Eagles of Death Metal recorda atentado e quer tocar na reabertura do Bataclan

Eagles of Death Metal recorda atentado e quer tocar na reabertura do Bataclan

Na primeira entrevista do grupo, integrantes contam como escaparam da casa de shows

Correio do Povo

Eagles of Death Metal durante show no Bataclan, instantes antes dos ataques

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Quase duas semanas após os atentatos terroristas de Paris, o Eagles of Death Metal concedeu a primeira entrevista oficial, com todos os integrantes presentes, sobre o ataque que aconteceu no Bataclan enquanto o grupo norte-americano se apresentava. Na conversa para um jornalista da “Vice”, publicada nessa quarta-feira, a banda recorda, com detalhes, o que viveu na noite de 13 de novembro, e também diz que quer voltar a se apresentar na tradicional casa de shows da capital francesa.

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“Mal posso esperar por voltar a Paris. Mal posso esperar por tocar. Quero voltar. Quero que sejamos a primeira banda a tocar no Bataclan quando reabrir. Porque estava lá quando se fez silêncio por um minuto. Os nossos amigos foram lá ouvir rock n' roll e morreram. Eu quero voltar lá e viver”, afirma o vocalista e fundador do grupo, Jesse Hughes, já com planos de encerrar a turnê pela Europa. Ele também conta que chegou a procurar sua namorada, que estava nos bastidores, mas teve que sair correndo porque se deparou com um dos atiradores.

Ao longo dos 26 minutos de entrevista, falam também o guitarrista Eden Galindo, o baixista Matt McJunkins, o baterista Julian Dorio e o engenheiro de som Shawn Longo. Eles revelam o que viram da ação do Estado Islâmico e o que fizeram para sobreviver e sair do local o mais rápido possível.

Josh Homme, que também é um dos criadores do grupo, não estava na apresentação no Bataclan, mas também dá seu depoimento. Assim como Hughes, ele se mostra bastante emocionado, principalmente ao falar das vítimas, e ainda menciona que foi a primeira pessoa a quem os colegas informaram sobre o atentado. “Cara, todo mundo foi baleado. Todo mundo foi baleado. Eles têm reféns. Estou todo ensanguentado”, dizia a mensagem que recebeu.

Eden Galindo explica o que sentiu quando os tiros começaram. “Primeiro eu achei que a caixa de som estava estourando. Eu percebi rapidamente que não era isso, então entendi o que era. Não tinha certeza se éramos os alvos, ou o que estava acontecendo”, comenta sobre a confusão dos momentos iniciais. Julian Dorio continua descrevendo os acontecimentos: “A pólvora chegou ao meu nariz (....) Eu vi dois homens na frente, a coisa mais horrível que já vi, e eles estavam atirando implacavelmente na audiência. Eu me arrastei para o canto do palco”.

Já Matt McJukins diz que se escondeu em uma sala do Bataclan junto com outras pessoas durante certo tempo. “Alguém tinha deixado uma garrafa de champagne para um brinde após o show. Nós pegamos essa garrafa para usar (como uma arma). Era tudo o que a gente tinha”.

O engenheiro de som Shawn London, relata que ficou atrás de sua mesa de controle e que um terrorista atirou em sua direção. Ele diz que rapidamente se abaixou atrás do equipamento e, por isso, o atirador deve ter acreditado que ele havia morrido. “Eu acho que ele pensou que eu fui atingido. Ele ficou lá e continuou a atirar, atirar, massacrar, e só gritava 'Allah akbar'. E aí eu entendi o que estava acontecendo”, garante.

Os músicos também falam de Nick Alexander, agente de marketing que trabalhava nos shows da banda e que morreu no atentado. “Eu penso sobre Nick, que protegeu um amigo dele”, diz Josh Homme. “E ficou quieto e não gritou por ajuda, sangrou até a morte, porque ele não queria que ninguém mais fosse atingido”, acrescenta Jesse Hughes.

Campanha

Passado o impacto inicial da tragédia, o Eagles of Death Metal, que havia emitido um comunicado se mostrando horrorizado, está lançado uma campanha beneficente para as vítimas. Eles pedem que outros artistas toquem e façam covers da música “I love you all the time”, para que todos os lucros com direitos autorais e de execução sejam doados.

A ONG de Josh Homme, Sweet Stuff Foundation, também está recolhendo doações para as vítimas. Ele e Jesse Hughes dizem que fizeram uma lista com todas as vítimas do ataque. “São os fãs que não conseguiram sobreviver, cujas histórias nunca vão ser contadas”.

Questionado sobre o que diria para a família das vítimas, Homme foi claro: “acho que eu só quero me ajoelhar e dizer: 'Tudo o que vocês quiserem...' Não há nada para dizer de verdade, porque as palavras não dão conta disso tudo”, conclui.

Assista ao vídeo da entrevista:


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