''Dona Eva vive'', diz secretário de Cultura de Porto Alegre
Eva Sopher faleceu às 19h10min de quarta-feira
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Alabarse conta que conheceu Dona Eva há pelo menos 40 anos. "Ela sempre teve um caráter a favor da arte, uma generosidade com os artistas, diretores, com os funcionários. Para mim, ela é e sempre será a maior referência da cultura neste Estado."
Para ele, Porto Alegre, Rio Grande do Sul e o Brasil têm uma dívida eterna pela obra, pelo exemplo de determinação, pela perseverança e pelo trabalho de resistência. "Nunca deixaremos de lembrar do seu exemplo de resistência pelo teatro e pelo São Pedro", finalizou.
Trajetória de Dona Eva
Eva Sopher nasceu no dia 18 de junho de 1923 em Frankfurt, na Alemanha. De origem judaica, aos 13 anos fugiu do regime nazista com sua família para o Brasil, e passou a residir em São Paulo. Em 1943, transferiu-se para o Rio de Janeiro, época em que conheceu e casou-se com Wolfgang Klaus Sopher, também imigrante alemão e grande incentivador das atividades da esposa. Juntos tiveram duas filhas, Renata e Ruth.
Anos depois, a família mudou-se para Porto Alegre, onde Eva Sopher fundou uma filial da Pro Arte, instituição que organizava eventos culturais internacionais. Assumiu em 1975 as obras de reconstrução do Theatro São Pedro, que estava interditado e em ruínas. Após nove anos de muito trabalho e dedicação, o TSP foi reaberto em 28 de junho de 1984 e continua em plena atividade até hoje.
Eva Sopher construiu uma equipe integrada, criou a Associação Amigos do Theatro São Pedro (1985), associação sem fins lucrativos que ajuda a manter a casa em perfeitas condições e como referência em todo o país. Também em 1985 inaugurou a Orquestra de Câmara Theatro São Pedro, que promove desde a música erudita à música popular brasileira, além de concertos gratuitos para estudantes. Dona Eva também idealizou o centro cultural Multipalco Theatro São Pedro, ao lado da casa centenária, viabilizando um novo espaço para apresentações e formação artística.
Ela é uma das maiores administradoras culturais do País. Seu trabalho no Theatro São Pedro é reconhecido em todo o Brasil e mesmo no exterior, sendo o exemplo mais recente a conquista da Medalha Goethe, recebida na Alemanha em 2015 - a primeira mulher brasileira a fazê-lo.