Coreografia de "Envolver" ajudou a impulsionar sucesso da música de Anitta, avaliam especialistas

Coreografia de "Envolver" ajudou a impulsionar sucesso da música de Anitta, avaliam especialistas

Dancinhas e desafios na web também ampliam alcance mundial de hits de outros artistas como Pedro Sampaio e Luísa Sonza

R7

Hits de Luísa Sonza, Anitta e Pedro Sampaio contam com coreografias virais

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Você provavelmente se lembra da icônica coreografia de Single Ladies, hit de Beyoncé, certo? E se alguém falar de Thriller, fenômeno de Michael Jackson, a dança é a primeira coisa que vem à mente, não é? Ou que tal reviver alguma das dancinhas eternizadas pelo grupo É o Tchan?

Não é de hoje que os passos de dança marcam as músicas pop, mas nos últimos anos, com a ascensão de aplicativos como o TikTok, as coisas chegaram a um novo patamar e muito mais canções apostam em coreografias. 

Recentemente, a brasileira Anitta explodiu com Envolver, hit em espanhol que chegou ao primeiro lugar da parada global de mais tocadas do Spotify. A música também conta com uma dança que viralizou nas redes sociais. 

Mas será que a dancinha de Envolver teve papel fundamental para a música bombar ainda mais mundialmente? O R7 ouviu especialistas que avaliaram o quanto uma coreografia pode servir para tornar um hit ainda maior. 

Para Thiago Gimenes, produtor musical e jurado do programa Canta Comigo Teen, coreografias ajudam a tornar as canções mais conhecidas: "A nossa geração cresceu dançando Macarena, por exemplo. Então a dança estar ligada à música é muito natural e uma coreografia ajuda muito a impulsionar a música. Eu acredito que precisa haver um casamento entre a letra, a música e a dança para que tudo funcione. É preciso saber diferenciar também que existem músicas e composições feitas para questionar, fazer a gente pensar, e músicas que são para entretenimento, então é muito normal a letra não ser assim tão profunda".

Tony Aiex, fundador e editor-chefe do portal Tenho Mais Discos Que Amigos!, concorda que lançar coreografias pode mesmo ampliar o sucesso de uma canção, mas que não basta apenas isso para garantir um hit: "Acho que é uma realidade entre os jovens [a tendência das coreografias], e os músicos têm que entender o potencial disso tudo. Quem está sabendo utilizar, conseguiu aumentar exponencialmente seus números em outras plataformas como o Spotify. Quem surfou só na onda de um viral, pode até ter conquistado sucesso rapidamente para depois se frustrar com números baixos".

Para Tony, existem casos em que as dancinhas viralizam mais que a própria música em si, o que pode não ser tão bom para os artistas: "Quando isso acontece a tendência é o trabalho do artista ser esquecido rapidamente. É por isso que artistas, gravadoras e produtores estão cada vez mais ligados em fazer canções que tenham partes interessantes para os vídeos curtos, mas também sejam complementadas com outras obras do artista e assim ele possa ter seguimento na carreira". 

ALÉM DAS REDES SOCIAIS

E as dancinhas não estão restritas apenas ao mundo virtual. Segundo o DJ Ciro Iadocico, o gosto por aprender coreografias parece ter sido potencializado com o isolamento na pandemia de Covid-19: "O reencontro com a pista depois de quase 2 anos, e após o estouro dos 'challenges', foi no mínimo curioso. Eles migraram com força para as pistas de dança e os hits com coreografias são sempre os mais aguardados e pedidos pelo público também". 

Para chegar arrasando nas baladas, muitas pessoas têm investido até em aulas. Mafe Lemos, professora de dança e fundadora do Instituto Meyfe, viu sua clientela aumentar nos últimos anos: "O TikTok abre portas quando se fala do primeiro contato ou do resgate dos clientes com a dança. Muitos me procuram para aprender a dançar a 'nova música da Luísa Sonza', o 'novo hit da Anitta', 'o challenge da Beyoncé' e utilizo esse contato para promover novas experiências e repertórios corporais. A cada dois meses, mais ou menos, faço uma aula só com os refrães dos hits do TikTok, e é um sucesso".

ANITTA NO TOPO

Envolver segue no segundo lugar da parada global do Spotify, depois do feito inédito atingido por Anitta, que se tornou a primeira brasileira a emplacar uma música no topo da plataforma.

Além disso, mais de 1,4 milhão de vídeos usam a música no TikTok até o momento. Já no YouTube, o clipe da música ultrapassa as 90 milhões de visualizações. Para o DJ Ciro Iadocico, a estrela brasileira é sinônimo de sucesso também no quesito coreografias: "Quando se fala em Anitta e pista de dança é impossível que não haja receptividade. Fazer um set em uma festa pop hoje sem Anitta no repertório é impossível. Envolver foi mais um hit que já vinha sendo requisitado e podíamos encontrar pesssoas na pista fazendo a coreografia. Nas últimas semanas, tanto os pedidos pelo hit aumentaram quanto as pessoas no chão fazendo a coreografia", se diverte ele. 

Thiago Gimenes avalia que Anitta foi estrategista ao lançar o desafio de dança de Envolver: "Eu tenho certeza que muito do sucesso da música vem pela coreografia, pelo 'challenge' de você conseguir dançar, precisa de uma disposição física boa para fazer aquela coreografia. A Anitta é muito antenada, muito esperta com as tendências".

Mafe Lemos também mostra sua visão dos motivos que fazem Envolver ser esse fenômeno: "As pessoas querem fazer como as grandes musas do pop. O 'challenge' de Envolver trás desafios de força, coordenação motora, movimentos coordenados a muita sensualidade".  

Já Tony Aiex elogia o hit de Anitta, dizendo que os méritos de Envolver vão muito além de apenas uma coreografia que viralizou: "A canção é muito boa e de um estilo amplamente popular hoje em dia. Misturando traços do pop e do reggaeton para públicos bem maiores que o brasileiro, Anitta fez uma megaprodução e chegou lá merecidamente. Ao cantar em espanhol, ela não só fala com a maior parte do continente americano como também fala para mercados como os Estados Unidos, onde o público latino é enorme. A dancinha é marcante e faz parte do pacote. É por isso que eu acho que o 'challenge' pelo 'challenge' é vazio se a música que o acompanha não é realmente muito boa".

AS DANCINHAS VIERAM PARA FICAR?

Outros nomes nacionais como Luísa Sonza, Ludmilla, Gloria Groove, Pedro Sampaio e gringos como Chloe Bailey, Cardi B, Megan Thee Stallion e Doja Cat também têm viralizado com músicas acompanhadas de coreografias. 

Parceria de Davi Kneip, MC Frog, DJ Gabriel do Borel e Luísa Sonza, o remix sentaDONA também emplacou na parada global do Spotify, chegando à posição 35. Nas paradas brasileiras, a música, que conta com coreografia viral na web, está em segundo lugar, atrás apenas de Envolver, que mantém o topo do pódio nacional. 

Com a tendência aumentando, será que existe algum ponto negativo nessa pressão para que os artistas consigam um hit através da dança? "O TikTok, na verdade, só massificou algo que já é natural. Dentro da história, muitas músicas ficaram conhecidas pela coreografia. É uma expansão da arte, a dança. Hoje, os artistas estão buscando músicas onde a coreografia ajude a decorar a letra, onde tudo esteja sincronizado. E na verdade não é uma pressão, faz parte do mercado entender essa tendência e se manter atualizado", opina Thiago Gimenes.

Para Tony Aiex outra tendência parece ser tão forte quanto a dos 'challenges': "Músicas com um refrão grudento, uma construção interessante e trechos de letras marcantes também chamam a atenção do público que começa a fazer vídeos com elas. Se Tá Solteira, do FBC com o VHOOR, por exemplo, viralizou muito mais pelo seu forte conteúdo, perfeito para vídeos curtos, do que por danças e 'challenges' estimulados". 

Dono de hits que tem refrão chiclete, Pedro Sampaio emplacou diversos sucessos nas paradas, todos com coreografias, especialmente Dançarina e Galopa, sendo que este último conta com quase 500 mil vídeos no TikTok e se aproxima dos 160 milhões de visualizações no YouTube, somando o clipe oficial e o vídeo com a coreografia. 

A professora Mafe Lemos também enxerga outros fatores que contribuem para a viralização de músicas como as de Pedro Sampaio, Anitta, Luísa Sonza e Ludmilla: "Quando você aprende ou ensina uma coreografia, você ouve a música inúmeras vezes, aumentando o número de plays e consequentemente o sucesso daquele hit. As plataformas como TikTok e Instagram entregaram e promovem esses conteúdos que estão em alta, e refrões/trechos de alguns hits viralizam mais que o artista ou a música completa. O tiktok aproxima muitas pessoas com esses hits do universo da dança, cabe ao professor utilizar essa ferramenta como aliado em suas aulas". 

Mafe ainda revela os pedidos do momento entre seus alunos: "Todas da Luísa Sonza. Neste mês de abril darei quatro aulas do novo hit SentaDONA, ainda essa semana farei dois workshops de Envolver e ao longo do mês vamos dançar Kikada do Ano, o novo som da Lexa com o Léo Santana".

O DJ Ciro Iadocico conclui que uma canção pode mesmo ganhar ares de hit com a ajuda de uma coreografia: "Uma dança contagiante pode sim fazer com que uma música caia no gosto do público. Com o estouro das plataformas de vídeos curtos, os 'challenges' com coreografias têm tido cada vez mais o poder de divulgar e fazer uma música viralizar de forma orgânica". 


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