Cineasta mexicano Cuarón ganha Leão de Ouro em Veneza
Filme "Roma" foi eleito Melhor Filme da 75ª edição do Festival
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Sem celebridades, o filme mais intimista do cineasta mexicano, em preto e branco, se inspira em sua própria família, nos amores e desamores de criados e patrões, um documento emocionante e comovente sobre as diferenças sociais e raciais de seu país. Depois do hollywoodiano "Gravidade", vencedor em 2013 de sete prêmios Oscar, o cineasta mexicano volta a filmar em espanhol para narrar a América Latina que conhece, onde contrastes sociais convivem em um universo repleto de sentimentos, reflexões e diferenças culturais que se cruzam e se alimentam.
Na lista de favoritos desde o início, "Roma", nome do bairro onde cresceu, recebeu a nota máxima (5) de cinco dos dez críticos internacionais - os outros cinco lhe deram 4,5 - consultados pela Ciak, a revista oficial da Mostra. A vitória de Cuarón relança também o debate sobre o Netflix, gigante audiovisual que produziu e distribuiu o filme, e abre caminho para outro Oscar do diretor mexicano.
Realizado com técnicos mexicanos, o longa poderia concorrer como Melhor Filme Estrangeiro em Hollywood, um troféu que o mexicano ainda não tem. Cuarón também recebeu, neste sábado, o prêmio SIGNIS da Associação Mundial Católica da Comunicação por "Roma", indicaram os organizadores. Classificado por vários críticos italianos como uma "obra-prima", "épico" e "deslumbrante", o filme é dedicado a Libo, a babá de Cuarón. Sua personagem, a doméstica de origem indígena Cleo, é interpretada magistralmente por Yalitza Aparicio. "Ela foi minha babá na infância e depois se tornou parte da família, e nós viramos parte de sua família", afirmou o diretor.
Latino-americanos premiados
O filme guatemalteco "José", do diretor e roteirista sino-americano Li Cheng, uma chocante história de amor homossexual em uma Guatemala pobre, foi premiado com o "Leão Queer" pela Associação para a Visibilidade do Mundo Homossexual. O prêmio acontece em um momento importante no país, devido ao debate interno provocado por um projeto de lei que demanda o reconhecimento da identidade de gênero da população transexual.
Já o documentário do cineasta sérvio Emir Kusturica, sobre a vida do ex-guerrilheiro uruguaio José Mujica, com o título "Pepe, uma vida suprema", uma coprodução argentino-uruguaia, foi premiado pelo Conselho Internacional de Cinema e Televisão da Unesco. Mujica se tornou, involuntariamente, a estrela do festival de cinema de Veneza, provocando aplausos por sua simplicidade e seu desejo de ser uma referência ética para o mundo depois de sua passagem na segunda-feira pelo tapete veneziano.