Controversa coleção de 85 obras de Miró permanecerá em Portugal

Controversa coleção de 85 obras de Miró permanecerá em Portugal

Decisão do governo põe fim a uma batalha política iniciada em 2014

AFP e Correio do Povo

Obras foram colocadas em leilão em 2014 por uma empresa londrina, mas ação foi cancelada

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Uma coleção de 85 obras do artista catalão Joan Miró, propriedade do Estado português desde a nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN), permanecerá em Portugal, assegurou nesta terça-feira o primeiro-ministro do país, António Costa. Tomamos a decisão de manter de forma definitiva a famosa coleção na cidade do Porto", declarou à imprensa durante inauguração da 3ª Cimeira do Turismo Português. Entretanto, ele não afirmou se as peças continuarão nas mãos do Estado ou se poderão ser vendidas.

As obras serão expostas pela primeira vez a partir do sábado no Museu de Serralves do Porto. A exposição, intitulada "Joan Miró: materialidade e metamorfose", poderá ser vista até 28 de janeiro de 2017. Entratanto, o destino da produção depois da mostra é desconhecido. O ministro da Cultura Luís Filipe Castro Mendes, no que toca custos de instalação, manutenção e gestão do acervo, comunicou por meio de assessoria que "é ainda prematuro falar sobre este assunto”. Ele ainda se recusou a tecer qualquer comentário sobre a decisão anunciada, reservando a sua posição para o momento da inauguração oficial.

Com os Mirós em exposição, o Porto terá “um novo pólo de atratividade que ajude a consolidar e a reforçar a que tem tido ao longo dos anos”, acrescentou o primeiro-ministro. A decisão sobre onde as obras ficarão instaladas permanentemente recai sobre o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira. A hipótese é de que fiquem no Palacete Viscondes de Balsemão, na Casa do Infante, no Palacete Pinto Leite, ou no antigo matadouro industrial, para o qual foi já apresentado um ambicioso projeto de transformação num centro polivalente de artes e patrimônio.

Foi uma prioridade para o governo de António Costa garantir a manutenção das produções em Portugal, tento em vista que seu antecessor, Pedro Passos Coelho, quis vendê-las num leilão em Londres, com o qual esperava arrecadar cerca de 35 milhões de euros. Sob o pretexto de tapar um "buraco" nos cofres públicos. Contudo, Coelho teve que enfrentar vários processos judiciais da oposição de esquerda, o que levou a casa de leilões Christie's a cancelar, em 2014, a ação por causa do impasse e suas consequentes "incertezas legais".

A decisão agradou João Fernandes, diretor-adjunto do Museu Nacional-Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid, um dos mais importantes da Espanha. O curador, no começo das negociações, mostrou-se contra a permanência de toda as peças no país vizinho, por considerar que era algo “desigual”, mesmo se continha “obras muito relevantes de um artista fundamental do século XX”. Entretanto, mudou de ideia poia percebeu que "elas obras funcionam como um todo". “São extraordinárias notícias para Portugal e para o patrimônio do país. Todos nós vamos ficar mais ricos. Agora há que trabalhar e procurar que a coleção seja apresentada em boas condições”, comentou.

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