Cultura ganha mais força no digital

Cultura ganha mais força no digital

Pesquisa realizada pelo Itaú Cultural e Datafolha indica que, mesmo com o retorno das atividades presenciais, o público pretende manter consumo de conteúdos on-line

Camila Souza*

Dados mostram que 76% dos entrevistados se conectam todos os dias, assistindo a atrações e lives como o CP ao Vivo

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O setor cultural deve enfrentar novos desafios pelos próximos meses para oferecer atividades em dois ambientes: o físico e o virtual. De acordo com o levantamento “Hábitos Culturais II”, realizado em conjunto pelo Itaú Cultural e Datafolha, 80% do público que assistiu às apresentações de teatro, música e dança de forma on-line pretende seguir com a prática mesmo após acontecer a volta à normalidade. Os dados também apontam que a Internet democratizou o acesso às produções culturais e que esse consumo ajudou a melhorar a qualidade de vida dos brasileiros.

“O digital veio para ficar”, afirma o diretor do Itaú Cultural, Eduardo Saron. Para ele, oferecer atividades nos dois espaços será um grande desafio para o setor. Segundo a pesquisa, que ouviu 2.276 indivíduos em todo o país entre maio e junho, o consumo virtual aumentou no momento em que os brasileiros passaram a ficar mais conectados à Internet. Os dados mostram que 76% dos entrevistados passaram a se conectar todos os dias e o consumo de apresentações de teatro, dança e música disparou. No ano passado, 20% diziam que consumiam este tipo de atividade no ambiente on-line. Este ano, subiu para 40%. A migração do setor para o espaço virtual ampliou o acesso e o interesse do público pela cultura. Conforme a pesquisa, 72% dos entrevistados informaram que as atividades on-line permitiram acesso a produções culturais que, de outra forma, não seriam experimentadas. Esse aumento aconteceu especialmente entre os jovens de 16 a 24 anos.

Uma atividade que teve forte crescimento durante a pandemia foi a audição de podcasts. Em 2020, 24% dos entrevistados informaram que acessavam plataformas do gênero. Este ano, o índice subiu para 39%, um salto de 15 pontos percentuais.

Em meio às incertezas e sentimentos ruins causados pela pandemia, a arte se tornou um refúgio para muitas pessoas. No levantamento, 36% dos entrevistados relataram problemas de saúde mental em algum morador da residência. A região Sul foi a maior com incidência de casos (43%). E o impacto da cultura na qualidade de vida dos brasileiros é perceptível nos dados. Para 44% dos que realizaram ao menos uma atividade cultural ao longo dos últimos 12 meses, a iniciativa melhorou a qualidade de vida. “A cultura provou, durante a pandemia, que é um poderoso espaço de acolhimento e de promoção do bem-estar social, com forte impacto na saúde mental dos indivíduos”, avalia Saron.

Na volta à normalidade, o público dará preferência a atividades presenciais. Diante da oferta simultânea de shows de música ao vivo e on-line, 62% optariam pela experiência presencial. Essa modalidade também é a favorita em apresentações de circo, teatro ou dança, além de oficinas de arte, exposições e museus. A opção pelo presencial tem como principal motivação a retomada do convívio social. Mas a reabertura de espaços culturais não deve interromper a audiência no ambiente digital, formato que ganha cada vez mais destaque. Parte do público ainda deve escolher o consumo pela Internet, devido à comodidade e à flexibilidade de horário. Seja nos palcos, nos auditórios dos teatros ou nas plataformas digitais, o setor deve estar preparado para acolher um público ainda mais interessado pela cultura e em busca de novas experiências.

*Sob a supervisão de Luiz Gonzaga Lopes


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