Daniel Drexler lança disco "Uno" com arte, poesia e inspiração brasileira

Daniel Drexler lança disco "Uno" com arte, poesia e inspiração brasileira

Cantor deve chegar ao Brasil para turnê no segundo semestre de 2018

Marcos Santuário

Daniel Drexler lança disco "Uno" com arte, poesia e inspiração brasileira

publicidade

É impossível não relacionar o sobrenome ao irmão oscarizado, que já transita em solo brasileiro com a leveza e a poesia que transcende suas raízes familiares. Mas aqui o foco não é Jorge e sim Daniel. Outro Drexler que unifica dentro de si o chamado da Ciência, através da Medicina, com a poesia musicada que nasce de sua alma. Daniel, e os irmãos, beberam na fonte cultural de uma família uruguaia extremamente conectada com a cultura de um mundo globalizado (mesmo quando o termo ainda não fazia sucesso nos meios intelectuais).

E agora, ao lançar “Uno”, Daniel Drexler se diz, inteiramente “unificado”. “O sentido principal de ‘uno’ é do verbo unir, ‘uno’ do número um e uno do próprio eu”, revela em conversa desde Montevidéu, onde mora. E a explicação segue: “Basicamente falo de dois planos: um que tem o vigor do metafísico, como olhar para o céu e ter um pequeno momento de epifania, em que a gente sente que faz parte do todo, do universo; e outro, que tem a ver com o pessoal, o introspectivo”. O resumo é a união de seus territórios pessoais: a otorrinolaringologia, a arte e a poesia. “Depois de anos de sofrer com isso me dei conta de que aquela encruzilhada era para ver os vários caminhos possíveis”, resume.

E é essa unidade, revelada e reveladora que transparece neste que é o sétimo CD e que Daniel acaba de lançar, e com o qual começa uma turnê pelo Brasil. Do garoto que ouvia em sua casa uruguaia Tom Jobim, Dorival Caymmi, João Gilberto e Vinícius de Morais, ao músico maduro que hoje se diz interessado em viver a dimensão poética, muita cultura foi incorporada. “Os uruguaios têm a questão platina de estar na encruzilhada entre Argentina e Brasil, sendo o único país de fala espanhola da América do Sul que foi parte, em algum momento, da história do Brasil”, comenta. E a relação de Daniel com o Brasil é realmente antiga. “Tive sempre uma relação que foi muito unidirecional”, explica. “Do Brasil me influenciando sempre e eu jamais me imaginando fazendo trabalhos aí”.

A conexão se deu. Começou perto da fronteira do Rio Grande do Sul, com Uruguai e Argentina. Começou a partir de Pelotas, Rio Grande, Porto Alegre, Uruguaiana e Santa Maria. Hoje, ele desenvolve trabalhos, de forma consistente em lugares como São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. E não é à toa que a turnê vai passar, obrigatoriamente por estes locais. Começou em novembro no México. Lugar, aliás, onde o irmão Jorge, recentemente gravou seu novo trabalho. Depois das terras mexicanas, “Uno” desembarca na Argentina e na Espanha. E logo chega ao Brasil, com previsão para o segundo semestre do ano que vem.

Participação de brasileiros

Conhecedor e admirador de músicos da contemporaneidade sonora brasileira, Daniel Drexler festeja ter gravado “Uno”, tendo alguns destes nomes brasileiros com os quais desejava travar este “duelo artístico criativo”. O CD tem produção musical de Alexandre Kassin, e traz 12 músicas inéditas, incluindo as três que foram liberadas antes do lançamento, aproveitando o novo contexto das redes sociais: “Febril Remanso”, “Los Peones de la Guerra” e “Al Menos Un Segundo” (com participação de Marcelo Jeneci). Com 80% deste trabalho gravado no Rio de Janeiro, o restante do “humor” do CD foi completado entre ares uruguaios e argentinos. E a intuição do artista parece ter funcionado.

O pulso afro do candombe uruguaio sintoniza bem com o funk e o samba com os quais produz sua marca sonora. Percussão uruguaia somada ao talento brasileiro de nomes como Marcos Suzano. “Neste sentido este disco também é de unificação entre Montevidéu, Rio de Janeiro e Buenos Aires, um terreno que, penso, vai ser cada vez mais transitado”, aponta.

Perceptível, a conexão do trabalho deste Drexler com o Brasil também está em franco (ou seria hispano?) crescimento. “Estou começando a sentir todo o Brasil como sendo parte de minha pátria”, se emociona, lembrando que a casa da família, em La Paloma, Uruguai, segue reduto de encontros multiculturais, internacionais, de poéticas humanas e sonoridades criativas. Artistas brasileiros transitam pela terra dos Drexler, assim como eles ganham cada dia mais espaço no imaginário e no gosto brasileiro. “Quando vou ao Rio de Janeiro me perguntam sobre a cena musical gaúcha”, ri, com a leveza dos pequenos acontecimentos do cotidiano. Como em sua poesia.

Mais Lidas

Guia de Programação: a grade dos canais da TV aberta deste sábado, dia 27 de abril de 2024

As informações são repassadas pelas emissoras de televisão e podem sofrer alteração sem aviso prévio

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895