Documentário “Paisagem Concreta” celebra os 14 anos da Fundação Iberê

Documentário “Paisagem Concreta” celebra os 14 anos da Fundação Iberê

Exibição seguida de bate-papo com os diretores do filme e o arquiteto e pesquisador Calos Eduardo Comas ocorre na tarde deste sábado

Correio do Povo

Arquiteto português Álvaro Siza em frente à Fundação Iberê.

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“Paisagem Concreta” é o documentário com exibição neste sábado e domingo, às 17h, na Fundação Iberê (Padre Cacique, 2000) seguida de bate-papo com os diretores, Laura Artigas e Luiz Ferrás, e o arquiteto e pesquisador Carlos Eduardo Comas, vencedor do prêmio internacional Philip Johnson Exhibition Catalogue Award 2017, pelo catálogo da exposição “Latin American in Construction: Architecture 1955-1980”, realizada no MoMA, em Nova Iorque

Em Porto Alegre, a Fundação Iberê Camargo; na cidade do Porto, o escritório de Álvaro Siza, 88 anos, arquiteto em plena atividade e autor premiado projeto da sede da instituição, inaugurada em 31 de maio em 2008. Ao longo de 70 minutos, o documentário navega entre esses dois portos.  Para celebrar os 250 anos da capital gaúcha e os 14 anos do prédio, a Fundação Iberê promove o evento, com exibição especial do filme. “Paisagem Concreta” foi gravado, ao longo de 2020, pela Olé Produções (SP) para o Canal Arte1.

A Fundação é o único trabalho de Siza no Brasil e de efetivo impacto internacional desenvolvido a partir de 1998. Implantado num terreno de uma antiga pedreira desativada, às margens do lago Guaíba, tornou-se uma das imagens referenciais da cidade. Sua arquitetura capta o espírito angustiado e complexo de Iberê Camargo, materializado na espacialidade interna labiríntica de passarelas suspensas, em contraste com a abertura e regularidade das salas expositivas. O caráter expressionista e sombrio das obras do artista contrasta com a brancura do espaço. A escolha de Siza veio ao encontro do artista.

"Siza captou muito bem a personalidade do homenageado, conseguindo materializar em forma arquitetônica toda a angústia de Iberê. Só que, como num gesto de mútuo acordo, para não entrar em conflito com o dono da casa, fez isso em tons de branco e a uma distância respeitosa de suas telas. O edifício, nesse sentido, é praticamente dividido em dois. De um lado a complexidade e a tensão das formas, a 'metáfora do labirinto', e, de outro o 'cubo branco', o lugar onde repousam as carregadas telas de Iberê", recorda o arquiteto Flávio Kiefer, autor de “Fundação Iberê Camargo – Álvaro Siza”, um livro que documenta e analisa a história do prédio e o papel do projeto na trajetória de Siza, nas principais correntes do pensamento arquitetônico internacional e seu significado inovador na cultura museológica brasileira.

Álvaro Siza chegou a Porto Alegre, em maio de 2000, com a maquete do projeto pronta. “Temos que trabalhar como um alfaiate aqui”, disse à época, ao se referir à necessidade de ajustar um espaço museográfico condizente com as obras de Iberê. O terreno que abriga a fundação também era outra dificuldade para o arquiteto: "Estou trabalhando numa parte muito especial da cidade, com uma vista belíssima para o Guaíba, em um terreno localizado na encosta com vegetação e que tem quer ser ocupada por um edifício por não dispor de muito espaço. Isso criou uma grande dificuldade no projeto. Mas os projetos se desenvolvem melhor a partir de grandes dificuldades". Nesses 8.250 m² de área total, a construção de Siza também faz questão de reforçar a importância do entorno, com janelas emolduradas para o Guaíba como se fossem quadros vivos. Sua indicação é que os visitantes subam de elevador ao quarto andar assim que chegam ao museu. De lá, a própria construção irá guiar a visita e os andares devem ser descidos por rampas que entram e saem do corpo do edifício como se fossem braços.

Após a exibição, os diretores Laura Artigas e Luiz Ferrás conversam com o arquiteto e pesquisador Carlos Eduardo Comas, brasileiro vencedor do prêmio internacional Philip Johnson Exhibition Catalogue Award 2017, por conta do catálogo da exposição “Latin American in Construction: Architecture 1955-1980”, realizada no MoMA, em Nova Iorque. A mostra apresentou um levantamento sem precedentes da arquitetura moderna da América Latina.

Ricamente ilustrado com desenhos arquitetônicos, esboços vintage, além de fotografias comissionadas, o catálogo apresenta o trabalho de arquitetos que enfrentaram os desafios da modernização com soluções formais, urbanísticas e programáticas inovadoras. Hoje, quando a América Latina está novamente fornecendo uma arquitetura empolgante e desafiadora, a Latin America in Construction traz à luz esse período vital do pós-guerra.

Os limites entre a arquitetura e a natureza
Com vista para o rio D´Ouro, o arquiteto, entre um cigarro e outro, detalha o desenho do museu gaúcho, e sua relação afetiva com o Brasil, semeada desde a infância nos relatos de seu pai nascido em Belém (PA), cultivada pelo modernismo, pela MPB e pelas novelas. Também elabora sobre os limites entre a arquitetura e a natureza, acompanhado por um percurso visual de obras celebradas como as Piscinas das Marés, a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e o Museu Nadir Afonso, por depoimentos de colaboradores e críticos portugueses. 

Enquanto isso, do outro lado do oceano, apresentam-se os bastidores da montagem da exposição “Fio de Ariadne”, mostra inédita de cerâmicas e tapeçarias de Iberê Camargo, a reflexão de colaboradores da Fundação Iberê e arquitetos contemporâneos sobre o futuro dessa paisagem concreta fincada na beira do Guaíba.


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