Disney enfrenta críticas por escalar atriz de origem indiana para filme de "Aladdin"

Disney enfrenta críticas por escalar atriz de origem indiana para filme de "Aladdin"

Na live-action, Naomi Scott vai interpretar a princesa Jasmine, que é árabe

Correio do Povo

Jovem de 24 anos será dirigida por Guy Ritchie

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Desde que fora anunciado como diretor do live-action de "Aladdin", Guy Ritchie comentou que estava com dificuldades para encontrar o elenco ideal para o filme. Foram mais de duas mil audições para que ele definisse o cast, mas os resultados não agraram a todos. Os estúdios Disney estão enfrentando uma série de críticas nas redes sociais em decorrência da escolha da atriz Naomi Scott para viver Jasmine no longa. A explicação está no fato de a história se passar no país fictício de Agrabah, que traz referências ao Oriente Médio tanto nos traços dos personagens, nas vestimentas e nos costumes, o que exigiria para muita gente a escalação de uma artista de origem árabe. Entretanto, a artista britânica de 24 anos tem origem indiana.

A representação de pessoas do Oriente no cinema é uma discussão que há muito tempo ronda Hollywood. Para muitos críticos, amparado nos estudos de pesquisadores das relações internacionais e da ciência política, trata-se de uma construção ocidental, baseada em estereótipos reducionistas, segundo os quais o oriental é sensual, vicioso, tirânico, retrógrado e exótico. “A relação entre o Ocidente e o Oriente é uma relação de poder, de dominação, de graus variáveis de uma hegemonia complexa", já escreveu Edward Said em seu livro "Orientalismo: O Oriente como invenção do Ocidente".

A revista Kajal Magazine, da Índia, usou esse argumento em sua crítica à decisão da Disney por optar por Naomi, dizendo que a cultura retratada no filme não é mesma do país e que "escalar uma 'atriz de cor', não significa não ser racista". "A fim de ter um filme que permita que jovens encontrem valor em suas culturas, em vez de sermos reduzidos a versões bidimensionais de Oriente e Ocidente, precisamos de especificidade sobre nossos países, cidades, até mesmo os pequenos detalhes de nossas comunidades", escreveu a jornalista Fatima Zehra.

"Eles pensam que tudo que não é branco é igual", escreveu um usário no Twitter, enquando outro disse que se sentia "extremamente chateado" com a Disney por ter escolhido "alguém que não representa nossa etnia e, por consequência, nossa cultura". "#Aladdin conto clássico árabe não terá árabes... Eu apenas... A Disney não conseguiu encontrar uma garota árabe... Tantos países árabes, mas não... #EstouCansada", twittou uma integrante da rede social.


Já Justin Charity, editor do site The Ringer, especializado em cultura, foi mais além e mencionou que o filme todo é feitos por brancos. "Apesar de a história ser ambientada no reino ficcional do Oriente Médio de Agrabah, e apesar de seus personagens humanos terem nomes árabes e persas, o elenco de voz do filme Aladdin original da Disney é branco. Deixando as etnias dos personagens do desenho de lado, nenhum árabe real esteve envolvido na realização deste filme", escreveu.

O longa ainda terá Mena Massoud como o protagonista que nomeia a produção. Nascido no Egito e criado no Canadá, ele fará seu primeiro grande filme no cinema em “Aladdin”. O ator tem no currículo participações ocasionais em algumas séries de televisão, entre elas “Nikita” e “The 99”, mas seu papel de maior destaque do ator foi na série canadense “Oper Heart”, em que interpretava o personagem recorrente Jared Malik, em 2015. O papel do Gênio ficara sob responsabilidade de Will Smith. O filme de Guy Ritchie começará a ser rodado em agosto, em Londres.

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