Com doações secretas e shows gratuitos, George Michael foi um "filantropo anônimo"

Com doações secretas e shows gratuitos, George Michael foi um "filantropo anônimo"

Após a morte do britânico, vêm à tona ações até então desconhecidas para o público

Correio do Povo

Entre outras ações, músico ajudou a pagar fertilização in vitro de mulher que não conseguia engravidar

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O britânico George Michael, morto aos 53 anos neste sábado, foi um verdadeiro astro mundial da icônica década de 1980, um cantor e compositor cujas melodias românticas escondiam uma intimidade tumultuada, permeada por problemas com drogas e separações. Sua vida privada era, não raramente, manchete nos jornais mundiais, mas seus atos de solidariedade recebiam pouca atenção midiática. Entre as ações do músico, realizadas grande parte secretamente, estão doação para uma mulher que precisava de dinheiro para fazer uma fertilização in vitro, concerto gratuito para enfermeiros e luta pelo combate à fome na África. 

Horas após a morte do ex-integrante da Wham!, o apresentador britânico Richard Osman, do programa "Deal or No Deal", contou em seu perfil do Twitter que Michael doou secretamente 15 mil libras (cerca de R$ 60 mil) a uma mulher que pedia ajuda para realizar uma fertilização in vitro, pois não conseguia engravidar. "Uma mulher no [programa] 'Deal or no deal' nos disse que precisava de £15 mil para um tratamento de IVF. George Michael telefonou em segredo no dia seguinte e deu para ela os £15 mil", escreveu Osman, que era produtor executivo do programa na época.

Dame Esther Rantzen, fundadora e presidente da "Childline", disse que "por anos ele vinha sendo o filantropo mais generoso", dando dinheiro para a instituição de caridade localizada em Londres e que oferece aconselhamento por telefone a jovens em situação de vulnerabilidade. "Ele estava determinado a não fazer sua generosidade pública para que ninguém fora da caridade soubesse o quanto ele deu às crianças mais vulneráveis da nação", disse a inglesa, que também afirmou que sua ONG, que em 2017 completa 30 anos, organizava uma homenagem ao músico, "que ajudou a mudar e salvou a vida de muitos jovens".

O jornal britânico "The Guardian" aponta que a estrela frequentemente reservava ingressos de seus shows para funcionários do NHS (National Health Service - Serviço Nacional de Saúde), e uma vez se apresentou de forma completamente gratuita para os enfermeiros do local,  como forma de agradecimento pelo cuidado que tiveram com sua mãe, Lesley Angold, que morreu de câncer em 1997. O músico e ativista Billy Bragg confirmou a informação e postou no Twitter uma imagem de uma nota de um jornal divulgado o show. Na página fotografada, se lê uma citação atribuída a Michael: "os enfermeiros que ajudaram minha família na época foram pessoas incríveis, e eu percebio o quão desvalorizados eles são".


Na mesma rede social, a jornalista Sali Hughes comentou que há alguns anos escreveu que uma celebridade tinha doado uma gorjeta de cinco mil libras (cerca de R$ 20 mil) para uma garçonete porque ela esta chorando por causa das dívidas. Sali, que até então não havia informado quem era o doador, revelou se tratava do intéprete de sucessos como "Club Tropicana" e "Wake Me Up Before You Go-Go". Ela ainda escreve uque Michael fora o único participante da versão para famosos do programa "Who Wants To Be a Millionaire" que se sentiu confortável em apostar todo o dinheiro que havia arrecadado, pois ele estava decidido a pagar do seu próprio bolso caso perdesse.

A atriz Emilyne Mondo confidenciou pela plataforma que ela e Michael realizaram serviço voluntário anonimamente em um abrigo para moradores de rua. "Eu nunca contei sobre isso, ele pediu que não o fizesse. É quem ele era".


Lynda Thomas, diretora-executiva do Macmillan Cancer Support, disse que era "extremamente grata a George e enviava suas condolências à famílias, aos amigos e aos fãs deles".  Outra causa defendida pelo cantar era o combate à AIDS - seu parceiro Anselmo Feleppa morreu em decorrência de uma complicação causada pela doença em 1993. Por isso, ele apoiou financeiramente o Terrence Higgins Trust até o seu último dia.  A presidenta da institituição, Jane Barron, comentou que estava devastada com a perda de alguém que gentilmente doava "experiências e presentes que foram usados para levantar fundos vitais para aqueles que vivem com HIV".

Ela também agradeceu, em entrevista à BBC, ao benefício dos royalties do dueto de Michael e Elton John,"Don’t Let the Sun Go Down on Me", cuja renda. "contribuiu para uma visão de um mundo onde as pessoas vivendo com HIV possam viver de forma mais saudável, livres de preconceitos e discriminação". De acordo com a emissora estatal britânica, o artista cedeu todos os lucros da música "Jesus To a Child" e "Everything She Wants" para o combate da fome na Etiópia. Ao todo, estima-se que mais de 19 milhões de libras tenham sido arrecadadas.

Os fãs dos Beatles não esqueceram de uma atitude específica do músico: em 2000, Michael comprou de um colecionador o piano de John Lennon usado para compor o clássico utópico "Imagine" por 1,4 milhões de libras (R$ 5,8 milhões). Ele entou doou o instrumento ao Museu da História dos Beatles, em Liverpool, de modo que pudesse ser mantido na cidade natal de Lennon para sempre. Na ocasião, afirmou que "não era o tipo de coisa que deve ser armazenada em qualquer lugar ou ser protegida, mas deveria ser vista pelas pessoas".

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