"Carta de Porongos" retorna para o Arquivo Histórico

"Carta de Porongos" retorna para o Arquivo Histórico

O documento histórico foi restaurado com recursos do Programa Avançar na Cultura

Correio do Povo

O documento “Carta de Porongos" foi restaurado com recursos oriundos do Programa Avançar na Cultura, do governo do Estado

publicidade

Na última segunda-feira, dia 27, Ananda Simões Fernandes, diretora do Arquivo Histórico do RS (AHRS), instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), recebeu das mãos da conservadora e restauradora Vera Zugno, o documento “Carta de Porongos", que foi restaurado com recursos oriundos do Programa Avançar na Cultura, do governo do Estado. Devido à sua importância histórica bem como todas as discussões que ele provoca, ainda nos dias atuais, o documento foi um dos selecionados para passar pelo processo de restauração.

O polêmico documento conhecido como “Carta de Porongos” faz parte da  Coleção Alfredo Varela e se encontra sob a classificação CV-3730, no AHRS. Trata-se de uma cópia do documento subscrito pelo então Barão de Caxias, Luis Alves de Lima e Silva, endereçado ao coronel Francisco Pedro de Abreu, comandante da 8ª. Brigada do Exército, no período da Guerra dos Farrapos (1835-1845).

Segundo a carta, o ataque ao Corpo de Lanceiros Negros, teria sido negociado com o líder farroupilha, David Canabarro, auxiliado pelo coronel Lucas de Oliveira, com as tropas imperiais. Essa ação teria feito parte das tratativas de paz entre os farrapos e o Império.

Lanceiros Negros

Lanceiros Negros foi um grupo formado homens negros escravizados que participaram da Guerra Civil Farroupilha com a condição de lutarem como soldados. Seu vestuário era constituído por sandálias de couro, colete, chiripá de pano e braçadeira vermelha, simbolizando a República. Durante dez anos, combateram ao lado dos farrapos contra as tropas imperiais, montados em seus cavalos e armados com lanças compridas.

20 de Setembro e o O Massacre de Porongos

O Massacre de Porongos ocorreu em 14 de novembro de 1844, e levou à morte centenas de homens escravizados que faziam parte dos Lanceiros Negros, transformados em soldados farroupilhas com a promessa de liberdade.

Os Lanceiros Negros lutaram ao lado do exército Farroupilha contra o Império, com a promessa de liberdade ao fim do conflito. Entretanto, quando se aproximou o fim da guerra, centenas de homens escravizados, desarmados e comandados pelo farroupilha David Canabarro, foram massacrados pelo exército imperial no distrito de Piratini, no Cerro dos Porongos, hoje município de Pinheiro Machado. Esse episódio ficou conhecido como Massacre dos Porongos e facilitou as negociações de paz dos farroupilhas com o Império, que culminou na assinatura do Tratado de Poncho Verde, em 1845.

Homenagem e reconhecimento

Tramita no Congresso Nacional, projeto de autoria do senador gaúcho, Paulo Paim, já aprovado pela Comissão de Educação do Senado (PL 3.493/2021), que inscreve os Lanceiros Negros no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. O texto tem caráter terminativo e segue para a Câmara dos Deputados.

O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria é guardado no Panteão da Liberdade e da Democracia, monumento construído em Brasília em homenagem ao ex-presidente Tancredo Neves.

Podem ter os nomes inscritos no livro brasileiros que tenham oferecido a vida para a construção ou defesa do país com excepcional dedicação e heroísmo, desde que decorridos dez anos de sua morte.


Mais Lidas

Guia de Programação: a grade dos canais da TV aberta desta quarta-feira, dia 1 de maio de 2024

As informações são repassadas pelas emissoras de televisão e podem sofrer alteração sem aviso prévio

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895