Moradores e blocos divergem sobre acordo para realização do carnaval de rua

Representantes dos blocos de rua do Carnaval de Porto Alegre divergiram nesta quarta-feira sobre o resultado da reunião realizada na terça, que redefiniu horários e itinerários das apresentações. As mudanças também não agradaram grupo SOS Cidade Baixa.

Um dos representantes do bloco Maria do Bairro, Rafael Tombini, criticou a posição da Prefeitura de realizar o encontro às vésperas dos desfiles, mas garantiu que as decisões tomadas – como manter o caminhão de som parado na rua Sofia Veloso – serão cumpridas. “Nos desagrada um pouco esta mudança (de permanecer com o bloco parado), mas pelo menos a gente consegue manter o nosso local de fundação. Sempre foi ali que fizemos e ali continuaremos”, disse. O Maria do Bairro vai se apresentar no dia 31 de janeiro. Em 2014, cerca de 40 mil pessoas participaram do bloco.

Durante o encontro, ficou acordado que os blocos terão que encerrar as apresentações às 21h, com uma hora a mais de tolerância, fechado as atividades às 22h.

Maurício Dorneles, do bloco Turucutá, destacou o aspecto positivo do encontro entre as partes, mas também lamentou a decisão na última de hora. “A avaliação positiva é de que a gente pode conversar todo mundo – blocos, moradores e poder público –, mas a parte negativa é que foi em cima da hora, faltando uma semana para os eventos começarem a acontecer”, frisou. O Turucutá vai percorrer a rua João Alfredo e as avenidas Loureiro da Silva e Praia de Belas em 8 de março.

Palco de critica, o circuito carnavalesco pela Orla do Guaíba, pode servir de inspiração para um dos representantes do bloco Filhos do Cumpadi Washington, Leo Muller. “Em relação a ir para a orla (do Guaíba) é uma coisa nova para o bloco, mas vamos fazer o melhor possível. É um super lugar. No Rio de Janeiro são em 10 ou 15 ruas de diferença que eles mudam um dia antes e ninguém reclama. Nós temos mania de reclamar muito antes de fazer. O nosso intuito é fazer na orla da melhor maneira possível para transformar em um grande carnaval de rua. Nosso desejo é que o Carnaval seja cada vez maior para Porto Alegre”, declarou Muller. Os Filhos Di Cumpadi Washington preveem reunir até 10 mil foliões em 21 de fevereiro.

Ao todo, 25 blocos irão desfilar pela cidade entre 17 de janeiro a 8 de março. As ideias de trajeto único e dispersão na orla do Guaíba não tiveram consenso durante a reunião. Parte dos blocos, porém, não vai sair do mesmo lugar. Os locais de dispersão incluem as ruas Sofia Veloso e Lima e Silva, a praça Isabel, A Católica, em frente ao Tribunal de Justiça, a Usina do Gasômetro e o Anfiteatro Pôr-do-Sol.

Planejamento desagrada associações do bairro Cidade Baixa

Em uma reunião nesta quarta-feira com o Ministério Público, moradores que fazem parte de associações do bairro Cidade Baixa assinaram, com ressalvas, o acordo com os blocos e a Prefeitura que mantém a passagem de blocos de Carnaval pela região. “Acordo ruim, excessivo em termos de eventos e potencialmente perigoso, mas ainda assim melhor que a anarquia completa do ano passado”, escreveram representantes do grupo SOS Cidade Baixa, em uma postagem no Facebook. O grupo defende que, em 2016, os eventos sejam mais descentralizados e sempre acompanhados da melhor estrutura que a Brigada Militar e a Prefeitura puderem oferecer.

Parte dos blocos de Carnaval de Rua da Capital pode ter efetivo reduzido da BM

Em função de outros eventos de porte na Capital, como o Carnaval do Complexo do Porto Seco, a procissão de Navegantes e os jogos do Gauchão, o comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel, Francisco Vieira, advertiu que, em parte das datas, o efetivo de PMs para os blocos pode ser de apenas 20 a 30 brigadianos.