Capoeira pode virar patrimônio cultural da Unesco

 A brasileiríssima capoeira e outras tradições da Bolívia, Chile, Peru e Venezuela integram o menu da nona reunião do Comitê para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco, que abriu seus trabalhos nesta segunda-feira, em Paris, sob a presidência do peruano José Manuel Rodríguez Cuadros.

Além da capoeira, que pode ser catalogada como folclore, esporte ou até mesmo como uma forma de arte surgida no século XVII entre os escravos, que a usavam como prática de socialização e solidariedade, as candidatas são as danças tradicionais da cultura "yampara", da Bolívia, e o "baile chino", praticado nas festas populares do Chile.

Também integra a lista a festa da virgem da Candelária, em Puno, apresentada pelo Peru, candidatura que originou uma reclamação da Bolívia, que alega que as danças incluídas nesta festa são de origem boliviana. Os rituais coletivos das "tamboradas" espanholas também estão entre as tradições submetidas à avaliação do comitê da Unesco.

No âmbito da lista de salvaguarda urgente, o comitê examinará uma candidatura venezuelana, a tradição oral dos "mapoyo" e seus pontos de referência simbólicos em seu território ancestral. Os "mapoyo" são um grupo indígena do sul da Venezuela, integrado por apenas 400 pessoas que vivem às margens do Orinoco. Sua tradição oral inclui narrativas que fazem parte da memória coletiva.

Ao abrir a sessão do comitê, Rodríguez Cuadros comemorou "a alta participação, nunca igualada desde o surgimento desta convenção, o que demonstra a importância que se dá a esta Convenção em nível nacional e internacional". O comitê da Unesco examinará nesta sessão 40 candidaturas à lista representativa do patrimônio imaterial e cinco candidaturas à lista de salvaguarda urgente, que reúne elementos do patrimônio vivo particularmente frágeis ou em perigo.