Cannes se prepara para seu primeiro festival pós-Weinstein

Cannes se prepara para seu primeiro festival pós-Weinstein

71ª edição começa na terça-feira aberta a novidades e ciente da questão das mulheres

AFP

Cannes se prepara para seu primeiro festival pós-Weinstein

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O Festival de Cinema de Cannes, com Godard como atração principal 50 anos depois de Maio de 68, começa na terça-feira sua 71ª edição aberto às novidades, mas também ciente da questão das mulheres após o escândalo Weinstein. A disputa pela Palma de Ouro terá veteranos como o franco-suíço Jean-Luc Godard e o americano Spike Lee, de volta 27 anos depois de "Febre da Selva". Na ausência de um grande contingente de estrelas americanas - com apenas dois filmes, "BlacKKKlansman" de Spike Lee e "Under the Silver Lake" de David Robert Mitchell, e sem os filmes hollywoodianos de Xavier Dolan e Jacques Audiard - a competição será particularmente marcada por uma forte presença da Ásia e do Oriente Médio.

O casal Javier Bardem e Penélope Cruz vai abrir as festividades na terça-feira com o thriller psicológico "Everybody Knows" ("Todos lo saben"), novo filme do diretor iraniano Asghar Farhadi, filmado em espanhol. O diretor, que já esteve em Cannes com "O Passado" e "O Apartamento", conta a história de uma mulher que retorna com seus filhos para sua cidade natal na Espanha, mas terá sua vida bagunçada por eventos inesperados.

Dos 21 cineastas em competição, dez estão competindo pela primeira vez, incluindo o japonês Ryusuke Hamaguchi, a libanesa Nadine Labaki, o egípcio Abu Bakr Shawky - com seu primeiro filme "Yomeddine" -, os franceses Eva Husson e Yann Gonzalez ou ainda o iraniano Jafar Panahi e o russo Kirill Serebrennikov, cineastas sob vigilância em seu país. Ambos proibidos de viajar, esses diretores não vão estar presentes na Croisette, apesar dos esforços do Festival.

Entre os regulares, Jean-Luc Godard, de 87 anos, competirá pela sétima vez com "Le Livre d'image", quatro anos depois de receber o Prêmio do Júri por "Adeus à Linguagem". Já presente no cartaz de promoção deste 71º Festival - um beijo entre Jean-Paul Belmondo e Anna Karina em "O Demônio das Onze Horas" - o filho da Nouvelle Vague, um mito da 7ª arte, poderia aborrecer a Croisette, tendo faltado em 2014. Sua sombra, no entanto, deve pairar sobre as festividades em Cannes, 50 anos após o festival interrompido de maio de 68, que ele ajudou ativamente a parar com um pequeno grupo de cineastas.

O chinês Jia Zhangke e o japonês Hirokazu Kore-Eda vão competir pela quinta vez com respectivamente "Ash is purest white" e "Shoplifter", e o italiano Matteo Garrone pela quarta vez com "Dogman" sobre o assassinato em 1988 na Itália de um ex-boxeador que virou líder de gangue. Outro retorno é o dos franceses Stéphane Brizé e Christophe Honore, ambos em competição pela segunda vez com "En guerre" para Brizé, com Vincent Lindon, e "Plaire, aimer et courir vite" para Honore, história de amor homossexual nos anos 90.

Três mulheres - Eva Husson, Nadine Labaki e Alice Rohrwacher - vão competir pela Palma de Ouro, em uma edição em que o espaço das mulheres será cuidadosamente analisado, sete meses após o terremoto Weinstein. O júri será presidido pela atriz australiana Cate Blanchett, uma feminista engajada que se tornou nos últimos meses uma figura na luta contra o assédio sexual através do movimento "Time's Up". A atriz francesa Léa Seydoux, uma das acusadoras de Weinstein, é membro do júri, majoritariamente feminino.

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