Editor aponta momentos marcantes da cultura em 2014

Editor aponta momentos marcantes da cultura em 2014

Luiz Gonzaga Lopes fala sobre os aspectos que movimentaram o ano

Bruna Cabrera

O editor de cultura do Correio do Povo, Luiz Gonzaga Lopes

publicidade

Para o escritor e editor de cultura do Correio do Povo, Luiz Gonzaga Lopes, 2014 foi marcado por perdas e ganhos. Ok, todo o ano somos surpreendidos com a morte de personalidades que deixam uma gigante lacuna em suas áreas, mas em 2014, especialmente, algumas foram mais marcantes por estarem relacionadas a artistas que ainda continuavam protagonistas de suas criações.

Na literatura, por exemplo, a Capital não vai mais poder contar com a ilustre presença de Ariano Suassuna em sua tradicional Feira do Livro. Para Gonzaga, um dos motivos que deixam a saudade do poeta ainda mais latente é o de ele ainda estar na ativa quando morreu, aos 87 anos. “O Gabriel Garcia Marquez já estava retirado, com doença degenerativa. Como pessoa viva, podemos lembrar também do José Wilker, que tinha uma relação forte com o Festival de Cinema de Gramado. Era curador, mobilizou”, considera o editor.

• Relembre os principais fatos

Nesse âmbito, Gonzaga também aproveitou para dar os devidos créditos à Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), uma das mais importantes do segmento no país. Ele destaca na programação a ligação da literatura e dos 50 anos de ditadura militar brasileira. Já a Feira do Livro porto-alegrense marcou seu 60º aniversário com temas mais reais, como o jornalismo investigativo.

Na música, o ganho se deu com o show de Joan Baez, que fez renascer um período de luta por direitos e combate à ditadura. A norte-americana foi impedida de se apresentar em São Paulo em 1981, por conta dos reflexos do período militar e, em março, veio a Porto Alegre em apresentação inédita. Gonzaga destaca o fato como um momento de conexão entre os movimentos dos anos 60 interligados com a realidade black bloc de hoje. “Ela esteve no Woodstock, foi ela que impulsionou a carreira do Bob Dylan [Joan namorou o astro]. Joan trouxe uma conexão de um mundo que eu não vivi, mas queria ter tido a experiência”, revelou o editor.

No teatro, “Incêndios”, que teve dose dupla em Porto Alegre, foi a primeira investida de Gonzaga. “Apesar de não ter toda aquela técnica, é uma peça baseada num livro de uma intensidade incrível. A história é surpreendente e que bom que veio duas vezes”. Além disso, “Elis, A Musical” não poderia ficar de lado. “É de uma recriação de ambiente. Não fica tão biográfico e a atriz conseguiu, sem imitar, dar vida a Elis. Foi uma das melhores coisas que eu vi esse ano”, revelou.

Para finalizar, os centenários de duas mentes brilhantes da cultura gaúcha, que foram alvo de homenagens o ano inteiro: Iberê Camargo e Vasco Prado. “O Vasco teve exposição no Guion, de galeria, então foi uma mostra de acervo com venda. Foi interessante por isso, porque nós temos um mercado grande de galeristas aqui em Porto Alegre”, lembrou. Já a mostra sobre Iberê Camargo vai virar o ano aberta à visitação na Capital. Os cem anos do artista estão sendo lembrados na fundação homônima, de forma inédita, ocupando todos os espaços do edifício, até o dia 25 de março. É 2015 avançando com o pé direito.

Mais Lidas

Guia de Programação: a grade dos canais da TV aberta desta quarta-feira, dia 1 de maio de 2024

As informações são repassadas pelas emissoras de televisão e podem sofrer alteração sem aviso prévio

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895