Erico Verissimo pelo olhar de Streliaev

Erico Verissimo pelo olhar de Streliaev

Publicação com imagens do Estado homenageia os 70 anos da saga de ‘O Tempo e o Evento’

Carolina Santos*

O livro ‘O Rio Grande de Erico Verissimo – Edição Especial’ conta com 575 fotografias feitas no Rio Grande do Sul

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A descrição detalhada do “poeta retratista” Erico Verissimo dá suporte para as expedições do fotógrafo Leonid Streliaev pelo Rio Grande do Sul. Entre a Mata Atlântica e os Pampas os “cenários reais e personagens imaginários” dos textos de Verissimo são capturados no mais recente livro de Streliaev: “O Rio Grande de Erico Verissimo – Edição Especial”. As 575 fotos de todo o Estado são acompanhadas de citações da obra “O Tempo e o Vento” e depoimentos de diversas personalidades.

A publicação é uma homenagem aos 70 anos da obra de Erico Verissimo, para quem o fotógrafo já havia feito um tributo em 2005. Na ocasião, recebeu o prêmio “Livro do Ano”, com um júri composto pela Câmara Riograndense do Livro. 

Na nova versão, Streliaev mostra um Rio Grande mais atual. “O enfoque é mostrar o hoje sem culpa nenhuma. É uma transição no tempo”, comenta o fotógrafo sobre a diferença mais marcante entre as duas publicações. Ele conta como suas viagens eram acompanhadas da trilogia “O Tempo e o Vento” - que narra 200 anos do processo de formação do Estado: “eu ia fotografando com as frases na cabeça”, lembra. Durante suas excursões fotográficas procurava os “retratos” que Erico pintava em palavras, “ele descrevia o rio grande com precisão: as cores do crepúsculo, muito pampa, o campo, as distâncias, o vento”, explica Leonid. 

Cerca de 30% das fotos ele já havia feito, “o pôr do sol não muda, então essas fotos não tive que atualizar”. As outras foram tiradas entre 2020 e 2021, quando explorou o interior do RS. 

Streliaev conta como sua luz favorita é a do outono, a qual chama de “Luz Meridional”. “Gosto das cores do céu ao amanhecer ou entardecer. Para mim a cor dá uma outra dimensão”, relata. O fotógrafo chegou a ser amigo próximo de Verissimo, quando trabalhou para a revista Veja. Lá teve a oportunidade de o fotografar. Streliaev lembra que ao combinar o dia para a sessão de fotos, Verissimo falou: “Vem me fotografar no entardecer, porque os tons do fim de tarde lembram os trigais maduros de Cruz Alta”, frase que o impactou profundamente, revelando como o escritor não deixava a poesia de lado. A partir daí começou a ser chamado pelo escritor de “fotógrafo oficial”. Durante esta época, era convidado para jantares, com a presença de personagens ilustres da cultura brasileira, como Ulysses Guimarães, Paulo Brossard e Clarisse Lispector. “Ele gostava de receber pessoas para conversar, era um verdadeiro contador de histórias”, comenta. 

A primeira pessoa que recebeu a obra de Streliaev foi o filho de Erico, Luis Fernando Verissimo, que escreveu a abertura da obra, relembrando a relação de amizade entre seu pai e o fotógrafo. A obra pode ser adquirida no site: leonid.com.br.

Com 50 anos de carreira Leonid Streliaev já publicou 21 livros e recebeu diversos prêmios, como o título de “Fotógrafo Brasileiro do Ano”. Vale lembrar que no sábado, dia 8 de janeiro é comemorado o dia do Fotógrafo, considerada a data em que a primeira câmera fotográfica chegou ao Brasil, em 1840.

*Sob supervisão de Adriana Androvandi


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