Dama do samba celebra seus 50 anos de carreira

Dama do samba celebra seus 50 anos de carreira

A cantora, compositora e multi-instrumentista comemorou meio século de carreira no Auditório Araújo Vianna na última sexta-feira, 24

Leticia Pasuch e Victória Rodrigues*

Com recém completos 76 anos no dia 21 deste mês, a cantora celebrou meio século de carreira em noite repleta de grandes sucessos da trajetória

publicidade

Em um vestido prateado brilhoso, tão reluzente quanto o seu cabelo vermelho, Alcione marcou presença com sua voz irreverente no palco do Auditório Araújo Vianna na última sexta-feira, dia 24 de novembro. Com recém completos 76 anos no dia 21 deste mês, a cantora celebrou meio século de carreira de dedicação à música em uma noite repleta de grandes sucessos de sua trajetória. Com elegância e a potência reconhecida, Alcione foi ovacionada pelos fãs que lotaram o Auditório ansiosos pela sua chegada. Os ingressos foram esgotados rapidamente, e muitos optaram por assistir ao show de pé.

“A Alcione é meu tudo”. Assim descreve Roselaine do Amaral, de 57 anos, que levou uma camiseta da Estação Primeira de Mangueira - escola do coração de Alcione - na tentativa de conseguir um autógrafo. Com a blusa em mãos, Roselaine estava eufórica. “Eu limpo a casa escutando Alcione, vou no ônibus de fone escutando Alcione. Não se usa mais CD mas eu tenho CD, eu tenho fita cassete, tenho camisas da Mangueira autografadas por ela”, relata a dona de casa emocionada. 

 

Roselaine do Amaral tem camisetas da Mangueira autografadas por Alcione. Foto: Maria Eduarda Fortes / CP

 

“Vocês estavam com saudade de mim mesmo?”, perguntou Alcione à plateia aos risos. A noite começou com a entrada irreverente da cantora em um vestido longo prateado e um entrosamento já conhecido com a banda e com a plateia. O carro chefe foi a clássica “Primo do Jazz”, canção do álbum de sucesso Faz Uma Loucura Por Mim, lançado em 2004. Logo depois, a cantora dedicou o show a sua amiga Dona Miguelina, mãe do jogador Ronaldinho Gaúcho, que não perdia um show da artista em Porto Alegre. Alcione seguiu com “Além da Cama” e “Estranha Loucura”, músicas que marcaram décadas. 

Marrom cantou o show sentada, confortável para trabalhar a sua voz potente. Acompanhando a sonoridade, havia a banda composta por nove instrumentistas e duas vozes de apoio: Alexandre Magalhães (teclado), Álvaro dos Santos (violão), Paulo Raymundo (bateria), Eduardo Dias (baixo), Edson Guimarães (cavaco/bandolim), Rodrigo Sampaio (saxofone/flauta), Márcio Moreira (trompete), Carlos Nazareth (percussão), Ubiratan Rodrigues (percussão), Sylvia Nazareth e Maria Nazareth (vocais).

 

O show seguiu com clássicas como "Faz uma Loucura por Mim" e "Juízo Final". Foto: Maria Eduarda Fortes / CP

 

A apresentação seguiu com clássicas como "Faz Uma Loucura por Mim", "Sufoco/O Surdo", "Pior é que eu gosto" e "Juízo Final", canções que marcaram épocas e não há quem não conheça. Mal se podia escutar a voz de Marrom, pois a do público se sobressaía, público esse que atinge todas as gerações e comprovam que o grande destaque do samba carioca dos anos 70 ainda é atemporal. 

Os sucessos dos 50 anos de carreira da cantora fazem parte da vida de milhares de pessoas. O casal Cristiano Peres, de 36 anos, e Charlene Ferreira Nunes, de 41, tem uma admiração que ultrapassa a Alcione artista. Charlene se diz apaixonada pela história familiar da cantora, e admira a relação da cantora com a mãe. Quando conheceu Cristiano, ambos se viram com o mesmo gosto em comum. "Essa relação que ela teve com a família dela nos aproximou de alguma forma dela como cantora", relata Cristiano. O casal foi ao show pela primeira vez, e aguardavam escutar “Meu Ébano”, a música preferida do casal.

Alcione estava com uma tosse persistente ao longo das canções - algumas delas ela não conseguia concluir. Porém, mesmo com a dificuldade, seguiu o show normalmente, com uma energia inigualável. Em um telão, desfilavam as capas dos seus álbuns consagrados dos 50 anos de carreira. A voz do Brasil coleciona mais de 30 discos – destes, 26 de ouro, sete de platina e um vencedor de Grammy como Melhor Álbum de Samba/Pagode, em 2003. 

Lembrando suas raízes, como de costume, Alcione também reverenciou a Mangueira, escola de samba mais antiga de São Luís do Maranhão, cidade onde nasceu. A musa da verde e rosa cantou "A Negra Voz do Amanhã", samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira do Carnaval de 2024 que homenageia a cantora. No telão, sua imagem era projetada com as cores da escola, enquanto a cantora embalava a plateia com hits do carnaval. 

O final da apresentação se deu com o clássico “Não Deixe o Samba Morrer”, cantado a plenos pulmões pelos fãs. Os aplausos ininterruptos ao final do show de 1h20min provaram que, há meio século, a carreira de Alcione Dias Nazareth, nome oficial da cantora, está em pleno vapor e que o samba está mais vivo do que nunca. Marrom não economizou palavras para agradecer o carinho dos fãs gaúchos. Performou, em homenagem, “Canto Alegretense”, levando o público à loucura. 

*Supervisão de Luiz Gonzaga Lopes

Confira, abaixo, as fotos do show:


Mais Lidas

Guia de Programação: a grade dos canais da TV aberta deste sábado, dia 27 de abril de 2024

As informações são repassadas pelas emissoras de televisão e podem sofrer alteração sem aviso prévio

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895