clã Veloso e o público para dançar. No palco, Caê e Moreno ficaram em pé, ensaiando alguns passinhos. E, aos 75 anos, o ícone da música brasileira mostrou que ainda tem muito samba no pé.

Contos

O show foi pontuado por histórias, que mais sucintas, outras que explicam a composição de alguns clássicos. Caetano contou como, aos 9 anos, Moreno escreveu a letra de “How Beautiful Could a Being Be” - um presente do filho para o pai. Ele contou também que - mesmo não sendo religioso - escreveu a música "Ofertório", para a festa de 90 anos de sua mãe, Dona Canô.

"Eu escrevi essa música porque minha irmã Mabel me pediu. Escrevi a letra como se fosse minha mãe dizendo aquelas palavras. Hoje eu falo essas palavras para os meus filhos que são muito religiosos - diferente de mim. Inclusive, a única pessoa que me apresentou argumentos que me conveceu sobre a crença em Deus foi Moreno. Mas essa história fica para outro dia", disse.

O show - com repertório de clássicos de Caetano, com músicas familiares e sucessos dos filhos - foi encerrado com "Está Escrito", sucesso de Xandi Pilares, que também empolgou o público.

Protesto

Logo após a primeira música do BIS, "Canto de um Povo de um Lugar / Um tom", Caetano entoou coro de "Fora, Temer". O público se juntou em uma só voz ao músico e, por alguns minutos, o auditório foi tomado por um protesto político.

Repertório

"Alegria, Alegria"
"O Seu Amor"
"Boas Vindas"
"Todo Homem"
"Jenipapo Absoluto"
"Um passo à frente"
"Clarão"
"De Tentar Voltar"
"A Tua Presença"
"Trem Das Cores"
"Um Só Lugar"
"Alexandrino"
"Oração Ao Tempo"
"Alguém Cantando"
"Ofertório"
"Reconvexo"
"Você me deu"
"Leãozinho"
"Gente"
"Um Canto de Afoxé para o Bloco de Ilê"
"Ninguém Viu"
"Ela e Eu"
"Eu Não Me Arrependo"
“Força Estranha”
“How Beautiful Could a Being Be”

BIS
"Canto de um Povo de um Lugar / Um tom"
"Deusa do Amor"
"Está Escrito"

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