Escritor paquistanês Tariq Ali critica Obama e Dilma

Escritor paquistanês Tariq Ali critica Obama e Dilma

Jornalista e ativista está na Feira do Livro de Porto Alegre para mesa de autógrafos

Luiz Gonzaga Lopes / Correio do Povo

Escritor paquistanês Tariq Ali critica Obama e Dilma

publicidade

O escritor, jornalista e ativista paquistanês Tariq Ali, 68 anos, participa da 57ª Feira do Livro de Porto Alegre nesta terça-feira. Ele fala sobre o livro "A Noite da Borboleta Dourada", o quinto e último da série Quinteto Islâmico, na Sala dos Jacarandás. Em Olinda, na Fliporto, domingo à noite, Ali atacou Barack Obama (sobre quem escreveu no livro "The Obama Syndrom" , 2010), os Estados Unidos, Israel, Lula, Fernando Henrique Cardoso, as autoridades paquistanesas, defendendo o direito do Irã de ter a sua bomba nuclear. Ele já esteve na Capital em 2003 e 2005 para o Fórum Social Mundial.

Diferentemente de "O Livro de Saladino" ou "O Sultão de Palermo", a mais novo livro do escritor trata da China dos séculos XX e XXI, a partir de uma obra solicitada ao narrador Dara, sobre um pintor de Lahore, Paquistão, apelidado de Platão. Para pagar a dívida com o artista plástico, ele necessita contar a história de Platão. Pela obra, desfilam personagens como Alice Stepford, Latif e Jindie, a Borboleta Dourada, que foi o primeiro amor de Dara. Tariq autografa às 17h30min, na Praça Central de Autógrafos. Nesta quarta, o autor palestra às 18h30min na Câmara Municipal de Porto Alegre durante o debate: "De 1968 aos Indignados de 2011", promovido pela Frente Parlamentar de Incentivo à Leitura e Câmara Municipal de Porto Alegre.

Em entrevista ao Correio do Povo, Tariq Ali fala do livro que lança em Porto Alegre, da política do presidente Barack Obama, da Capital como símbolo dos ventos sociais de mudança durante o Fórum Social Mundial e do governo Dilma.

Correio do Povo - Qual a diferença de "A Noite da Borboleta Dourada" em relação aos outros quatro livros do Quinteto Islâmico?

Tariq Ali - A diferença é que se passa nos dias de hoje, nos séculos XX e XXI. Não é um romance histórico, é um romance que atravessa algumas fases da história recente do Paquistão e da China. De repente, se volta ao passado, há um capítulo sobre o século XIX na província de Yunnan. Tenho muitos amigos chineses e queria escrever uma história na qual a China e a sua cultura estivessem presentes. A personagem que conduz a história é Jindie, que traduzido do chinês quer dizer Borboleta Dourada. Ela não é a heroína, é uma imigrante chinesa em Lahore, no Paquistão

Correio do Povo - Qual a sua opinião sobre a política praticada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama?

Tariq Ali - A minha visão sobre Obama é bem clara e está no livro "The Obama Syndrom" (2010). É um presidente americano que representa o projeto da máquina de Chicago. Ele é a continuação do governo Bush filho, de Clinton, de Bush pai. Não há nenhuma mudança. Ele representa o sistema econômico de Wall Street e mantém situações de ocupação ao redor do mundo, principalmente no Oriente.

Correio do Povo - O movimento "Occupy Wall Street" é uma resposta interna dos americanos a esta política?

Tariq Ali - A resposta está preparada apenas contra Obama. É um movimento somente contra Obama. É criado por algumas pessoas e de alguma maneira é estúpido, pois não atinge o todo, que é o sistema. A polícia está sendo bastante hostil em Nova York e foi em Oakland, onde estive palestrando há umas duas semanas. Os movimentos devem ser contra o establishment, contra a corrupção, contra quem está por trás disto tudo. Esta é a verdade que o mundo deve saber e contra quem se insurgir.

Correio do Povo - Há algum tema ou algum livro a ser escrito?

Tariq Ali - Meu novo livro tem o título provisório "The Last Empire - America in 21st Century". Sairá pela editora Metropolitan Holt, de Nova York. Fala destas questões que abordamos antes. Devo finalizá-lo até a metade de 2012. Estou trabalhando também em três outros livros, mas não posso adiantar nada.

Correio do Povo - O senhor esteve em Porto Alegre para o Fórum Social Mundial em 2003 e 2005. O que a cidade significa para o senhor?

Tariq Ali - Porto Alegre tornou-se uma cidade símbolo de pensamento crítico no mundo. Quando nada estava acontecendo no início do século XXI, o Fórum Social Mundial abriu os olhos das pessoas, deu voz aos movimentos sociais. Estive no evento após a vitória de Lula no Brasil e de Chavez na Venezuela. O Fórum em Porto Alegre foi muito importante para assegurar que as pessoas pudessem pensar numa alternativa contra o domínio do império americano e do capitalismo.

Correio do Povo - Como o senhor avalia o governo Dilma até então?

Tariq Ali - Dilma basicamente segue a política de Lula, que seguiu a de Cardoso (Fernando Henrique) com algumas mudanças. Acredito que um governo não possa sobreviver só de Bolsa Família. Ela está atenta aos casos de corrupção no seu governo e tentando limpar o estábulo, mas são tantos cavalos. Há outras questões que precisam ser tratadas com seriedade como o caso dos alimentos geneticamente modificados e pensar numa educação de qualidade para formar cidadãos com um bom nível. Deve se movimentar o dinheiro para obras, tudo bem, mas as verbas para educação deveriam ser maiores. Sem educação, não se resolve os problemas. A polícia pode invadir a Rocinha, no Rio, capturar os traficantes, mas somente a educação resolverá o problema a longo prazo.




Bookmark and Share

Mais Lidas

Guia de Programação: a grade dos canais da TV aberta desta quarta-feira, dia 1 de maio de 2024

As informações são repassadas pelas emissoras de televisão e podem sofrer alteração sem aviso prévio

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895