Doença que "rouba" capacidade de se comunicar aposenta o cartunista Angeli

Doença que "rouba" capacidade de se comunicar aposenta o cartunista Angeli

Chargista, de 65 anos, foi diagnosticado com afasia; mesmo distúrbio neurológico que tirou Bruce Willis das telas de cinema

R7

Doença de Angeli causa perda da capacidade de expressão ou compreensão da linguagem

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O cartunista Angeli, de 65 anos, anunciou nesta quarta-feira (20), que vai se aposentar devido a um diagnóstico de afasia, um distúrbio neurológicos que se caracteriza por "roubar" a capacidade da pessoa se comunicar. A doença é a mesmo que afastou das telas do cinema o ator Bruce Willis, de 67 anos, no mês passado.

O chargista tem 51 anos de carreira e há 50 anos publicava coluna diária no jornal Folha de S.Paulo. Em comunicado nas redes sociais, ele anunciou o afastamento da publicação, mas que seguirá a produção de publicações e exposições da obra do desenhista e fez duas charges para representar o momento que vive. 

A afasia é um distúrbio neurológico que se caracteriza pela "perda parcial ou total da capacidade de expressar ou compreender a linguagem falada ou escrita", segundo o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento.

Ela afeta áreas do cérebro que controlam a linguagem e pode ser causada por acidente vascular cerebral, traumatismo craniano ou infecção no cérebro, mas nestes casos não piora com o tempo.

Já em pacientes que têm tumor cerebral, a doença costuma evoluir conforme o tumor cresce e pressiona as áreas do cérebro responsáveis pela linguagem.

Em casos de demência também é comum que os pacientes tenham piora nos quadros de afasia.

O Manual MSD lista os dois tipos principais de afasia: a de Wernicke (receptiva) e a de Broca (expressiva).

Na afasia de Wernicke, o paciente tem dificuldade para compreender a linguagem e a escrita.

"[Pessoas com afasia de Wernicke] costumam falar fluentemente e com um ritmo natural, mas as frases saem formuladas com palavras confusas (por vezes referidas como salada de palavras). Podem não saber que estão falando coisas sem sentido. A maioria das pessoas afetadas também é incapaz de ler palavras. Elas escrevem como falam — de forma fluente, mas incompreensível", explica.

A afasia de Broca atinge outra parte do cérebro, e as pessoas com esse distúrbio, em geral, compreendem o que se fala e sabem como desejam responder, mas têm dificuldade em encontrar palavras para se fazer entender.

"[Pessoas com afasia de Broca] articulam as palavras lentamente e com grande esforço, às vezes interrompidas por imprecações, mas o que dizem faz sentido para elas. Também não há ritmo nem ênfase normais da fala. Elas têm dificuldade em repetir frases. A maioria das pessoas afetadas também é incapaz de escrever palavras", acrescenta o manual médico.

O tratamento da afasia depende do fator associado à causa, do tamanho, da localização da lesão cerebral e da extensão do comprometimento da linguagem.

Em geral, os médicos buscam tratar a causa. Por exemplo, se houver um tumor, são feitas abordagens para reduzi-lo ao máximo, na expectativa de recuperar a área do cérebro responsável pela linguagem.

Também é utilizado tratamento com fonoaudiólogo, especialmente nos casos em que não há evolução da afasia.

Quando o paciente perde as habilidades básicas de linguagem, existe a possibilidade do uso de livros ou placas com imagens e símbolos para estabelecer uma comunicação com as pessoas do convívio próximo.


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